DELIBERAÇÃO E CONTROLE SOCIAL: UM PERFIL DOS CONSELHOS ESTADUAIS DE POLÍTICAS PÚBLICAS NO NORDESTE BRASILEIRO

Autores

  • André Luis Nogueira da Silva Universidade Federal do Rio Grande do Norte
  • Damião Ernane de Souza IBGE

DOI:

https://doi.org/10.5380/recp.v4i1-2.33647

Palavras-chave:

democracia deliberativa, controle social, conselhos estaduais de políticas públicas

Resumo

A redemocratização e a definição de um novo modelo federativo brasileiro promoveram uma profunda modificação no sistema político nacional pós-1988, com a instituição de três entes federados, criação de novos arranjos institucionais e a inserção de novos atores sociais nas etapas de planejamento, formulação e monitoramento das ações governamentais. Grande parte dos estudos que tratam sobre as instituições participativas brasileiras focalizam a esfera municipal, havendo carência de pesquisas sobre os governos estaduais, seu modo de funcionamento, áreas de atuação e existência de controle social. Em 2012, o IBGE realizou a ESTADIC (Pesquisa de Informações Básicas Estaduais) na qual foram coletadas informações nas 27 Unidades da Federação no primeiro semestre de 2012. O levantamento trouxe inúmeras informações que favorecem o entendimento sobre esta esfera de governo. Partindo dela, este estudo propõe-se a esboçar um perfil dos Conselhos estaduais de políticas públicas, analisando suas características à luz da teoria deliberativa e dos estudos sobre Conselhos de políticas no Brasil. Realizou-se uma análise comparativa dos estados do Nordeste quanto ao controle social e volume de transferências federais em dezesseis áreas de políticas públicas (saúde, cultura, esporte, habitação, transporte, saúde, segurança pública, meio ambiente, criança e adolescente, idoso, pessoa com deficiência, igualdade racial, LGBT, gênero, segurança alimentar e direitos humanos) e suas características (paritário, consultivo, deliberativo, normativo, fiscalizador, reunião nos últimos doze meses). As informações sobre as transferências federais foram agrupadas (valor absoluto e proporcional) por área de políticas públicas a partir de dados do Portal da Transparência (www.transparencia.gov.br). O propósito do estudo não foi analisar profundamente, caso a caso, os Conselhos estaduais do Nordeste, mas traçar o perfil destes espaços no nível estadual e projetar o contexto da participação na região. Nesta perspectiva, a reduzida ou

inexistente capacidade deliberativa, ausência de reuniões e do poder normativo de parte dos conselhos estudados, afastam qualquer possibilidade de aproximação com os conceitos propostos pela teoria deliberativa. Diferentemente, as políticas de Saúde e Educação, com maior volume de recursos federais repassados e com conselhos com maior influência nas tomadas de decisão, reportam o poder indutor do governo federal na ampliação dos conselhos e seus papeis no contexto do governos subnacionais. Por fim, sugere-se a necessidade de aperfeiçoamento destes espaços de participação, qualificando as decisões por meio da incorporação de praticas da democracia deliberativa.

Biografia do Autor

André Luis Nogueira da Silva, Universidade Federal do Rio Grande do Norte

Mestrando do Programa de Pós-Graduação em Estudos Urbanos e Regionais do Departamento de Políticas Públicas da UFRN e Analista de Planejamento do IBGE/RN

Damião Ernane de Souza, IBGE

Doutor em Saúde Pública pelo Instituto de Saúde Coletiva da UFBA e Analista de Gestão em Pesquisa do IBGE/RN

Downloads

Publicado

2013-12-18

Como Citar

da Silva, A. L. N., & de Souza, D. E. (2013). DELIBERAÇÃO E CONTROLE SOCIAL: UM PERFIL DOS CONSELHOS ESTADUAIS DE POLÍTICAS PÚBLICAS NO NORDESTE BRASILEIRO. Revista Eletrônica De Ciência Política, 4(1-2). https://doi.org/10.5380/recp.v4i1-2.33647

Edição

Seção

Dossiê Estado e Políticas Públicas