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Adolescência, internet e tempo: desafios para a Educação

Adolescence, internet and time: challenges for Education

RESUMO

A relação dos adolescentes com o tempo, a forma como o conceituam e utilizam, tem sido foco de inúmeras pesquisas. O impacto das tecnologias de informação e comunicação, o mergulho no mundo virtual e o acesso ao novo mundo oferecido pela internet têm afetado essa relação. Esse é o objetivo principal deste artigo: observar tal questão à luz dos resultados de uma pesquisa realizada com 481 adolescentes do Rio de Janeiro. Começamos apresentando alguns conceitos de adolescência e destacando abordagens da relação com o tempo nesse período da vida. Passamos, em seguida, a abordagens conceituais do tempo na internet feitas por autores como Lèvy, Jenkins e Prensky. No questionário da pesquisa um dos quesitos era concordar ou discordar, justificando a resposta, com a afirmativa “A internet ocupa muito o meu tempo”. A maioria dos adolescentes da amostra estudada concordou com a afirmativa, apresentando justificativas relacionadas à fuga da realidade, ao isolamento da vida social e a efeitos cognitivos, como a diminuição da leitura e a pouca confiabilidade na internet como fonte de pesquisa. Os adolescentes dessa “geração touch”, sempre ligada aos celulares conectados à internet, que evoluiu no uso das tecnologias digitais da interação para a integração, dimensionam o tempo de uma forma nova. Cumpre à educação saber lidar com ela e às instituições que formam professores prepará-los para esse fascinante desafio que é educá-la.

Palavras-chave:
adolescência; tempo; internet; desenvolvimento humano; interação social

ABSTRACT

The relationship of adolescents with time, how they conceptualize it and use it, has been the focus of numerous studies. The impact of information and communication technologies, diving in the virtual world and the access to the new world offered by the internet have affected this relationship. This is the main purpose of this article: watch this question in the light of the results of a survey of 481 adolescents from Rio de Janeiro. We started showing some teenage concepts and highlighting approaches on the relationship with time in this period of life. Then, we show the conceptual approaches of time on the internet made by authors such as Lèvy, Jenkins and Prensky. In the survey questionnaire one of the requirements was to agree or disagree, justifying the answer, with the statement “The internet really occupies my time.” Most teenagers of the sample agreed with the statement, with reasons related to escaping from reality, the isolation of social life and cognitive effects such as decreased reading and the unreliability of the internet as a research source. Adolescents of this “touch generation” always on the cell phone, connected to the internet, who have evolved in the use of digital technologies of interaction for integration, measure time in a new way. It is the responsibility of education knowing how to deal with this teens and it is the responsibility of institutions that train teachers to prepare them for this fascinating challenge of educating them.

Keywords:
adolescence; time; internet; human development; social interaction

Breve introdução: alguns conceitos relativos à adolescência

O conceito de adolescência surge, segundo Ariès (1986ARIÈS, P. História social da criança e da família. Rio de Janeiro: Guanabara, 1986.), no século XVIII e ganha difusão no século XX. Influenciado pelo darwinismo, Hall (apud GALLATIN, 1978GALLATIN, J. E. Adolescência e individualidade: uma abordagem conceitual da Psicologia da adolescência. São Paulo: Harper & Row do Brasil Ltda., 1978.) descrevia a adolescência como um período de “tempestade e tormenta”, em virtude da eclosão da sexualidade, repleto de turbulências, mudanças inesperadas de humor, impulsividades repentinas.

Esse modelo foi progressivamente superado, embora tenha deixado representações fortemente marcadas no imaginário coletivo.

Erik Erikson (1976ERIKSON, E. H. Infância e sociedade. Rio de Janeiro: Zahar, 1976.) traz uma abordagem da adolescência calcada no conceito de identidade. Para ele, no decorrer do ciclo vital, o ser humano vive oito idades, com crises nucleares de caráter normativo, que vão burilando a identidade psicossocial. Esta é mutável até o final da vida, mas o momento crucial da sua definição é exatamente a adolescência (5ª idade), em que a crise vivenciada é a da identidade x difusão de papéis.

Propõe que a sociedade ofereça ao adolescente uma “moratória”, tempo para que ele experimente idades transitórias, resolva resíduos dos conflitos das idades anteriores, consolide a identidade adulta. Essa moratória permite, segundo o autor, a vivência de uma adolescência mais tranquila:

A adolescência, portanto, é menos “tempestuosa” naquele segmento da juventude talentosa e bem treinada na exploração das tendências tecnológicas em expansão e apta, por conseguinte, a identificar-se com os novos papéis de competência e invenção e aceitar uma perspectiva ideológica mais implícita. (ERIKSON, 1976ERIKSON, E. H. Infância e sociedade. Rio de Janeiro: Zahar, 1976., p. 130).

