Filosofia, dogmatismo e engajamento nas investigações filosóficas de Wittgenstein

Autores

  • Matheus Colares do Nascimento Universidade Federal do Pará

DOI:

https://doi.org/10.5380/petfilo.v18i2.67328

Resumo

O objetivo deste artigo é apresentar um modo como a filosofia de Wittgenstein pode ser considerada engajada. Para isso enfatizaremos a adoção de um princípio ético antidogmático na sua concepção de filosofia como investigação gramatical nas Investigações Filosóficas. Isso permite que Wittgenstein conceba o dogmatismo como problema filosófico. Entretanto, julgamos que essa concepção de filosofia possui implicações éticas significativas, porque o problema do dogmatismo é recorrente também em outros contextos discursivos, e.g., a política, moral, etc. Nesse sentido, reforçaremos o significado do engajamento da atividade filosófica, aplicando suas ferramentas de análise à defesa da posição ideológica conservadora proferida por Roger Scruton. O resultado disso será mostrar que ela incorre nos mesmos problemas discursivos que o dogmatismo da filosofia metafísica criticado por Wittgenstein, qual seja, a idealização das propriedades de um modelo de representação.

Biografia do Autor

Matheus Colares do Nascimento, Universidade Federal do Pará

Graduado em Filosofia pela Universidade Federal do Pará. Membro do Ciclo Filosófico de Belém. E-mail: matheuscolares12@gmail.com

Referências

AUSTIN, J. L. Quando dizer é fazer: palavras e ação. Traducao Danilo Marcondes. Porto Alegre: Artes Médicas, 1990.

BAKER, G. P.; HACKER, P. M. S. Wittgenstein: understanding and meaning. Part I. Chichester: Wiley-Blackwell, 2005.

BLOOR, D. Wittgenstein: A Social Theory of Knowledge. LONDON (U.A.: MACMILLAN, 1983.

CABANCHIK, S. M. Crítica y Ética: dimensiones del filosofar wittgensteiniano. In: AZIZE, R. L. (Ed.). . Wittgenstein nas Américas: legados e convergências. Salvador: EDUFBA, 2018. p. 163–186.

CONANT, J. Must we show what we cannot say? In: FLEMMING, R.; PAYNE, M. (Eds.). . The Senses of Stanley Cavell. Lewisburg: Bucknell University Press, 1989. p. 242–283.

COUTINHO, J. P. As Ideias Conservadoras Explicadas a Revolucionários e ReacionáriosSão PauloTrês estrelas, , 2014.

DALL’AGNOL, D. Ética e Linguagem: uma introdução ao Tractatus de Wittgenstein. 3. ed. Florianópolis, São Leopoldo: Ed. da UFSC, Editora Unisinos, 2005.

DALL’AGNOL, D. Jogos Morais de Linguagem. In: MORENO, A. (Ed.). . Wittgenstein: Ética - Estética - Epistemologia. Campinas: UNICAMP, 2006. p. 59–79.

DALL’AGNOL, D. Seguir Regras: Uma introdução às Investigações Filosóficas de Wittgenstein. 1. ed. Pelotas: Ed. da UFPel, 2011.

DALL’AGNOL, D. SEMELHANÇAS DE FAMÍLIA NOS USOS DE ‘BOM’. ethic@ - An international Journal for Moral Philosophy, v. 15, n. 2, p. 216–230, 2016.

DIAMOND, C. The Realistic Spirit: Wittgenstein, Philosophy and the Mind. Cambridge, Massachusetts; London, England: MIT Press, 1995.

ETCHEZAHAR, E. et al. El Dogmatismo : Sistema Cerrado De Creencias, Autoritarismo e Intolerancia. Anu. investig. [online], v. 20, n. 1, p. 207–210, 2013.

GEBAUER, G. O pensamento antropológico de Wittgenstein. Traducao Milton Camago Mota. São Paulo: Edições Loyola, 2013.

