O CAMPONÊS E SEU CORPO
DOI:
https://doi.org/10.5380/rsocp.v0i26.8106Palavras-chave:
celibato, casamento, campesinato, habitus, cultura local, relações de gênero, Béarn, bachelorhood, marriage, peasantry, village culture, gender relations, France, célibat, paysannerie, culture locale, relations de genre,Resumo
Baseado em um estudo da cidade em que passou a infância (no Béarn, no Sudoeste da França), realizado
nos anos 1960, combinando história, estatística e etnografia, o autor demonstra como as posições econômicas
e sociais influenciam no crescimento da taxa de celibato em uma sociedade camponesa baseada na
primogenitura graças à mediação da consciência incorporada que os homens adquirem de sua posição
social. A cena de um baile local em que os solteiros reúnem-se à parte serve para iluminar e dissecar o
choque cultural entre o campo e a cidade e a conseqüente desvalorização dos jovens do campo quando as
categorias urbanas de julgamento penetram no mundo rural. Como sua educação e sua posição social leva
as jovens a serem sensíveis à “apresentação” (aparência, vestimenta, porte, comportamento), bem como
abertas aos ideais urbanos, elas assimilam os padrões culturais vindos da cidade mais rapidamente que os
rapazes, o que condena os últimos a serem medidos por metros que os desvalorizam aos olhos de suas
potenciais cônjuges. Como o camponês internaliza, por seu turno, a imagem desvalorizada que os outros
formam de si a partir das categorias urbanas, ele passa a perceber seu próprio corpo como um corpo
“encamponizado” [“em-peasanted”], carregado dos traços das atividades e das atitudes associadas à vida
rural. A má consciência que ele tem de seu corpo leva-o a romper a comunhão com ele e a adotar uma atitude
introvertida que amplifica a vergonha e o sem-jeito produzidos pelas relações sociais marcadas pela extrema
segregação dos sexos e pela repressão do compartilhamento das emoções.
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