Arminda Aberastury e Maurício KnobelABERASTURY, A.; KNOBEL, M. Adolescência normal. Porto Alegre: Artes Médicas , 1992. compartilham esse conceito positivo de crise. Aberastury (1983) atribui as contradições e conflitos do adolescente à elaboração de três grandes perdas: “[...] luto pelo corpo de criança, pela identidade infantil e pela relação dos pais de infância”. (ABERASTURY, 1983ABERASTURY, A.; FERRER, E. L. de; GOLDSTEIN, R. Z. de; JARAST, S.; KATINA, E.; NNOBEL, M.; PAZ, L. R.; ROLLA, E. Adolescência. Porto Alegre: Artes Médicas, 1983., p. 24).

Knobel (ABERASTURY; KNOBEL, 1992ABERASTURY, A.; KNOBEL, M. Adolescência normal. Porto Alegre: Artes Médicas , 1992.) fala da adolescência como uma “síndrome”, por apresentar um conjunto de sintomas, mas uma “síndrome normal”. O adolescente vivencia “desequilíbrios e instabilidades extremas”, mas que são aceitáveis para o momento evolutivo, pois constituem vivências necessárias para atingir a maturidade.

Adolescência e o conceito de tempo

Não podemos discutir a forma como o adolescente conceitua e utiliza o tempo sem falar da chama “onipotência juvenil”. A adolescência, considerada por Erikson “[...] um modo de vida entre a infância e a vida adulta” (ERIKSON, 1976ERIKSON, E. H. Infância e sociedade. Rio de Janeiro: Zahar, 1976., p. 128), traz normalmente forte sentimento de onipotência. O ego se torna engrandecido e ocorrem manifestações de independência em relação à experiência, às opiniões e aos conselhos dos mais velhos. Muitas vezes os obstáculos e empecilhos são minimizados, assim como a avaliação dos riscos sofridos. Isso se reflete na forma como o tempo é conceituado e utilizado.

Maurício Knobel, em obra escrita com Arminda Aberastury, descreve, como já citamos, uma “síndrome da adolescência normal”, composta por dez sintomas:

[...] busca de si mesmo e da identidade; acentuada tendência grupal; necessidade de intelectualizar e fantasiar; crises religiosas; evolução sexual manifesta (do autoerotismo à heterossexualidade genital adulta; intensa atitude social reivindicatória; contradições sucessivas em todas as manifestações da conduta; separação progressiva dos pais; constantes flutuações de humor e do estado de ânimo; e deslocalização temporal. (ABERASTURY; KNOBEL, 1992ABERASTURY, A.; KNOBEL, M. Adolescência normal. Porto Alegre: Artes Médicas , 1992., p. 29).

Esta última consiste em converter o tempo em presente e ativo, numa tentativa de manejá-lo. Para o adolescente tudo é urgente e os adiamentos são aparentemente irracionais. Para Knobel (ABERASTURY; KNOBEL, 1992ABERASTURY, A.; KNOBEL, M. Adolescência normal. Porto Alegre: Artes Médicas , 1992.), essa negação do tempo funciona como uma defesa contra os lutos que precisam ser elaborados: “Quando se nega a passagem do tempo, pode-se conservar a criança dentro do adolescente como um objeto morto-vivo”. (ABERASTURY; KNOBEL, 1992ABERASTURY, A.; KNOBEL, M. Adolescência normal. Porto Alegre: Artes Médicas , 1992., p. 43). Os autores fazem ainda uma relação dessa negação temporal com o sentimento de solidão, típico dos adolescentes. “Estes momentos de solidão costumam ser necessários para que fora possa ficar o tempo passado, o futuro e o presente, convertidos assim em objetos manejáveis”. (ABERASTURY; KNOBEL, 1992ABERASTURY, A.; KNOBEL, M. Adolescência normal. Porto Alegre: Artes Médicas , 1992., p. 43).

Segundo eles, para o adolescente o tempo é vivencial ou experimental, baseado em suas necessidades pessoais, com dificuldade para discriminar passado, presente e futuro, em “decidir” ser adulto ou criança. Isso é reforçado pelo envoltório social, que ora exige comportamentos adultos, ora trata o adolescente como criança. Ocorre, então, a negação constante do futuro de forma ambivalente: ao mesmo tempo em que resiste a ser considerado e tratado como criança, o adolescente evita movimentos mais substanciais de consolidação da identidade adulta.

Esse é um dos fatores que leva Erik Erikson a reivindicar para a adolescência uma “moratória psicossocial”: “[...] período de espera concedido a alguém [...] que se caracteriza por uma tolerância seletiva por parte da sociedade e uma atividade lúdica por parte do jovem”. (ERIKSON, 1976ERIKSON, E. H. Infância e sociedade. Rio de Janeiro: Zahar, 1976., p. 157). Propõe que esse deve ser um período de tempo no qual a família e a sociedade terão de dar suporte ao adolescente, sendo mais benevolentes com os comportamentos considerados desviantes da norma estabelecida pela sociedade.

