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INDIGNADOS COM O MUNDO, TRANSTORNADOS COM O INSTITUCIONALISMO: A GEOGRAFIA DO UNDERGROUND CRISTÃO BRASILEIRO NA ERA PÓS-SECULAR E PÓS-CRISTÃ

Diogo da Silva CARDOSO

Resumo


Este artigo é uma continuidade das reflexões já em curso sobre o underground cristão, novo movimento religioso de cariz juvenil que tem como suporte social e estético a atuação performática a partir da arte e da cultura secularizadas (hip-hop, heavy metal, indie, clubber, punk). Adotando um estilo de vida pós-moderno, esses jovens cristãos “descolados” buscam meios de se inserir nas redes jovens do cotidiano social e, em certa medida, se autopromover tanto na comunidade eclesial como nas cenas artísticas independentes (underground, por exemplo). Entender os motivos e implicações dessas novas comunidades confessionais é entender a nova dinâmica religiosa que perfaz a religiosidade juvenil pós-moderna, onde o cosmopolitismo e a estetização são as palavras de ordem, itens obrigatórios do indivíduo assecla e do território religioso alternativo que intenta ser uma heterotopia, isto é, um espaço que carrega as marcas de um mundo em profunda mudança, onde o não-diálogo com o extramuros é considerado heresia e qualquer forma de pensar e agir não que não seja jovem é tido como obsoleto.

Palavras-chave


underground cristão; juventude; religiosa; pós-secular; comunidades de afeto e sentido; gêneros musicais alternativos.

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DOI: http://dx.doi.org/10.5380/raega.v27i0.30421