Partido dos professores: elite partidária e evolução política do Partido Socialismo e Liberdade (PSOL)
Resumo
Este artigo investiga a elite do PSOL, com o objetivo de encontrar indícios de representatividade social e oligarquização para refletir sobre a evolução política do partido. Para obter as informações necessárias, coletamos dados sobre carreira política, ocupação de origem, participação em movimentos sociais e sindicais e formação escolar da elite partidária. Para isso, elaboramos uma ficha prosopográfica em que sistematizamos: 1) ano de ingresso no PSOL; 2) tendência política a que pertence dentro do partido; 3) carreira partidária; 4) formação escolar; 5) profissão; 6) unidade da federação em que reside; 7) ano de nascimento; 8) movimento social em que atua ou atuou; 9) mandatos eletivos. Constatamos que, apesar do caráter majoritariamente proletário da coalizão dominante do PSOL, existe uma gigantesca hegemonia da categoria docente, de tal modo que podemos descrever a organização como um “partido de professores”. Verificamos também uma taxa significativa de parlamentarização da Comissão Executiva Nacional. Essa realidade partidária tem gerado um forte impulso à moderação política. Porém, a existência de instâncias democráticas como o Congresso e a permanente recomposição das frações hegemônicas aponta para a existência de conflitos decisivos entre impulso à moderação e a tentativa política de obstruí-lo. Os resultados obtidos permitem constatar e ao mesmo tempo contestar a lei de bronze de Michels. Ainda que tenhamos verificado traços de oligarquização e elitização da coalizão dirigente do PSOL, bem como de seu corolário, a moderação política, observamos que as lutas entre as tendências internas do partido são capazes de conjurar determinismos sociológicos.
Palavras-chave
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PDFDOI: http://dx.doi.org/10.5380/pr%20eleitoral.v2i1.42757
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