Uma voz que ecoa: a crítica de Francisca Senhorinha da Motta Diniz à Pseudointelectualidade
DOI:
https://doi.org/10.5380/petfilo.v24i1.91698Resumo
Neste artigo, meditaremos a respeito da crítica da filósofa brasileira Francisca Senhorinha da Motta Diniz (1834-1910) a sociedade moderna, essa última que, contrariando os seus próprios alicerces, a saber: a razão, a ciência e a filosofia, marcou-se pelo obscurecimento. Logo, examinaremos como a filósofa percebeu a sociedade oitocentista e os intelectuais que se autodenominavam modernos. Delinearemos suas elucubrações acerca daqueles que defenderam a tese da “inferioridade feminina”, que compreenderam a mulher subsumida a “menoridade” e a “fragilidade”. Por essa razão, defenderemos que a autora se colocou contra todos os ardis utilizados pelos homens, esses que, em vista de arguir essa absurda tese, cometeram as maiores injustiças contra o sexo feminino. Por conseguinte, arguiremos que a filósofa mineira nominou tais intelectuais de pessimistas e retrógrados, ou na nossa concepção, de pseudointelectuais. Além disso, apontaremos alguns dos possíveis pensadores que se encaixam na crítica da autora, apesar de não serem mencionados pela redatora do O Sexo Feminino no sentido que abordaremos nesse artigo. Enfim, mostraremos que a crítica da jornalista a sociedade que se nomeava “esclarecida”, colocou em contradição os alicerces dessa mesma sociedade, proporcionando para os leitores do século XXI, uma leitura tupiniquim das antíteses e incongruências da época das “luzes”.
Referências
DESMAHIS, Joseph-François-Edouard de Corsembleu. Mulher. In: DIDEROT, Denis; D’ALEMBERT, Jean le Rond (org). Enciclopédia, ou Dicionário razoado das ciências, das artes e dos ofícios. Volume 5: Sociedade e artes. Trad. Maria das Graças de Souza [et al.]. São Paulo: Unesp, 2015.
DIDEROT, Denis. Enciclopédia. In: DIDEROT, Denis; D’ALEMBERT, Jean le Rond (org). Enciclopédia, ou Dicionário razoado das ciências, das artes e dos ofícios. Volume 2: O sistema dos conhecimentos. Trad. Pedro Paulo Pimenta, Maria das Graças de Souza, Luís Fernandes do Nascimento. São Paulo: Unesp, 2015.
DINIZ, Francisca Senhorinha da Motta. [A Hidra da ignorância]. O Sexo Feminino. Campanha (MG): 20 set., 1873a, ano I, n.3.
DINIZ, Francisca Senhorinha da Motta. A educação da mulher. O Sexo Feminino. Campanha (MG): 07 set., 1873b, ano I, n.1.
DINIZ, Francisca Senhorinha da Motta. A heroica província de Minas Gerais sempre na vanguarda do progresso. O Sexo Feminino. Campanha (MG): 04 abr., 1874, ano I, n.27.
DINIZ, Francisca Senhorinha da Motta. A minhas patrícias. O Sexo Feminino. Campanha (MG): 14 set., 1873c, ano I, n.2.
DINIZ, Francisca Senhorinha da Motta. A mulher no magistério. O Sexo Feminino. Campanha (MG): 27 set., 1873d, ano I, n.4.
DINIZ, Francisca Senhorinha da Motta. A mulher. O Sexo Feminino. Rio de Janeiro: 14 ago., 1875a, ano II, n.4.
DINIZ, Francisca Senhorinha da Motta. A mulher. O Sexo Feminino. Rio de Janeiro: 29 ago., 1875b, ano II, n.5.
DINIZ, Francisca Senhorinha da Motta. A racional emancipação da mulher. O Sexo Feminino. Rio de Janeiro: 18 ago., 1889a, ano III, n.8.
DINIZ, Francisca Senhorinha da Motta. A racional emancipação da mulher. O Sexo Feminino. Rio de Janeiro: 02 jun., 1889b, ano III, n.1.
DINIZ, Francisca Senhorinha da Motta. A racional emancipação da mulher. O Sexo Feminino. Rio de Janeiro: 09 jun., 1889c, ano III, n.2.
DINIZ, Francisca Senhorinha da Motta. As mulheres da história. O Sexo Feminino. Rio de Janeiro: 05 set., 1875c, ano II, n.6.
DINIZ, Francisca Senhorinha da Motta. Como devem trabalhar as mães de família para fortificar o caráter de suas filhas. O Sexo Feminino. Campanha (MG): 01 nov., 1873e, ano I, n.9.
DINIZ, Francisca Senhorinha da Motta. Emancipação racional da mulher. O Sexo Feminino. Rio de Janeiro: 29 jul., 1875d, ano II, n.2.
DINIZ, Francisca Senhorinha da Motta. O que queremos. O Sexo Feminino. Campanha (MG): 25 out., 1873f, ano I, n.8.
FLORES, Hilda Agnes Hübner. Ana Eurídice Eufrosina de Barandas. Travessia, Florianópolis, número 23, 1991, p. 15-36.
KANT, Immanuel. Das diferentes raças humanas. Tradução e notas de Alexandre Hahn. Kant ePrints, s. 2, v. 5, p. 10-26, 2010.
KANT, Immanuel. Determinação do conceito de uma raça humana. Tradução e notas de Alexandre Hahn. Kant e-Prints, s. 2, v. 7, p. 28-45, 2012.
KANT, Immanuel. Observações sobre o sentimento do Belo e do Sublime; Ensaio sobre as doenças mentais. Tradução e estudo de Vinicius de Figueiredo. São Paulo: Clandestina, 2018.
MARTIN, Louis-Aimé. The education mothers of families: or the civilization of the human race by women. Translation Edwin Lee. London: G. J. Palmer, 1842.
MONTESQUIEU, Charles-Louis de Secondat, Baron de. O espírito das leis. 2. ed. Trad. Cristina Murachco. São Paulo: Martins Fontes, 1996.
NIETZSCHE, Friedrich Wilhelm. Aurora: reflexões sobre os preconceitos morais. Trad. Paulo César de Souza. São Paulo: Companhia de Bolso, 2016.
NIETZSCHE, Friedrich Wilhelm. Crepúsculo dos ídolos: ou como se filosofa com o martelo. Trad. Paulo César de Souza. São Paulo: Companhia de Bolso, 2017.
ROUSSEAU, Jean Jacques. Discurso sobre a origem e os fundamentos da desigualdade entre os homens. 2. ed. Trad. Maria Ermantina Galvão. São Paulo: Martins Fontes, 1999.
VOLTAIRE. A filosofia da história. Trad. Eduardo Brandão. São Paulo: Martins Fontes, 2007. (Col. Voltaire vive).
VOLTAIRE. Dicionário filosófico. Trad. Bruno da Ponte e João Lopes Alves. 3. ed. São Paulo: Abril Cultural, 1984. (Col. Os pensadores).
