A pintura como paradigma da percepção
DOI:
https://doi.org/10.5380/dp.v9i1.25515Palavras-chave:
Percepção, Pintura, Corpo, ExpressãoResumo
As reflexões sobre a pintura atravessam todo o itinerário da obra de Merleau-Ponty e parecem indicar os motivos do movimento e da unidade do seu pensamento, especialmente quando buscamos compreender o alcance significativo da percepção enquanto um acontecimento pré-reflexivo. A experiência da percepção é radicalizada na pintura que expressa um "nível primordial" - "leva à sua última potência um delírio que é a visão mesma" - com todos os caracteres que a própria fenomenologia buscou atingir ao descrever as diferentes formas de experiência perceptiva, seja através da descrição da experiência pré-reflexiva do corpo próprio ou, finalmente, da concepção de fé perceptiva enquanto "doação em carne". A pintura realiza a intenção mais genuína de uma filosofia dedicada à descrição do pré-reflexivo: testemunha e interroga o ser. O pintor, como indicam as análises sobre Cézanne, ao permanecer no solo originário, sem a necessidade de justificativas ou de fundamentos, livre da obrigação de anunciar uma tese ou uma convenção sobre o mundo, expressa a significação mais bruta da percepção: aquilo que faz do visível ser visível.
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