Lições de anatomia ciborgue: coexistência entre máquinas e organismos?
DOI:
https://doi.org/10.5380/petfilo.v23i1.93205Resumo
A metáfora do ciborgue é um constructo epistêmico relativamente recente. Publicado em 1985, o Cyborg Manifesto, de Donna Haraway, mobilizou o imaginário acadêmico-cultural apontando para a emergência do híbrido de máquina e organismo, indicando o nó produzido nas linhas de sentido históricas, vivenciadas na fusão entre técnicas (bio-info-cogno) e nós, os organismos vivos; tornando-se, assim, matriz da filosofia ciborgue.
Academicamente, coube a Thierry Hoquet anatomizar o ciborgue na obra Filosofia Ciborgue: pensar contra dualismos (publicada em Português no ano de 2019 e, no original, em 2011), fenômeno este que aparece no século XX com características próprias, desafiando categorias epistemológicas estanques, cuja pretensão é definir os limites entre o humano e o não humano, entre o que é próprio da natureza e o que é parte da cultura.
Referências
BENSAUDE-VINCENT, Bernadette (2009). As vertigens da tecnociência: moldar o mundo átomo por átomo. Tradução José Luiz Cazarotto. São Paulo: Ideias & Letras, 2013.
CANGUILHEM, Georges (1965). O conhecimento da vida. Tradução Vera Lúcia Avellar Ribeiro. Rio de Janeiro: Forense Universitária, 2012.
FERRANDO, Francesca (2013). Pós-humanismo, anti-humanismo, meta-humanismo e novos materialismos. Aurora, v. 31, n. 54, p. 958–971, 2019.
KLINE, Ronald. Where are the cyborgs in cybernetics? Social Studies of Science, 39, 3, 2009, p. 331 - 362.
LIMA, Vivian Maria Corneti. Ciborgues midiatizados. Curitiba: Appris, 2016.
SANDEL, Michel (2007). Contra a perfeição: ética na era da engenharia genética. Tradução Ana Carolina Mesquisa. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2013.
SIBILIA, Paola. O homem pós-orgânico: a alquimia dos corpos e das almas à luz das tecnologias digitais. 2 ed. Rio de Janeiro: Contraponto, 2019.
