O xamanismo na era de sua reprodutibilidade técnica
DOI:
https://doi.org/10.5380/dp.v16i2.70262Palavras-chave:
xamanismo, tecnologia, máquinas, ciborgue, perspectivismoResumo
Desde os anos 1990, Laymert Garcia dos Santos vem, não apenas articulando sinergias consistentes do
xamanismo yanomami com a arte contemporânea, como também reiteradamente colocando à prova a hipótese,
via de regra formulada nos termos de Gilbert Simondon, de que “o primeiro técnico é o pajé, o medicine man, [...] [o]
xamã”, que “traz para sua comunidade um elemento novo e insubstituível produzido num diálogo direto com o mundo,
um elemento escondido ou inacessível para a comunidade até então”. Proponho neste texto retomar alguns casos
etnograficamente documentados de “xamaquinismos” audiovisuais à luz da hipótese simondoniana reformulada por
Garcia dos Santos: se os xamãs são os primeiros técnicos, não seria pelo mesmo motivo que são também os primeiros
artistas?, i.e.: por operarem reticularmente, sobre nós de articulação entre realidades normalmente incompatíveis?;
por acessar, em bloco e de forma controlada, num aqui-agora singular, a presença de grandes potências normalmente
dispersas num alhures-outrora inacessível e incontrolável?
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