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Editorial

Editorial

Incorporando-se à comemoração do ANO INTERNACIONAL DA ALFABETIZAÇÃO, procurou-se privilegiar, neste número, as pesquisas, artigos e relatos de experiências que evidenciassem o posicionamento dos autores e, inclusive, do próprio Setor de Educação desta Universidade em relação ao probelma da alfabetização.

A matéria aqui apresentada contempla, sob difernetes matrizes, a questão pedagógica da alfabetização em seus diferentes aspectos sócio-econômico-culturais, bem como evidenciando as contribuições da psico-sócio-lingüística, propondo ainda posicionamentos em relação aos dados expostos. Acrescenta-se aos artigos relatos da experiência técnico- metodológica desenvolvida por uma equipe que trabalha com a alfabetização de adultos no Departamento de Métodos e Técnicas da Educação, nesta Universidade.

Sem pretender esgotar o assunto, mesmo pela sua grandeza e oportunidade, deseja-se considerar, além das informações estatísticas que apontam para uma realidade que convida ao aprofundamento maior da questão sobre alfabetização as razões pelas quais parte da humanidade que constitui o terceiro mundo ainda está privada do acesso à cidadania via alfabetização.

Não obstante ter-se registrado elevação da escolarização das crianças na década de sessenta e setenta, constatou-se segundo relatórios da UNICEF que, ao contrário, a década de oitenta foi marcada por um declínio da escolarização, elevando-se de 50 para 60 milhões de crianças de seis a 11 anos fora da escola.

Outro fator preocupante em relação ao problema da alfabetização mundial está no desafio ao cumprimento das metas propostas até o início do próximo século. Segundo a UNICEF, se as metas forem cumpridas, no ano 2.025 o mundo terá 10% de analfabetos adultos. Se, entretanto, não o forem, teremos, no mesmo ano, 60% de adultos analfabetos.

Em relação ao Brasil, as estatísticas apresentam que 30% das crianças de sete a quatorze anos estão fora da escola. Agrava-se a situação quando o índice de violência urbana entre as crianças e adolescentes aumenta as expectativas de melhoria de vida são mais exploradas pela sofisticação do consumismo desenfreado.

A discussão sobre o analfabetismo, ao lado das preocupações já realçadas, deve abranger também concepções de liberdade e democracia que fortalecem o exercício ativo e contínuo da pessoa enquanto ser social e, igualmente, sua dimensão interior como individualidade, na conquista da cidadania.

Se, no conteúdo da alfabetização, não estiver presente o sentido do homem enquanto cidadão e pessoa, isto é, as dimensões sociais e individuais, seu resultado poderá apenas limitar-se ao processo de doutrinação ou domesticação.

PROF. ARCHIMEDES PERES MARANHÃO

Diretor do Setor de Educação da UFPR.

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    10 Mar 2015
  • Data do Fascículo
    Dez 1989
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