FEENBERG, Andrew. Tecnociência e a desreificação da natureza

Autores

DOI:

https://doi.org/10.5380/petfilo.v21i1.84365

Resumo

RESUMO

As muitas definições de tecnociência são oferecidas como corretivas para um ideal de ciência pura, completamente separada da sociedade. A crítica da pureza nos estudos de ciência e de tecnologia foi precedida por críticas fenomenológicas em Heidegger e em Marcuse. A ideia de pureza não é mais crível. No entanto, o conceito de ciência pura tem desempenhado historicamente um papel na defesa da ciência contra interferências políticas. O conceito de tecnociência corre o risco de abrir a ciência a essa interferência e tem provocado uma defesa renovada e, de certa forma, fútil da sua pureza. O consenso nos Estudos de Ciência e Tecnologia (ECT) de que a ciência é fundamentalmente social parece tornar óbvia a necessidade de um termo como tecnociência. Este artigo sugere uma definição restritiva de tecnociência com base na multiplicação de testes independentes de validade. Esse é um caso extremo da sociabilidade da ciência, porque aqui a ciência e a tecnologia emergem juntas, em vez de a teoria preceder a aplicação. A tecnociência sob essa definição descreveria o trabalho científico, validado cientificamente, que serve simultaneamente em processos comerciais e públicos que têm sua própria lógica e seus testes de validade independentes. De acordo com essa definição, a existência de interações complexas entre ciência e sociedade não obscurece as fronteiras entre esses testes. A tecnociência está inserida na sociedade, como toda ciência, mas é única ao se situar em um “garfo” [ataque duplo no xadrez] entre linguagens e critérios de sucesso distintos.

 

Palavras-chave: Tecnociência. Estudos de Ciência e Tecnologia. Heidegger. Marcuse. Ciência/Sociedade.

Biografia do Autor

Caio Alberto Martins, Universidade Federal do Paraná (UFPR), Curitiba, Paraná

Mestrando do programa de Mestrado Profissional em  Filosofia (PROF-FILO), da Universidade Federal do Paraná  (UFPR).  Professor de Filosofia na rede pública estadual do  Paraná.  E-mail:caioalberto@gmail.com http://orcid.org/0000-0002-2245-8843

Alex Calazans, Universidade Federal do Paraná (UFPR), Curitiba, Paraná; Universidade Tecnológica Federal do Paraná (UTFPR), Curitiba, Paraná

Doutor em Filosofia pela UNICAMP. Professor de Filosofia na Universidade Tecnológica Federal do Paraná (UTFPR) e no programa de Mestrado Profissional em  Filosofia  (PROF-FILO), da  Universidade Federal  do Paraná (UFPR). E-mail: filoalexcalazans@gmail.com http://orcid.org/0000-0003-4569-35952

Referências

BACHELARD, G. Le materialisme rationel. Paris: Presses Universitaires de France, 1953.

BENJAMIN, W. Illuminations. Trad. H. Zohn. New York: Shocken, 1969.

FEENBERG, A. Technoscience and Democracy. In: E, BEIRA; A. FEENBERG (Org). Technology, Modernity and Democracy: Essays by Andrew Feenberg. London and New York: Rowman and Littlefield, 2018. p. 67-80.

FEENBERG, A. Ciencia, tecnología y democracia: distinciones y conexiones. Scientiae Studia, 7(1): 63-81. Reimpresso em: FEENBERG, A. 2015. Tecnologia, modernidade e democracia. Organização e tradução de Eduardo Beira. Vila Nova de Gaia, Portugal: Inovatec, 2009. p. 77-97.

FEENBERG, A. Marcuse’s Phenomenology: Reading Chapter 6 of One-Dimensional Man. Constellations, 20(4). p. 604-614, 2013.

FEENBERG, A. Entre a razão e a experiência: ensaios sobre a tecnologia e modernidade. Vila Nova de Gaia, Portugal: Inovatec, 2019.

FEENBERG, A. Technosystem: The Social Life of Reason. Cambridge, MA: Harvard University Press, 2017.

FOSTER, J.B.; CLARK, B.; YORK, R. The Ecological Rift. New York: Monthly Review Press, 2010.

GOETHE, J.W. Faust. Trad. W. Kaufmann. New York: Anchor Books, 1962.

GRAHAM, L. Lysenko’s Ghost: Epigenetics and Russia. Cambridge, MA: Harvard University Press, 2016.

HEIDEGGER, M. The Question Concerning Technology, and Other Essays. Trad. Harriet Brundage Lovitt. New York: Harper & Row, 1977.

HEIDEGGER, M. Only a God Can Save Us Now. In: WOLIN, R (Org.). The Heidegger Controversy: A Critical Reader. Trad. M. Alter e J. Caputo. Cambridge, MA: MIT Press, 1993. p. 91-115.

HEIDEGGER, M. Being and Time. Trad. John MacQuarrie e Edward Robinson. New York: Harper & Row, 1962.

HOTTOIS, G. Le signe et la technique: La philosophie à l’épreuve de la technique. Paris: Editions Vrin, 1986.

MARCUSE, H. One Dimensional Man: Studies in the Ideology of Advanced Industrial Society. Boston, MA: Beacon Press, 1964.

MARCUSE, H. Nature and Revolution. In: Counterrevolution and Revolt. Boston, MA: Beacon Press,1972. pp. 59-78.

NORDMANN, A.; RADDER, H.; SCHIEMANN, G (Org.). Science Transformed? Debating Claims of an Epochal Break. Pittsburgh: University of Pittsburgh Press, 2011.

SMITH, A.K. A Peril and a Hope. Cambridge, MA: MIT Press, 1965.

STENGERS, I.; DRUMM, T. Une autre science est possible! Paris: La Découverte, 2013.

Downloads

Publicado

2022-04-22

Como Citar

Martins, C. A., & Calazans, A. (2022). FEENBERG, Andrew. Tecnociência e a desreificação da natureza. Cadernos PET-Filosofia, 21(1). https://doi.org/10.5380/petfilo.v21i1.84365

Edição

Seção

Traduções