Voltaire pensador da tolerância: do combate ao fanatismo à luta contra o ateísmo
DOI:
https://doi.org/10.5380/dp.v9i3.27439Palavras-chave:
Voltaire, religião, tolerância, teoria, práticaResumo
A militância de Voltaire em favor da tolerância parece um truísmo, dado o conhecimento do caráter sistemático de sua luta contra o fanatismo religioso e a reabilitação dos condenados que essa mesma luta logrou. Mas é forçoso reconhecer que, em seu combate contra o fanatismo, Voltaire parece mais interessado pelos efeitos produzidos no nível prático do combate, e notadamente pelo sucesso obtido em favor dos defendidos, muitas vezes póstumo, infelizmente, que pela preocupação de convencer teoricamente seus adversários. A prova está no fato de que o Tratado sobre a tolerância tem apenas uma pequena parte argumentativa, o essencial reside em mostrar por meio de exemplos os estragos do fanatismo, particularmente o religioso, durante o curso da história. Contudo, Voltaire não é alheio a uma verdadeira reflexão teórica sobre o conceito de tolerância, mas esta lhe parece ineficaz ou incapaz de conquistar a convicção da maioria de seus contemporâneos que prefere a denúncia das injustiças apresentada em termos de fatos mais do que em termos de direito. Resta que Voltaire não se restringe à exposição dos fatos, ele sabe que a filosofia e o direito têm sua palavra sobre o assunto, e que a teoria influi sobre a prática como esta sobre a primeira. Daí porque, parece-me, a reflexão de Voltaire sobre a noção de tolerância não permanece somente no nível das tomadas de posição do filósofo de Ferney a respeito deste ou daquele sujeito cujos direitos foram agredidos, mas que ela deve também ser apreendida no nível teórico, pois, sobre este ponto também, a posição de Voltaire é ao mesmo tempo original e sem concessão, rompendo radicalmente com aquela de um de seus mestres ingleses, John Locke.
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