Aberastury e Knobel consideram que a superação da deslocalização temporal é uma das tarefas mais importantes da adolescência, juntamente com a elaboração dos lutos típicos desse período. “Poder conceituar o tempo, vivenciá-lo como nexo de união, é o essencial, subjacente à integração da identidade”. (ABERASTURY; KNOBEL, 1992ABERASTURY, A.; KNOBEL, M. Adolescência normal. Porto Alegre: Artes Médicas , 1992., p. 44).

Melucci (1997MELUCCI, A. Juventude, tempos e movimentos sociais. Revista Brasileira de Educação - ANPED, n. 5 e 6, p. 05-14, 1997.) afirma que a adolescência é o período em que se começa a enfrentar o tempo como uma dimensão significativa e contraditória da identidade. O futuro é percebido como um conjunto de possibilidades que precisam ser realizadas logo, pois o tempo pode não ser suficiente para realizá-las. Isso explica, de alguma forma, o movimento pendular do adolescente entre a urgência e a procrastinação, entre o “fazer logo” e o “deixar para depois”.

Em alguns casos esse dilema e relação ao tempo se expressa na manutenção de “traços” considerados adolescentes por muito tempo, perpassando a idade adulta, constituindo o que é chamado de “adolescência prolongada”.

Vejamos agora de que forma essas características podem ser afetadas por esse fenômeno que é a internet.

Tempo e internet: sedução e mistério de um novo conceito de tempo

O surgimento e rapidíssima difusão da internet provocaram uma verdadeira revolução, entre outras características, o rompimento dos conceitos tradicionais de espaço e tempo. Com a minimização das distâncias espaço-temporais e a intensificação da recursividade, a possibilidade de múltiplas interferências, a variedade de conexões e a diversificação de trajetórias, rompeu-se a temporalidade rígida, relativizando-a.

Há uma diferença substancial entre o tempo utilizado na conexão à internet e, por exemplo, o tempo utilizado diante da TV. Shirky (2010SHIRKY, C. A cultura da participação, criatividade e generosidade no mundo conectado. Rio de Janeiro: Zahar , 2010.) descreve essa evolução como um novo panorama de mídia:

[...] o nosso tempo livre acumulado, que se avolumou primeiro com as jornadas de trabalho semanais com quarenta horas e cresceu depois da Segunda Guerra Mundial, com populações maiores e mais saudáveis, com o aumento de oportunidades educacionais, e com a difusão da prosperidade. Todo aquele tempo livre ainda não era um excedente cognitivo, porque nos faltavam os meios para usá-lo. De fato, mesmo com o acúmulo crescente de tempo livre no mundo desenvolvido, muitas das antigas estruturas sociais que nos uniam foram desmanteladas, tais como piqueniques, associações de vizinhos, campeonatos de boliche e compras feitas a pé. (SHIRKY, 2010SHIRKY, C. A cultura da participação, criatividade e generosidade no mundo conectado. Rio de Janeiro: Zahar , 2010., p. 161).

O excesso de tempo livre, conjugado a novas possibilidades tecnológicas, criou uma nova configuração social em que o que o usuário saiu do papel de mero “consumidor” de informação, para participante da sua criação.

Sherry Turkle (2012TURKLE, S. Connected, but alone? 2012. Disponível em: <Disponível em: http://www.youtube.com/watch?v=t7Xr3AsBEK4 >. Acesso em: 10 mar. 2016.
http://www.youtube.com/watch?v=t7Xr3AsBE...
) faz duras críticas ao fato do longo tempo de conexão à internet, prática comum hoje em dia. Segundo ela, focalizando a questão das relações mediadas pela rede, a longa conexão traz uma “ilusão” de estar sempre acompanhado por olhos e ouvidos, de ter uma infinidade de “amigos”. A tecnologia providenciaria uma impressão de escuta permanente e de proteção contra a solidão e o desamparo, com três falsas certezas: a de que podemos colocar nossa atenção no que quisermos; a de que seremos sempre ouvidos; e a de que nunca ficaremos sós. Isso leva as pessoas, especialmente os adolescentes, a dizerem que, para se comunicar, preferem escrever a falar.

Em contrapartida, segundo a autora, a solidão oriunda da desconexão à internet, passa a ser percebida com medo, como um estado de desligamento que precisa ser evitado, um problema a ser resolvido, um estado que ameaça o sujeito em sua identidade e na percepção de si mesmo.

Em alguns casos, que não constituem o objeto deste artigo, o uso da internet adquire características de compulsão, provocando a dependência e a utilização do termo Transtorno de Dependência de Internet (TDI), em que estar conectado se transforma em uma imperiosa necessidade e o uso do tempo na internet abusivo.

