O Radicalismo de Sade à Luz da Filosofia Marginal de E. de Condillac e La Mettrie
DOI:
https://doi.org/10.5380/petfilo.v0i17.65851Resumo
A fundamentação filosófica permeada na obra literária do Marquês de Sade está intimamente ligada às teses materialistas, em especial, às obras dos filósofos E. de Condillac e La Mettrie que exerceram tamanha influência sob o Marquês. Nos diálogos dos personagens de Sade, encontramos o desmembramento radical das teses propostas por La Metrrie, em principal, quando adere a uma fisiologia muscular, na qual está relacionada a noções de irritabilidade muscular e de sensibilidade nervosa, bem como a tese central de Condillac, quando explica a natureza humana a partir do prazer e do desprazer, principalmente no que tange ao detalhamento das sensações como responsáveis pela composição de faculdades como a atenção, a memória, a imaginação e o juízo. Ao radicalizar, Sade transita por um caminho obscuro da natureza humana guiado unicamente por um prazer sexual egoísta. Sade se apropria do conceito de Estado de Natureza proposto por Thomas Hobbes para justificar a conduta libertina, porém diferente de Hobbes que reconhece no Estado de Natureza a necessidade da constituição do Estado representado por um soberano para coordenar a ordem em favor da vida de cada indivíduo, Sade, por sua vez, ao reconhecer o Estado de Natureza, onde perdura a guerra de todos contra todos, identifica a predominância da lei do mais forte. A figura do soberano libertino se apresenta para constituir a organização social denominada Orgia, cujos indivíduos adeptos reconhecem-no como o mais forte, e assim, submetem-se ao seu domínio por possuírem algo em comum: a busca de um grau elevado de prazer.
Referências
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