HACKER, P. M. S. Insight and Illusion: Themes in the Philosophy of Wittgenstein (Revised Edition). Oxford: Clarendon Press, 1986.

HUTTO, D. D. Wittgenstein and the end of philosophy: Neither theory nor therapy. London: PALGRAVE MACMILLAN, 2003.

KIRKHAM, R. Theories of Truth: A Critical Introduction. Massachussetts: MIT Press, 1992.

KUUSELA, O. From metaphysics and philosophical theses to grammar: Wittgenstein’s turn. Philosophical Investigations, v. 28, n. 2, p. 95–133, 2005.

KUUSELA, O. The Struggle Against Dogmatism: Wittgenstein and the Concept of Philosophy. Cambridge, Massachusetts; London, England: Harvard University Press, 2008.

KUUSELA, O. The development of Wittgenstein’s philosophy. In: MCGINN, M.; KUUSELA, O. (Eds.). . The Oxford Handbook of Wittgenstein. [s.l.] Oxford University Press, 2011.

MALCOLM, N. Ludwig Wittgenstein : a memoir. New York; Oxford: Clarendon Press; Oxford University Press, 2001.

MARCONDES, D. As armadilhas da linguagem: significado e ação para além do discurso. Rio de Janeiro: Zahar, 2017.

MARCUSE, H. One-Dimensional Man: studies in the ideology of advanced industrial society. Traducao Douglas Kellner. 2. ed. London and New York: Routledge, 2002.

MONK, R. Wittgenstein: o dever do gênio. Traducao Carlos Afonso Malferrari. São Paulo: Companhia das Letras, 1995.

ROKEACH, M. Crenças, atitudes e valores. Traducao Angela Maria Magnan Barbosa. Rio de Janeiro: Editora Interciência, 1981.

SCHROEDER, S. Grammar and Grammatical Statements. In: GLOCK, H.-J.; HYMAN, J. (Eds.). . A companion to Wittgenstein. 1. ed. Hoboken: Wiley Blackwell, 2017. p. 252–267.

SCRUTON, R. The Meaning of Conservatism. 3. ed. Basingstoke: PALGRAVE MACMILLAN, 2001.

SCRUTON, R. Como ser um conservador. Traducao Márcia Xavier De Brito; Bruno Garschagen. Rio de Janeiro: Editora Record, 2015.

STRANDBERG, H. The Possibility of Discussion: Relativism, Truth and Criticism of Religious Beliefs. Aldershot, Hants, England ; Burlington, VT: Ashgate, 2006.

WALLNER, F. A obra filosófica de Wittgenstein como unidade. Traducao Álvaro Alfredo Bragança Júnior; Idalina Azevedo Da Silva. Rio de Janeiro: Tempo brasileiro, 1997.

WITTGENSTEIN, L. The Blue and Brown Books. Oxford: Blackwell, 1960.

WITTGENSTEIN, L. Wittgenstein in Cambridge : letters and documents, 1911-1951. 4. ed. Malden, Mass.: Blackwell, 2008.

WITTGENSTEIN, L. Philosophical Investigations. Traducao G.E.M. Anscombe; P.M.S Hacker; Joachim Schulte. 4. ed. Malden, USA; Oxford: Wiley-Blackwell, 2009.

WITTGENSTEIN, L. Tratado lógico-filosófico & Investigações Filosóficas. Traducao M. S. Lourenço. 6. ed. Lisboa: Editora Fundação Calouste Gulbenkian, 2015.

WITTGENSTEIN, L. Tractatus logico-philosophicus. Traducao Luiz Henrique Lopes Dos Santos. 3. ed. São Paulo: Edusp, 2017.

Downloads

Publicado

2020-08-05

Como Citar

do Nascimento, M. C. (2020). Filosofia, dogmatismo e engajamento nas investigações filosóficas de Wittgenstein. Cadernos PET-Filosofia, 18(2). https://doi.org/10.5380/petfilo.v18i2.67328