Para Palfrey e Gasser (2011PALFREY, J.; GASSER, U. Nascidos na Era Digital: entendendo a primeira geração dos nativos digitais. Porto Alegre: Artmed, 2011. , p. 210), “[...] o vício da internet, a síndrome da fadiga de informações e a sobrecarga de informações estão entre os termos que estão sendo lançados para descrever as novas doenças patológicas da era digital”.

A modificação do “fluir temporal”, a que as pessoas estão acostumadas, dá suporte a uma das características da contemporaneidade: a negação do tempo passado e a não conexão com o futuro (DRAWIN, 2003DRAWIN, C. R. O futuro da Psicologia: compromisso ético no pluralismo. In: BOCK, A. M. (Org.). Psicologia e o compromisso social. São Paulo: Cortez, 2003. p. 55-72.), que fazem parte do que Bauman (2001BAUMAN, Z. Modernidade líquida. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 2001., 2004BAUMAN, Z. Amor líquido: sobre a fragilidade dos laços humanos. Rio de Janeiro: Jorge Zahar , 2004.) chamou de “modernidade líquida”, caracterizada, entre outras coisas, pela fragilidade dos laços afetivos (“amor líquido”).

A extraterritorialidade e a fluidez típicas das relações na internet são assim caracterizadas pelo autor: “Diferentemente dos ‘relacionamentos reais’, é fácil entrar e sair dos ‘relacionamentos virtuais’. Em comparação com a ‘coisa autêntica’, pesada, lenta e confusa, eles parecem inteligentes e limpos, fáceis de usar, compreender e manusear. [...]. Sempre se pode apertar a tecla de deletar.” (BAUMAN, 2004BAUMAN, Z. Amor líquido: sobre a fragilidade dos laços humanos. Rio de Janeiro: Jorge Zahar , 2004., p. 13).

Para outros autores, como Rheingold (1993RHEINGOLD, H. The virtual community: Homesteading on the electronic frontier. 1993. Disponível em: <Disponível em: http://www.well.com/user/hlr/vcbook/ >. Acesso em: 22 maio 2016.
http://www.well.com/user/hlr/vcbook/...
), no entanto, a capacidade de comunicação coletiva nos ambientes virtuais da internet possibilita a interação, os relacionamentos, as amizades e a formação de laços comunitários entre estranhos.

A verdade é que, com a vertiginosa expansão da internet, o homem, que desenvolveu o conceito de tempo desde o nascimento, a partir dos intervalos biológicos de sono, alimentação e satisfação das demais necessidades biológicas, fica perplexo e fascinado com essa nova dimensão ciberespacial e cibertemporal. Conforme aponta Biernazki (2000BIERNAZKI, W. E. Globalização da comunicação. Comunicação e Educação, n. 19, p. 46-65, 2000.):

O acesso instantâneo às informações e ao entretenimento é tão ubíquo que, às vezes, nos esquecemos de que esse é um fenômeno que apareceu muito repentinamente na história - é tão recente que não tivemos tempo para passar pelo processo de tentativa e erro, necessário para desenvolver instituições culturais que possam lidar adequadamente com ele. (BIERNAZKI, 2000BIERNAZKI, W. E. Globalização da comunicação. Comunicação e Educação, n. 19, p. 46-65, 2000., p. 47).

Adolescência, tempo e internet: algumas reflexões

O processo de temporalização no adolescente é tão importante, que muitas obras que abordam a transição da infância para a adolescência utilizam o conceito de tempo como fio condutor. Na conhecida obra de Lewis Carroll (2002CARROLL, L. Aventuras de Alice no País das Maravilhas & Através do Espelho. Rio de Janeiro: Jorge Zahar , 2002.), “Alice no País das Maravilhas”, considerada por muitos uma fábula sobre o crescimento, há múltiplas referências ao tempo, do coelho branco eternamente atrasado, que carrega um grande relógio, ao Chapeleiro Maluco, destinado a beber chá eternamente porque o Tempo puniu-o por vingança, parando o tempo às seis horas da tarde, “hora do chá”. E assim vai Alice, aumentando e diminuindo de tamanho, crescendo e regredindo, passando da realidade à fantasia, nessa louca aventura por um país nem sempre maravilhoso.

Voltando à internet, é fácil perceber que a “presentificação” da relação do indivíduo com o tempo tem forte impacto sobre a construção da identidade, em especial a dos adolescentes. Algumas características, como o imediatismo e a impaciência em relação às demoras e esperas, típicas desse estágio de desenvolvimento, parecem acentuadas. Para eles o tempo, sentido complexo a ser definido, é percebido como fragmentado em uma série de “presentes perpétuos” e imutáveis. Há perda da dimensão histórica e o tempo passado diminui o protagonismo diante da tirania do presente. Segundo Lèvy (1996LÈVY, P. O que é virtual? São Paulo: Editora 34, 1996.), a virtualização promove um “efeito Moebius”, em que os limites perdem a definição e os espaços e tempos se confundem.

