Open Journal Systems

AVALIAÇÃO DOS RISCOS DE SECAS NA REGIÃO METROPOLITANA DE SÃO PAULO

Pedro Augusto Breda Fontão, Jesús Vargas Molina, Pilar Paneque Salgado

Resumo


O presente estudo buscou investigar e avaliar os riscos de secas na Região Metropolitana de São Paulo, no intuito de identificar a frequência destes eventos extremos e a vulnerabilidade em um ambiente urbano, e assim, contribuir com orientações e medidas que poderão auxiliar no planejamento e gerenciamento de riscos e dos recursos hídricos. Para tanto, diferenciou-se o conceito de seca em quatro categorias (meteorológica, hidrológica, agrícola e socioeconômica) e avaliou-se a recorrência desses eventos a partir do Standardized Precipitation Index (SPI). Em específico, o artigo optou por detalhar os dois últimos episódios de seca na região, dando ênfase para averiguar a Crise Hídrica de 2014-2015, e para tanto, foi realizada uma análise dos dados de armazenamento hídrico nos sistemas de abastecimento urbano, produção hídrica e consumo mensal de água na metrópole, além de examinar reportagens de jornais locais para avaliar os eventuais impactos à população. Por fim, verificou-se que as secas meteorológicas são frequentes ao longo do tempo na metrópole, e o fator climático acabou por favorecer tais eventos e motivar uma série de distúrbios e efeitos de ordem hidrológica e socioeconômica e, diante disso, deve-se levar em conta tal exposição, sensibilidade e vulnerabilidades existentes no gerenciamento de riscos naturais.


Palavras-chave


escassez; recursos hídricos; Sistema Cantareira; SPI; RMSP.

Texto completo:

PDF

Referências


AGUDO, P. A. La nueva cultura del agua del siglo XXI. Zaragoza-España: Sociedad Estatal Zaragoza Expoagua, 2008.

ALMEIDA, L. Q.; CARVALHO, P. F. Representações, riscos e potencialidades de rios urbanos: análise de um (des) caso histórico. Caminhos de Geografia, v. 11, n. 34, 2010.

ANA. Atlas Brasil: abastecimento urbano de água: panorama nacional. Brasília: Agência Nacional de Águas; Engecorps/Cobrape, 2010.

BRAGA, B. Deveríamos economizar água desde 2004. O Estado de São Paulo, São Paulo, Metrópole, p. 22, 20 fev. 2014.

BRASIL. Lei no 9.433, de 8 de janeiro de 1997. Institui a Política Nacional de Recursos Hídricos, Cria o Sistema Nacional de Gerenciamento de Recursos Hídricos, e Dá Outras Providências. Brasília: Diário Oficial da União, 1997.

BUKOWSKI, J. The science-policy interface: perceptions and strategies of the Iberian 'new water culture' expert community. Water Alternatives, v. 10, n. 1, p. 1-21, 2017.

BUKOWSKI, J. A “new water culture” on the Iberian Peninsula? Evaluating epistemic community impact on water resources management policy. Environment and Planning C: Government and Policy. vol. 35, n. 2, p. 239–264, 2016.

BUURMAN, J.; MENS, M. J. P.; DAHM, R. J. Strategies for urban drought risk management: a comparison of 10 large cities. International Journal of Water Resources Development, v. 33, n. 1, p. 31-50, 2017.

CAPOBIANCO, J. P. R.; WHATELY, M. Billings 2000: ameaças e perspectivas para o maior reservatório de água da região metropolitana de São Paulo. relatório do diagnóstico socioambiental participativo da bacia hidrográfica da Billings no período 1989-99. São Paulo: Instituto Socioambiental, 2002.

CHECCO, G. B. Análise da gestão hídrica em São Paulo à luz do referencial de Joan Subirats. Revista de Políticas Públicas, v. 21, n. 2, p. 939-958, 2018.

CRAUSBAY, S. D. et al. Defining Ecological Drought for the Twenty-First Century. Bulletin of the American Meteorological Society, v. 98, n. 12, p. 2543-2550, 2017.

CUSTÓDIO, V. A crise hídrica na região metropolitana de São Paulo (2014-2015). GEOUSP: Espaço e Tempo, v. 19, n. 3, p. 445-463, 2015.

