O livre-pensamento: um entusiasmo da razão?
DOI:
https://doi.org/10.5380/dp.v1i2.1931Palavras-chave:
entusiasmo, razão, livre-pensamento, Berkeley, Shaftesbury, Alciphron, Enthusiasm, FreethinkingResumo
A acusação de entusiasmo é um dos temas mais paradoxais da polêmica entabulada por Berkeley no Alciphron contra o livre-pensamento. Com efeito, o entusiasmo designa tradicionalmente uma forma de iluminação religiosa aparentemente incompatível com as pretensões do livre-pensamento à racionalidade crítica. Ora, essa acusação não se dirige aos principais deistas como Toland e Collins (antes qualificados como racionalistas obstinados) mas principalmente a Shaftesbury, cuja análise inovadora do entusiasmo como paixão universal, criativa ou destrutiva segundo o temperamento do indivíduo, é recusada por Berkeley. Este artigo quer mostrar que a recusa de Berkeley traz subentendida uma concepção da razão como disciplina educativa heterônoma e que ela reenvia a uma imagem tradicional do homem, cuja natureza só é bestial antes ou sem a educação religiosa, contra a reavaliação do papel epistemológico e moral conferido pela análise shaftesburiana do entusiasmo ao desejo e ao sentimento individuais.
Freethinking: an Enthusiasm of Reason?
Abstract
In the polemic raised by Berkeleys Alciphron against Freethinking, one of the most paradoxical topics is the accusation of enthusiasm. For enthusiasm traditionnally means a kind of religious illumination seemingly incompatible with the critical rationalism the freethinkers pretend to assume. Now this accusation is not raised against the foremost british deists like Toland and Collins (rather dismissed as rationalistic bigots), but against Shaftesbury, whose new analysis of enthusiasm as a universal passion, creative or destructive following only the temper of the individual, is strongly rejected by Berkeley. This papers aim is to show that Berkeleys rejection of this modern sense of enthusiasm involves a traditional and conservative conception of reason as an heteronomous, educational discipline of man, whose nature would only be bestial before -or withoutreligious education, against the new epistemological and moral role given to desire and sentiment by Shaftesburys analysis of enthusiasm.
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