Ao caracterizar os adolescentes que chama de “nativos digitais”, aqueles que se apropriam com facilidade e naturalidade das mídias digitais, Prensky (2001PRENSKY, M. Digital Natives, Digital Immigrants Part 1. On the Horizon, v. 9, n. 5, Sept./Oct. 2001.) cita aspectos como a recepção de informações de maneira ágil e rápida; a preferência por processos randômicos de acesso aos conteúdos; a tendência ao imagético em detrimento do textual; e a realização de atividades multitarefas, entre outros. Esta última constitui uma redimensão do tempo através da capacidade para realizar atividades diversas, utilizando mídias diferentes ao mesmo tempo. Preferimos não entrar aqui na polêmica relativa à perda da qualidade do desempenho na execução de múltiplas tarefas.

Para Jenkins (2006JENKINS, H. Confronting the Challenges of Participatory Culture: media education for 21st century. Chicago, IL: MacArthur Foundation, 2006.), essa geração, descrita por Prensky, está imersa em uma cultura participativa e a melhor maneira de compreendê-la são as literacias que emergem desse processo. Descreve-a partindo de características e habilidades típicas da cultura digital, como: experimentação, flexibilidade, simulação, apropriação, multitarefa, cognição distribuída, inteligência coletiva, julgamento e navegação transmídia.

Outra crítica frequente aos efeitos da internet sobre a “temporalização” do adolescente é a de que ela estimula a fantasia, deixando em segundo plano a maravilhosa capacidade humana que é a imaginação. Isso facilita a diminuição do vínculo com a realidade e a confusão entre o que é real e o que é virtual.

Aspectos como a utilização de dispositivos móveis e a preferência acentuada por jogos afeta o tempo de conexão dos adolescentes à internet e, consequentemente, tudo que foi dito até agora sobre a relação dele com o conceito de tempo. Cada vez mais a sensação experimentada é de flow (fluxo ou estado de imersão), expressão utilizada por Csikszentmihalyi (1999CSIKSZENTMIHALYI, M. A descoberta do fluxo: a psicologia do envolvimento com a vida cotidiana. São Paulo: Rocco, 1999.) ao descrever a situação de envolvimento e diversão, sem percepção da passagem do tempo, experimentada pelos gamers. A experiência de “flow - fun” (“imersão - diversão”) é descrita com frequência pelos adolescentes durante a conexão à internet e as várias possibilidades proporcionadas.

Eles falam de sensações como “transportar-se para outra dimensão”, “perder a noção do tempo”, “vivenciar a liberdade total”.

Os aspectos conceituais apontados até aqui fizeram com que a concepção dos adolescentes sobre o tempo na internet fosse uma categoria obrigatória na pesquisa realizada.

Alguns resultados da pesquisa desenvolvida

Passamos, agora, utilizando a fundamentação conceitual apresentada até aqui, a apresentar alguns dados de pesquisa realizada com 481 adolescentes do Rio de Janeiro. O problema estudado foi “Como os jovens utilizam as tecnologias e a internet nos dias de hoje?”. O objeto da pesquisa foi o mapeamento de características da relação dos jovens com as tecnologias digitais e, em especial, com a internet, e o objetivo geral “descrever um universo de traços significativos da relação dos jovens com as tecnologias digitais, prioritariamente com a internet”.

Evitando a polêmica que envolve os conceitos de metodologia, método e técnica, optamos pelo que dizem Cervo e Bervian (2002CERVO, A. L.; BERVIAN, P. A. Metodologia científica. São Paulo: Prentice Hall, 2002., p. 26): o “[...] método se concretiza como o conjunto das diversas etapas ou passos que devem ser dados para a realização da pesquisa”. Essas etapas são definidas pelas técnicas de pesquisa, no nosso caso, um questionário para a coleta de informações descritivas, comportamentais e preferenciais dos componentes da amostra estudada.

Utilizando a tipologia de Vergara (1997VERGARA, S. C. Projetos e relatórios de pesquisa em administração. São Paulo: Atlas, 1997. ), trata-se de uma pesquisa do tipo telematizada, pois utiliza informações que combinam o uso de computador e de telecomunicações. O questionário foi formulado on-line, elaborado utilizando o Google Docs, pacote de aplicativos que permite, entre outras coisas, criar e aplicar formulários de pesquisa on-line.

O instrumento utilizado era composto de quatro campos. O primeiro buscava informações descritivas da amostra: gênero, idade, escolaridade, meio de conexão à internet e número de horas/dia e conexão.

O segundo campo continha questões comportamentais, do tipo “Para você a internet serve mais para...”. O terceiro campo começava por questões preferenciais. Apresentava quinze asserções sobre a internet e pedia “Das afirmativas abaixo, assinale ‘SIM’ se você concorda, ou ‘NÃO’ se você não concorda”. A seguir retornava a um complemento relativo a aspectos comportamentais: “Das afirmativas acima, escolha duas e justifique a sua resposta”. Apresentava ao final um campo para “Comentários gerais”.