DAEE. Departamento de Águas e Energia Elétrica do Estado de São Paulo. Disponível em: . Acesso em: 02 de fevereiro de 2020.

DE NYS, E.; ENGLE, N. L.; MAGALHÃES, A. R. Secas no Brasil: política e gestão proativas. Brasília, DF: Centro de Gestão e Estudos Estratégicos-CGEE, 2016.

EMPLASA. Empresa Paulista de Planejamento Metropolitano. Disponível em: . Acesso em: 10 de fevereiro de 2020.

ESLAMIAN, S.; OSTAD-ALI-ASKARI, K.; SINGH, V. P.; DALEZIOS, N. R.; GHANE, M.; YIHDEGO, Y.; MATOUQ, M. A review of drought indices. International Journal of Constructive Research in Civil Engineering (IJCRCE), v. 3, n. 4, p. 48-66, 2017.

FAVERO, E.; DIESEL, V. A seca enquanto um hazard e um desastre: uma revisão teórica. Aletheia, n. 27, p. 198-209, 2008.

FELIX, P. Falta d'água atinge até os bebedouros do Parque do Ibirapuera. O Estado de São Paulo, São Paulo, Metrópole, p. 18, 15 out. 2014.

FONTÃO, P. A. B. Variações do ritmo pluvial na Região Metropolitana de São Paulo: reflexos no armazenamento hídrico e impactos no abastecimento urbano (Tese de Doutorado). UNESP, Rio Claro, 2018.

FONTÃO, P. A. B.; ZAVATTINI, J. A. A 'crise hídrica' na Região Metropolitana de São Paulo: análise da variabilidade pluvial e a repercussão hídrica no Sistema Cantareira. Estudos Geográficos, v. 17, n. 1, p. 43-54, 2019.

GERAQUE, E. Empresas de São Paulo não têm plano para seca. Folha de São Paulo, São Paulo, Cotidiano, p. 6, 21 nov. 2014.

INMET. Instituto Nacional de Meteorologia. Disponível em: . Acesso em: 07 de fevereiro de 2020.

JACOBI, P. R. Dilemas socioambientais na gestão metropolitana: do risco à busca da sustentabilidade urbana. Revista de Ciências Sociais-Política & Trabalho, v. 25, 2006.

JACOBI, P. R.; BARBI, F. Democracia e participação na gestão dos recursos hídricos no Brasil. Revista Katálysis, v. 10, n. 2, p. 237-244, 2007.

KOBIYAMA, M.; MENDONÇA, M.; MORENO, D. A.; MARCELINO, I. P. V. O.; MARCELINO, E. V.; GONÇALVEZ, E. F.; BRAZETTI, L. L. P.; GOERL, R. F.; MOLLERI, G. S. F.; RUDORFF, F. M. Prevenção de desastres naturais: conceitos básicos. Curitiba: Organic Trading, 2006.

MAGALHÃES JR., A. P. A nova cultura de gestão da água no século XXI: lições da experiência espanhola. São Paulo: Ed. Blucher. 2017.

MCKEE, T. B.; DOESKEN, N. J.; KLEIST, J. The relation of drought frequency and duration to time scales. Proceedings of the Eighth Conference on Applied Climatology, American Meteorological Society, p. 179-184, 1993.

MEKONNEN, M. M.; HOEKSTRA, A. Y. Four billion people facing severe water scarcity. Science Advances, v. 2, n. 2, p. e1500323, 2016.

MENDONÇA, F. A. Riscos e Vulnerabilidades socioambientais urbanos a contingência climática. Mercator, v. 9, n. 1, 2010.

MISHRA, A. K.; SINGH, V. P. A review of drought concepts. Journal of Hydrology, v. 391, n. 1, p. 202-216, 2010.

MONTEIRO, C. A. F. (Org.) A construção da Climatologia Geográfica no Brasil. 1ª Edição. Campinas, SP: Editora Alínea, 2015.

PANEQUE, P. Drought Management Strategies in Spain. Water, v. 7, n. 12, p. 6689-6701, 2015.

PANEQUE, P.; VARGAS, J. Drought, social agents and the construction of discourse in Andalusia. Environmental Hazards: Human and Policy Dimensions, vol. 14, n. 3, p. 224-235, 2015.

