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O desmedido momento e a montagem da cena nas bordas da fabulação e do inesperado em Jacques Rancière

Ângela Cristina Salgueiro Marques

Resumo


Este texto realiza uma revisão de literatura em torno dos principais aspectos que envolvem a construção da cena dissensual em Jacques Rancière, evidenciando como a potência fabulativa da racionalidade ficcional produz momentos quaisquer que perturbam os encadeamentos consensuais de ações, gestos, existências e experiências. A partir da produção de intervalos e liminaridades, é possível reconfigurar temporalidades e espacialidades a fim de desestabilizar e desierarquizar as relações de dominação e propor outros imaginários. O momento qualquer suspende a ordem corriqueira do tempo, redispõe o visível, as ações e as formas como as coisas e os seres aparecem, a maneira habitual de ocupar um espaço, a forma de identificar-se como indivíduo e de inscrever-se nas relações. Assim, a cena de dissenso, tomada como singularidade e como operação a partir da qual se pode produzir momentos de rêverie (devaneio fabulador) que fraturam imaginários consensuais, altera o modo como lemos, vemos e ouvimos o outro e o mundo a nosso redor. Argumentamos que a cena realiza uma desmontagem das explicações previsíveis, deslocando consensos e oferecendo um imaginário antihierárquico e no qual coexistem múltiplos tempos, espaços e existências.


Palavras-chave


Cena de dissenso; Aparecer; Fabulação; Momento qualquer.

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DOI: http://dx.doi.org/10.5380/dp.v19i3.85930