SEGUINDO PIERRE BOURDIEU NO CAMPO
DOI:
https://doi.org/10.5380/rsocp.v0i26.8102Palavras-chave:
Pierre Bourdieu, etnografia, Argélia, Béarn, campesinato, habitus, ethnography, Algeria, peasantry, ethnographie, Algérie, paysannatResumo
Prestar atenção aos primeiros estudos de campo de Pierre Bourdieu, conduzidos concomitantemente na Argélia colonial e na sua aldeia natal no Béarn, no sudoeste francês, permite avaliar sua abordagem sociológica e seus resultados científicos numa nova chave interpretativa. Eles revelam as raízes etnográficas gêmeas da sua empresa teórica, dissolvem a figura caricatural do "teórico da reprodução", indiferente à mudança histórica, e afastam a ficção acadêmica do "teórico da prática". Mostram como as inovações conceituais de Bourdieu (como o conceito de habitus) eram guiadas por questões de pesquisa de campo centradas na transformação social, na disjunção cultural e na divisão da consciência. A utilização de cada local como um laboratório vivo para analisar de modo cruzado o outro local, permitiu a Bourdieu descobrir a especificidade da "universalmente pré-lógica lógica da prática" e levou-o a romper com o paradigma estruturalista. Ligar seus estudos de juventude na Cabília e no Béarn revela ainda que pressagiando o "repatriamento" da Antropologia depois do encerramento da era imperial, Bourdieu revogou a concepção dominante da Etnografia como uma exploração heróica da alteridade, sendo o pioneiro no desenvolvimento da Etnografia multissituada como um meio de controle da construção do objeto de pesquisa. Os estudos de campo sobre a estrutura social e sobre o sentimento na colônia longínqua e na terra natal, não só apagam na prática a divisão disciplinar entre Sociologia e Antropologia, como também demonstram que se pode conduzir Etnografia “insider” e reconhecer a inserção social e a subjetividade dividida do pesquisador sem, para tal, reduzir a Etnografia ao ato de contar histórias e sem abandonar a teoria à poesia.
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