PEDRO-MONZONÍS, M.; SOLERA, A.; FERRER, J.; ESTRELA, T.; PAREDES-ARQUIOLA, J. A review of water scarcity and drought indexes in water resources planning and management. Journal of Hydrology, v. 527, p. 482-493, 2015.

PEREIRA, L. S.; CORDERY, I.; IACOVIDES, I. Coping with water scarcity. Paris: UNESCO e IHP-VI, 2002.

PORTO, R. L.; PORTO, M. F. A.; PALERMO, M. A ressurreição do volume morto do Sistema Cantareira na Quaresma. Revista DAE, v. 197, p. 18-25, 2014.

QUIRING, S. M. Developing objective operational definitions for monitoring drought. Journal of Applied Meteorology and Climatology, v. 48, n. 6, p. 1217-1229, 2009.

REINACH, F. Ressuscitando morto com caneta. O Estado de São Paulo, São Paulo, Metrópole, p. 95, 10 mai. 2014.

RIBEIRO, W. C. Geografia política da água. São Paulo: Annablume Editora, 2008.

RIBEIRO, W. C. Oferta e estresse hídrico na Região Metropolitana de São Paulo. Estudos Avançados, v. 25, n. 71, p. 119-133, 2011.

ROSS, J. L. S. Problemas ambientais das regiões metropolitanas: as águas na grande São Paulo. Sociedade e Território. v. 20, n. 2, p. 335-346, 2008.

SABESP. CHESS – crise hídrica, estratégia e soluções da Sabesp para a Região Metropolitana de São Paulo. São Paulo: Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo - SABESP, 2015.

SABESP. Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo. Disponível em: . Acesso em: 20 de janeiro de 2020.

SAURÍ, D.; DEL MORAL, L. Recent developments in Spanish water policy. Alternatives and conflicts at the end of the hydraulic age. Geoforum, v. 32, n. 3, p. 351-362, 2001.

SILVA, R. T.; PORTO, M. F. A. Gestão urbana e gestão das águas: caminhos da integração. Estudos Avançados. v.10, n.47, p. 129-145, 2003.

SONNETT, J. et al. Drought and declining reservoirs: comparing media discourse in Arizona and New Mexico, 2002-2004. Global Environmental Change, v. 16, p. 95-113, 2006.

TUNDISI, J. G. Novas perspectivas para a gestão de recursos hídricos. Revista USP, n. 70, p. 24-35, 2006.

VARGAS, J.; PANEQUE, P. Challenges for the integration of water resource and drought-risk management in Spain. Sustainability, v. 11, n. 2, p. 308, 2019.

WHATELY, M.; CUNHA, P. Cantareira 2006: um olhar sobre o maior manancial de água da Região Metropolitana de São Paulo. São Paulo: ISA, 2007.

WHATELY, M.; DINIZ, L. T. Água e esgoto na grande São Paulo: situação atual, nova lei de saneamento e programas governamentais. São Paulo: Instituto Socioambiental, 2009.

WHATELY, M.; CAMPANILI, M. O século da escassez: Uma nova cultura de cuidado com a Água: Impasses e Desafios. São Paulo: Editora Schwarcz-Companhia das Letras, 2016.

WILHITE, D. A. Drought management and policy: Changing the paradigm from crisis to risk management. European Water, v. 60, p. 181-187, 2017.

WILHITE, D. A.; BUCHANAN-SMITH, M. Drought as hazard: understanding the natural and social context”. In: WILHITE, D. A. (Ed.). Drought and Water Crisis: Science, Technology, and Management Issues. Boca Raton, LA: Taylor & Francis, p. 3-29, 2005.

WILHITE, D. A.; GLANTZ, M. H. Understanding the drought phenomenon: the role of definitions. Water International, v. 10, n. 3, p. 111-120, 1985.

WWAP. Programa Mundial de las Naciones Unidas de Evaluación de los Recursos Hídricos – ONU-Agua. Informe Mundial de las Naciones Unidas sobre el Desarrollo de los Recursos Hídricos 2018: Soluciones basadas en la naturaleza para la gestión del agua. Paris: UNESCO, 2018.

ZARGAR, A.; SADIQ, R.; NASER, B.; KHAN, F. I. A review of drought indices. Environmental Reviews, v. 19, p. 333-349, 2011.




DOI: http://dx.doi.org/10.5380/raega.v55i0.77449