Filosofia, dogmatismo e engajamento nas investigações filosóficas de Wittgenstein
DOI:
https://doi.org/10.5380/petfilo.v18i2.67328Resumo
O objetivo deste artigo é apresentar um modo como a filosofia de Wittgenstein pode ser considerada engajada. Para isso enfatizaremos a adoção de um princípio ético antidogmático na sua concepção de filosofia como investigação gramatical nas Investigações Filosóficas. Isso permite que Wittgenstein conceba o dogmatismo como problema filosófico. Entretanto, julgamos que essa concepção de filosofia possui implicações éticas significativas, porque o problema do dogmatismo é recorrente também em outros contextos discursivos, e.g., a política, moral, etc. Nesse sentido, reforçaremos o significado do engajamento da atividade filosófica, aplicando suas ferramentas de análise à defesa da posição ideológica conservadora proferida por Roger Scruton. O resultado disso será mostrar que ela incorre nos mesmos problemas discursivos que o dogmatismo da filosofia metafísica criticado por Wittgenstein, qual seja, a idealização das propriedades de um modelo de representação.
Referências
AUSTIN, J. L. Quando dizer é fazer: palavras e ação. Traducao Danilo Marcondes. Porto Alegre: Artes Médicas, 1990.
BAKER, G. P.; HACKER, P. M. S. Wittgenstein: understanding and meaning. Part I. Chichester: Wiley-Blackwell, 2005.
BLOOR, D. Wittgenstein: A Social Theory of Knowledge. LONDON (U.A.: MACMILLAN, 1983.
CABANCHIK, S. M. Crítica y Ética: dimensiones del filosofar wittgensteiniano. In: AZIZE, R. L. (Ed.). . Wittgenstein nas Américas: legados e convergências. Salvador: EDUFBA, 2018. p. 163–186.
CONANT, J. Must we show what we cannot say? In: FLEMMING, R.; PAYNE, M. (Eds.). . The Senses of Stanley Cavell. Lewisburg: Bucknell University Press, 1989. p. 242–283.
COUTINHO, J. P. As Ideias Conservadoras Explicadas a Revolucionários e ReacionáriosSão PauloTrês estrelas, , 2014.
DALL’AGNOL, D. Ética e Linguagem: uma introdução ao Tractatus de Wittgenstein. 3. ed. Florianópolis, São Leopoldo: Ed. da UFSC, Editora Unisinos, 2005.
DALL’AGNOL, D. Jogos Morais de Linguagem. In: MORENO, A. (Ed.). . Wittgenstein: Ética - Estética - Epistemologia. Campinas: UNICAMP, 2006. p. 59–79.
DALL’AGNOL, D. Seguir Regras: Uma introdução às Investigações Filosóficas de Wittgenstein. 1. ed. Pelotas: Ed. da UFPel, 2011.
DALL’AGNOL, D. SEMELHANÇAS DE FAMÍLIA NOS USOS DE ‘BOM’. ethic@ - An international Journal for Moral Philosophy, v. 15, n. 2, p. 216–230, 2016.
DIAMOND, C. The Realistic Spirit: Wittgenstein, Philosophy and the Mind. Cambridge, Massachusetts; London, England: MIT Press, 1995.
ETCHEZAHAR, E. et al. El Dogmatismo : Sistema Cerrado De Creencias, Autoritarismo e Intolerancia. Anu. investig. [online], v. 20, n. 1, p. 207–210, 2013.
GEBAUER, G. O pensamento antropológico de Wittgenstein. Traducao Milton Camago Mota. São Paulo: Edições Loyola, 2013.
HACKER, P. M. S. Insight and Illusion: Themes in the Philosophy of Wittgenstein (Revised Edition). Oxford: Clarendon Press, 1986.
HUTTO, D. D. Wittgenstein and the end of philosophy: Neither theory nor therapy. London: PALGRAVE MACMILLAN, 2003.
KIRKHAM, R. Theories of Truth: A Critical Introduction. Massachussetts: MIT Press, 1992.
KUUSELA, O. From metaphysics and philosophical theses to grammar: Wittgenstein’s turn. Philosophical Investigations, v. 28, n. 2, p. 95–133, 2005.
KUUSELA, O. The Struggle Against Dogmatism: Wittgenstein and the Concept of Philosophy. Cambridge, Massachusetts; London, England: Harvard University Press, 2008.
KUUSELA, O. The development of Wittgenstein’s philosophy. In: MCGINN, M.; KUUSELA, O. (Eds.). . The Oxford Handbook of Wittgenstein. [s.l.] Oxford University Press, 2011.
MALCOLM, N. Ludwig Wittgenstein : a memoir. New York; Oxford: Clarendon Press; Oxford University Press, 2001.
MARCONDES, D. As armadilhas da linguagem: significado e ação para além do discurso. Rio de Janeiro: Zahar, 2017.
MARCUSE, H. One-Dimensional Man: studies in the ideology of advanced industrial society. Traducao Douglas Kellner. 2. ed. London and New York: Routledge, 2002.
MONK, R. Wittgenstein: o dever do gênio. Traducao Carlos Afonso Malferrari. São Paulo: Companhia das Letras, 1995.
ROKEACH, M. Crenças, atitudes e valores. Traducao Angela Maria Magnan Barbosa. Rio de Janeiro: Editora Interciência, 1981.
SCHROEDER, S. Grammar and Grammatical Statements. In: GLOCK, H.-J.; HYMAN, J. (Eds.). . A companion to Wittgenstein. 1. ed. Hoboken: Wiley Blackwell, 2017. p. 252–267.
SCRUTON, R. The Meaning of Conservatism. 3. ed. Basingstoke: PALGRAVE MACMILLAN, 2001.
SCRUTON, R. Como ser um conservador. Traducao Márcia Xavier De Brito; Bruno Garschagen. Rio de Janeiro: Editora Record, 2015.
STRANDBERG, H. The Possibility of Discussion: Relativism, Truth and Criticism of Religious Beliefs. Aldershot, Hants, England ; Burlington, VT: Ashgate, 2006.
WALLNER, F. A obra filosófica de Wittgenstein como unidade. Traducao Álvaro Alfredo Bragança Júnior; Idalina Azevedo Da Silva. Rio de Janeiro: Tempo brasileiro, 1997.
WITTGENSTEIN, L. The Blue and Brown Books. Oxford: Blackwell, 1960.
WITTGENSTEIN, L. Wittgenstein in Cambridge : letters and documents, 1911-1951. 4. ed. Malden, Mass.: Blackwell, 2008.
WITTGENSTEIN, L. Philosophical Investigations. Traducao G.E.M. Anscombe; P.M.S Hacker; Joachim Schulte. 4. ed. Malden, USA; Oxford: Wiley-Blackwell, 2009.
WITTGENSTEIN, L. Tratado lógico-filosófico & Investigações Filosóficas. Traducao M. S. Lourenço. 6. ed. Lisboa: Editora Fundação Calouste Gulbenkian, 2015.
WITTGENSTEIN, L. Tractatus logico-philosophicus. Traducao Luiz Henrique Lopes Dos Santos. 3. ed. São Paulo: Edusp, 2017.