No momento da análise dos dados, por serem eles quantitativos e qualitativos, dois procedimentos foram utilizados: para os dados qualitativos uma tabulação simples, seguida da análise dos resultados; para os dados qualitativos optamos pela análise de conteúdo, conjunto de técnicas de análise das comunicações. (BARDIN, 1979BARDIN, L. Análise de conteúdo. Lisboa: Edições 70, 1979.).

Segundo Barros e Lehfeld (1996BARROS, A. de J. P.; LEHFELD, N. A. de S. Projeto de pesquisa: propostas metodológicas. Petrópolis: Vozes, 1996., p. 70), a análise de conteúdo “[...] é atualmente utilizada para estudar e analisar material qualitativo, buscando-se melhor compreensão de uma comunicação ou discurso, de aprofundar suas características gramaticais às ideológicas e outras, além de extrair os aspectos mais relevantes”.

A análise de conteúdo não tem modelo pronto: constrói-se através de um vaivém contínuo e tem que ser reinventada a cada momento, conforme Bardin (1979BARDIN, L. Análise de conteúdo. Lisboa: Edições 70, 1979., p. 31). Para o tratamento dos dados da pesquisa passamos pelos três momentos previstos pela autora: a pré-análise, a exploração do material e o tratamento dos resultados: (inferência e interpretação).

Ao final do processo todos os resultados foram cuidadosamente examinados e postos em diálogo com o referencial teórico estudado, permitindo-nos estabelecer conclusões sobre a amostra estudada, passíveis de generalização.

Trazendo alguns dados do primeiro campo do questionário da pesquisa, que descrevia a amostra dos respondentes, temos (Gráfico 1):

Gráfico 1
Meio de conexão à internet utilizado

Do segundo campo do instrumento, de questões comportamentais, selecionamos a resposta ao quesito “Para você a internet serve mais para...” (Gráfico 2):

Gráfico 2
Utilizo a internet para...

Finalmente, das questões preferenciais do terceiro campo escolhemos uma das afirmativas sobre a internet apresentadas: “A internet ocupa muito o meu tempo”.

Transcrevemos aqui algumas respostas, exatamente da forma como foram redigidas, sem correção ortográfica ou gramatical. Dos adolescentes que responderam ao questionário, a maioria significativa (67,56%) concordou com a afirmativa, com justificativas do tipo:

  1. A internet me afasta do mundo real porque fico horas jogando e esqueço até de comer.”;

  2. As pessoas deixam por diversas vezes de dialogar com as outras por passar mais do que o tempo considerado razoável na internet e agora com os celulares com internet esse diálogo com outros se tornou ainda mais difícil, ou seja, as pessoas passam mais tempo com aqueles que estão ausentes (no mundo virtual) do que os que estão presentes (mundo real). O que faz com que as relações fiquem cada vez mais superficiais e com curto prazo.”;

  3. A internet dificulta as relações sociais, pois o mundo virtual não é o real, mas sim o imaginado.”;

  4. A internet pode se tornar um vício para quem não sabe usá-la tornando um dificultor nas relações pessoais.”;

  5. A internet ocupa meu tempo, porque não converso mais com as pessoas direito.”;

  6. Dar atenção aos amigos entre outros é muito difícil o que te leva para outro mundo. Você entra em uma página e quando vê já clico em mais umas outras dez página.”;

  7. Apesar de não acontecer com a minha pessoa exatamente, devo em parte aceitar que ela me afasta de algumas relações sociais, pois as pessoas não passam da mesma forma e reconheço que muitos acabam se tornando alienadas dessa ferramenta e não aceitam outro contato que não pela internet; o telefone se usa apenas para acessar as redes, falar é raro.”;

  8. A internet dificultando as relações sociais com o mundo real e o fato de menos leitura devido a internet. Todos passam muito mais tempo na internet fora daquele ambiente.”;

Aqueles que discordaram da afirmativa apresentaram argumentos como:

  1. Acredito que hoje em dia as pessoas já estejam bem esclarecidas quanto aos benefícios e malefícios interpessoais que qualquer tecnologia (celular, internet etc) pode trazer. Afastar-se ou não da realidade é uma escolha da pessoa. Eu, por exemplo, prefiro fazer uso dela como uma ‘ponte’ para me manter mais próxima das pessoas com as quais não convivo mais ou vivem distantes de mim.”;

  2. A internet facilita as relações no mundo real, pois tornou mais rápido marcar encontros, manter contato com amigos que moram longe etc.”;

  3. A internet em nada atrapalha as relações sociais, pelo contrario, auxilia na aproximação das pessoas como por exemplo o facebook.”;

  4. Na internet consigo fazer muitas coisas juntas, a pesquisa da escola, conversar, namorar, ouvir música.”;

Para algumas pessoas o tema foi tão significativo que retornaram à questão no último campo do questionário, aberto a comentários livres:

Devemos estar alertas para a solidão construída pela internet onde as pessoas se fecham entre 4 paredes e uma fala para não correcem risco riscos de errar. Nada pode substituir as relações. A internet deve ser apenas um elemento complementar.

