Entre a incompreensão e a intolerância: as raízes do extremismo no século XVII
DOI:
https://doi.org/10.5380/dp.v22i1.97823Resumo
Evidentemente, discorrer sobre as raízes do extremismo é uma tarefa extremamente complexa. Não se trata apenas de traçar os perfis psicológicos individuais e coletivos por trás do fenômeno do extremismo; é preciso ainda levar em conta fatores sociais, econômicos e geopolíticos que estão envolvidos na questão. Além disso, não é possível efetuar uma generalização, a partir de alguns casos, como se aquilo que se observa em alguns casos valesse para o mundo todo. Em outras palavras, trata-se de tarefa de historiador, compreendido em termos contemporâneos e levando em conta a história e a evolução da própria área de História desde o século XVII até o século XXI (DOSSE, 2017). O século XVII, pois é desse período que se trata, constitui uma época de extremos (HOBSBAWM, 1995), ou, mais precisamente, uma era de intolerância. Não havia espaço para a neutralidade, era preciso tomar um partido. Para compreender as raízes da intolerância, ou do extremismo, examinamos aqui, em primeiro lugar (I) o Édito de Nantes, promulgado pelo rei Henrique IV em 1598. Trata-se do primeiro documento abrangente que renuncia à ideia de conciliação das religiões (a Protestante, ou Religião Pretensamente Revelada [RPR] e a Católica Apostólica Romana), enunciando de fato princípios de tolerância entre os praticantes das duas religiões. Em segundo lugar (II), examinamos o seu “antídoto”, ou seja, o Édito de Fontainebleau, promulgado em 1685 pelo rei Luís XIV e que revoga o Édito de Nantes. Em terceiro lugar (III), examinamos a “Oração fúnebre a Michel de Tellier” (1686), pronunciada por Bossuet, e que constitui um encômio exagerado ao rei Luís XIV e ao Édito de Fontainebleau. Em quarto lugar (IV), examinamos o “Aviso importante aos refugiados sobre seu próximo retorno em França” (1690), de Pierre Bayle, no qual esse autor lembra que a intolerância não é exclusividade dos católicos, afetando também os protestantes. Neste texto, portanto, procuraremos, a título de ensaio, buscar as raízes do extremismo naquele que, pelo menos na Europa, ficou conhecido como o século das guerras de religião, ou século da intolerância.
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