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OS USOS AMBÍGUOS DO ARGUMENTO DO CONFLITO EM MAQUIAVEL E ARISTÓTELES

Raul Francisco Magalhães

Resumo


O artigo apresenta uma reflexão sobre a necessidade do uso de uma argumentação ambígua para tratar otema do conflito em dois autores clássicos: Maquiavel e Aristóteles. A idéia é que ambos os autores foramforçados a discutir o tema do conflito social de maneira ambivalente, em um momento segundo uma diretrizcomum e criticando o conflito como a perdição da ordem e, em outro, vendo o conflito como uma força capazde levar a uma forma superior de ordem política. De fato, em Aristóteles, o conflito pode tanto ser causageradora de estabilidade de classes e de constituição para a forma virtuosa da democracia (a politéia)quanto da instalação da decadência na ordem constitucional. Em Maquiavel, o conflito é causa da liberdadeque sustenta a república, tendo Roma como modelo, e também da infindável desagregação da república,tendo Florença como modelo. A sugestão para o debate é que essa ambigüidade, no caso, é radicada nanecessidade de compatibilizar uma característica metafísica do quadro analítico desses autores, ou seja, otempo circular da história, contraposto aos requerimentos analíticos empíricos que deveriam ser explicadospelas teorias do autor grego e do italiano. A comparação entre Maquiavel e Aristóteles baseia-se nofato de ambos terem, a despeito das enormes diferenças entre suas obras, enfrentado um tema comum, ou sejaa noção de circularidade da história como um problema para resolver leituras mais realistas sobre oconflito de classes.

Palavras-chave


Maquiavel; Aristóteles; argumentação; conflito

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