A internet deve ser utilizada de modo racional para não afastas as pessoas dos livros e dos relacionamentos humanos.

Apesar de todas as vantagens que a internet proporciona, as relações pessoais e ao vivo sempre são as melhores.

Por fim acho que a internet pode facilitar em muitos aspectos da vida, mas tem coisas que precisam de maior contato.

Já fiquei mais da metade do dia conectado, hoje continuo em torno de 4 horas com total atenção, mas meu celular fica 24 horas conectado. Se alguem me procura no whatsapp posso não responder na hora, mas em pouco tempo.

Considerações finais

Observando a amostra dos 481 adolescentes que responderam ao questionário, verificamos a predominância do sexo feminino e da escolaridade de ensino médio e ensino superior incompleto. O principal meio de conexão utilizado é o celular e a média de horas de conexão por dia é de nove horas.

Perguntados sobre a maior utilização do tempo conectados à internet, as redes sociais foram referências majoritárias, seguidas de pesquisa e entretenimento, entretenimento e pesquisa.

A afirmativa “A internet ocupa muito o meu tempo” recebeu 67,56% de concordância dos respondentes ao questionário, como já dissemos. Pretendemos, nestas considerações finais do artigo, analisar algumas justificativas apresentadas, agrupadas por núcleos de significado. Apresentamos os três núcleos de significado aos quais se agregaram o maior número de respostas:

O 1º núcleo de significado recebeu a denominação “relação com a realidade”. Foram respostas que focalizaram, ao concordar com a afirmativa “A internet ocupa muito o meu tempo”, aspectos como a excessiva fantasia estimulada pelo mundo virtual, provocando o afastamento do mundo real, a onipotência, a criação de mundos e relacionamentos imaginários, a perda da noção do tempo utilizado, assim como a possibilidade de desenvolvimento de comportamentos adictivos (dependentes) à internet.

Os que discordaram da afirmativa enfatizaram que as pessoas já estão suficientemente esclarecidas sobre os riscos da internet, de que ela não oferece nada que possa ser mais atraente que o mundo real.

O 2º núcleo de significado foi “relacionamentos sociais”. As respostas concordantes com a afirmativa trouxeram menções ao isolamento provocado pela internet, o medo das relações face a face, a fragilidade e superficialidade das relações estabelecidas, a falsa impressão de popularidade, entre outras.

As discordâncias focalizaram a rapidez e a agilidade da internet para estabelecer contatos sociais, as ferramentas disponibilizadas para isso, a possibilidade de romper barreiras como o distanciamento geográfico e o excesso de compromissos.

O 3º núcleo de significado recebeu o nome de “internet e cognição”. Nele foram incluídas respostas que trouxeram a utilização da internet para estudo, pesquisa e trabalho.

As respostas concordantes com a afirmativa tiveram como tema, por exemplo, a diminuição da leitura, o fato da internet trazer fontes de pesquisa pouco confiáveis, de haver uma sobrecarga de estudo e de trabalho pelo fato da conexão à rede ser constante, da facilidade de dispersão da atenção quanto ao foco do que é estudado.

As discordâncias foram fundamentadas em argumentos como a rapidez oferecida pelas ferramentas de busca e a hipertextualidade, além da fartura de fontes e materiais oferecidos.

Como é possível perceber, os conceitos que constituem o referencial teórico utilizado na pesquisa, parte dos quais foram citados neste artigo, surgiram e foram de grande valia na análise dos dados coletados na pesquisa.

Para concluir o texto escolhemos uma referência que nos pareceu fundamental: a de Henry Jenkins. Segundo ele, os jovens ditam tendências com seus usos e apropriações do “fluxo de conteúdos através de múltiplos suportes midiáticos”. (JENKINS, 2009JENKINS, H. Cultura da convergência: a colisão entre os velhos e novos meios de comunicação. São Paulo: Aleph, 2009., p. 29).

Na pesquisa nos deparamos com jovens profundamente imersos naquilo que o autor chama de cultura da convergência, “[...] onde as velhas e as novas mídias colidem, onde mídia corporativa e mídia alternativa se cruzam, onde o poder do produtor de mídia e o poder do consumidor interagem de maneiras imprevisíveis”. (JENKINS, 2009JENKINS, H. Cultura da convergência: a colisão entre os velhos e novos meios de comunicação. São Paulo: Aleph, 2009., p. 29).

Jenkins (2009JENKINS, H. Cultura da convergência: a colisão entre os velhos e novos meios de comunicação. São Paulo: Aleph, 2009.) não adota conceitos de Geração Digital, Generation.com ou de Nativos Digitais, falando de uma geração transmídia, que tem maior controle sobre as tecnologias de informação e comunicação, cria sites e blogs, partilha conteúdos nas redes sociais, mais participativa e que se mobiliza politicamente de maneira mais rápida, através dos movimentos sociais.

Afirma que a cultura da convergência:

Representa uma mudança de paradigma, a mudança de um conteúdo que é específico de um meio para um conteúdo que flua através de diversos canais de mídia. Esse movimento leva à crescente interdependência dos sistemas de comunicação, em direção de múltiplas formas de se acessar conteúdos de mídia, à existência de relações ainda mais complexas entre a mídia corporativa autoritária e a cultura participativa libertadora. (JENKINS, 2009JENKINS, H. Cultura da convergência: a colisão entre os velhos e novos meios de comunicação. São Paulo: Aleph, 2009., p. 243).

No título deste artigo falamos em “desafios para a educação” e é isso que apresenta. Como lidar com uma geração com essas características utilizando os tempos, os métodos e as linguagens da educação tradicional?

Esse desafio é resumido por Jenkins quando diz que o maior problema que se apresenta não é a antiga divisão digital que classifica as pessoas de acordo com o seu acesso às ferramentas midiáticas, mas sim o que ele chama de “vácuo de participação”: existe um número infindável dessas ferramentas e cada vez mais pessoas têm acesso a elas, mas a formação humana não acompanhou essa evolução criando um “[...] acesso desigual às oportunidades, experiências, habilidades e conhecimento que irão preparar os jovens para a plena participação no mundo de amanhã”. (JENKINS, 2006JENKINS, H. Confronting the Challenges of Participatory Culture: media education for 21st century. Chicago, IL: MacArthur Foundation, 2006., p. 3). E em outra obra: “Precisamos reavaliar os objetivos da educação midiática, para que os jovens possam se ver como produtores culturais e participantes, e não simplesmente como consumidores, críticos ou não.” (JENKINS, 2009JENKINS, H. Cultura da convergência: a colisão entre os velhos e novos meios de comunicação. São Paulo: Aleph, 2009., p. 259).

Para ele, é necessário que a educação enfrente o desafio representado por esses adolescentes e jovens que precisam do conjunto de habilidades requeridas pela cultura digital, citadas anteriormente: experimentação, flexibilidade, simulação, apropriação, multitarefa, cognição distribuída, inteligência coletiva, julgamento e navegação transmídia.

Para que a educação compreenda e desenvolva essas novas literacias são necessárias...

[...] novas alfabetizações midiáticas: um conjunto de competências culturais e habilidades sociais de que os jovens necessitam na nova paisagem da mídia. A cultura participativa muda seu foco de alfabetização do nível de expressão individual para o de envolvimento comunitário. Quase todas as novas formas de alfabetização envolvem habilidades sociais desenvolvidas com colaboração e trabalho em rede. Essas habilidades se constroem sobre a base da alfabetização tradicional, as habilidades de pesquisa, habilidades técnicas e habilidades de análise crítica ensinadas em sala de aula. (JENKINS, 2006JENKINS, H. Confronting the Challenges of Participatory Culture: media education for 21st century. Chicago, IL: MacArthur Foundation, 2006., p. 4).

Em entrevista realizada em 2010, JenkinsJENKINS, H. O jovem é o guardião da cultura. Entrevista concedida a Bruno Porto. O Globo, Cultura, 25 maio 2010. Disponível em: <Disponível em: http://oglobo.globo.com/cultura/megazine/henry-jenkins-jovem-o-guardiao-da-cultura-3002904 >. Acesso em: 18 mar. 2016.
http://oglobo.globo.com/cultura/megazine...
, perguntado sobre diferença entre as gerações de 2010 e de 2020, respondeu que nesse período de transição de mídias os jovens são sempre os primeiros a se adaptarem às tecnologias e práticas culturais emergentes, são guardiões das práticas culturais. “A maioria das novas práticas digitais, que parecem alienígenas para os mais velhos, está servindo a propósitos que eles conhecem das suas próprias experiências de adolescentes”. (JENKINS, 2010JENKINS, H. O jovem é o guardião da cultura. Entrevista concedida a Bruno Porto. O Globo, Cultura, 25 maio 2010. Disponível em: <Disponível em: http://oglobo.globo.com/cultura/megazine/henry-jenkins-jovem-o-guardiao-da-cultura-3002904 >. Acesso em: 18 mar. 2016.
http://oglobo.globo.com/cultura/megazine...
, não p.)

São adolescentes que, além de tudo, dimensionam o tempo de uma forma nova. Trata-se da “geração touch”, sempre ligada aos celulares conectados à internet, que evoluiu no uso das tecnologias digitais da interação para a integração.

Cumpre à educação saber lidar com ela e às instituições que formam professores prepará-los para esse fascinante desafio que é educá-la.

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Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    Apr-Jun 2017

Histórico

  • Recebido
    06 Jun 2016
  • Aceito
    03 Jan 2017
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