O DESAFIO DO BABAÇU (ORBIGNYA SPECIOSA MART. EX SPRENG) NO PIAUÍ
Resumo
A situação pela qual passam as populações agroextrativistas babaçueiras no Estado do Piauí merece reflexão. A dinâmica econômica atribuída pela atividade produtiva do coco babaçu (Orbignya speciosa Mart. ex Spreng, recentemente denominado de Attalea speciosa Mart. ex Spreng) à sociedade piauiense se enfatiza aos períodos pujantes da comercialização da amêndoa no mercado internacional. Em anos recentes, o desafio atribuído à cadeia produtiva do coco babaçu é superar o imobilismo das políticas públicas à atividade, principalmente nos espaços rurais. Nesse sentido, esta análise se funde sobre a realidade encontrada em 13 comunidades rurais do município de Miguel Alves (PI), a qual está alicerçada no modelo de observação não participante, cuja construção dos dados foi realizada a partir da aplicação de formulários e entrevistas semiestruturadas com 75 mulheres quebradeiras de coco, possibilitando levantar informações do perfil socioeconômico das famílias; o padrão tecnológico empregado no manejo e no processamento dos produtos gerados; a diversidade dos mercados de consumo; o manejo dos estoques naturais dos babaçuais; a participação das instituições sociais no sistema produtivo do babaçu; a importância cultural do babaçu nas comunidades e as condições geoambientais para a ocorrência do babaçu no município. Os resultados demonstram que os caminhos para a manutenção da atividade babaçueira no Estado partem da potencialização e irradiação de um integrado programa de desenvolvimento local sustentável nas comunidades.
Palavras-chave
Referências
ARAÚJO, J. L. L. (Org.). Atlas escolar do Piauí: Geo-histórico e cultural. João Pessoa: Grafset, 2006.
BUARQUE, S. C. Construindo o desenvolvimento local sustentável: metodologia de planejamento. 8. ed. Rio de Janeiro: Garamond, 2008.
CARVALHO, M. D. F. de (Org.). Aproveitamento racional do babaçu. Teresina, PI: UFPI/CNPq, 2007.
CONDÉ, P. A. A. O acesso à terra e a visão do público não mobilizado em acampamentos: o crédito fundiário no município de Caçador (SC). 2006, 271 fls. Dissertação (Mestrado em Agroecossistemas), Centro deCiências Agrárias. Universidade Federal de Santa Catarina, Florianópolis, 2006.
DIEGUES, A. C.; ARRUDA, R. S. V.; SILVA, V. C. F. da; FIGOLS, F. A. B.; ANDRADE, D. Os saberes tradicionais e a biodiversidade no Brasil. São Paulo: USP/MMA/CNPq, 2000.
DIEGUES, A. C. O mito moderno da natureza intocada.4. ed. São Paulo: Hucitec, 2004.
EID, F.; PIMENTAL, E. B. Planejamento do desenvolvimento local e economia solidária. In: LIANZA, S.; ADDOR, F. (Orgs.). Tecnologia e desenvolvimento social e solidário. PortoAlegre, RS: UFRGS, p. 121-137.2008.
EMBRAPA. Banco de dados sobre a classificação dos solos no município de Miguel Alves (PI). Disponível em: http://www.uep.cnps.embrapa.br/solos/index. php?link=piAcesso em 15 de janeiro de 2013.
FUINI, L. L. A nova dimensão dos territórios: competitividade e arranjos produtivos locais (APL). Revista Estudos Geográficos, Rio Claro, v. 4, n. 1, p. 53-66, 2006.
IBGE. Síntese de Indicadores Sociais 2009:uma análise das condições de vida da população brasileira. Rio de Janeiro: IBGE, 2009.
______. Censo demográfico 2010 (Piauí). Características da população e dos domicílios. Resultados do universo. Rio de Janeiro: IBGE, 2010.
______. Banco de dados sobre a produção da extração vegetal e da silvicultura no período 2000 a2010. Disponível em: http://www.sidra.ibge.gov.br/bda/acervo/acervo2.asp?e=v&p=VS&z=t&o=18Acesso em: 13 de fevereiro de 2013.
JESUS, P. de. Desenvolvimento local. In: CATTANI, A. D. (Org.). A outra economia.Porto Alegre, RS: Veraz Editores, p. 72-75.2003.
LAKATOS, E. M.; MARCONI, M. de A. Fundamentos de metodologia científica. 3. ed. São Paulo: Atlas, 1991.
LEFF, E. Espacio, lugar y tiempo: la reapropiación social de la naturaleza y la construcción local de la racionalidade ambiental. Desenvolvimento e Meio Ambiente,Porto Alegre, UFPR, n.1, jan./jun. 2000.
______. Ecologia, capital e cultura: a territorialização da racionalidade ambiental. Petrópolis, RJ: Vozes, 2009.
______. Discursos sustentáveis. São Paulo, SP: Cortez, 2010.
LIMA, G. P. Atlas daexclusão social no Piauí: a herança deixada. Teresina, PI: Fundação CEPRO, 2003.
LORENZI, H. (Org.). Palmeiras brasileiras e exóticas cultivadas. Nova Odessa, SP: Instituto Plantarum, 2004.
MAY, P. H. Palmeiras em chamas: transformação agrária e justiçasocial na zona do babaçu. São Luís: EMAPA/FINEP/Fundação Ford, 1990.
MARTINELLI, D. P. Desenvolvimento local e o papel das pequenas e médias empresas. Barueri, SP: Manole, 2004.
MENDES, F. Economia e desenvolvimento do Piauí. Teresina: Fundação Monsenhor Chaves, 2003.
NASCIMENTO JÚNIOR, F. das C. do. O desenvolvimento e a reinvenção de sua promoção em escala local: conceito falsas políticas e dilemas de promoção do desenvolvimento local. Revista Estudos Geográficos, Rio Claro, v. 4, n. 1, p. 31-39, 2006.
OLIVEIRA, M. D. de. O desenvolvimento a partir da comunidade: do poço sem fundo das necessidades à valorização das capacidades. In: CARDOSO, R.; OLIVEIRA, M. D. de; LOBO, T.; FRANCO A. de; GORDINHO, M. (Orgs.). Sociedade civil, democracia e desenvolvimento: ideais e experiências em debate. São Paulo: Marca D’água Ltda, p.67-70.2006.
QUEIROZ, T. Economia piauiense: da pecuária ao extrativismo. 3. ed. Teresina: EDUFPI, 2006.
RÜCKERT, A. A. Reforma do Estado, reestruturação territoriais, desenvolvimentoe novas territorialidades. GEOUSP –Espaço e tempo, São Paulo, n. 17, p. 79-94, 2005.
SACHS, I. Estratégias de transição para o século XXI. In: BURSTZTYN, M. Para pensar o desenvolvimento sustentável. São Paulo: Ed. Brasiliense, 1994. p. 29-56.
______. Desenvolvimento: includente, sustentável, sustentado. Rio de Janeiro: Garamond, 2008.
SANTOS, A. de P. dos. Estudo sócio-econômico dos principais produtos do extrativismo vegetal do Piauí: babaçu. Teresina, PI: Fundação CEPRO, 1979.
SANTOS, I. E. dos. Manual de métodos e técnicas de pesquisa científica. 9. ed. Niterói, RJ: Impetus, 2012.
SCHNEIDER, S. Agricultura familiar e desenvolvimento rural endógeno: elementos técnicos e um estudo de caso. In: SEMINÁRIO DE DESENVOLVIMENTO RURAL, 2003, Santa Maria –RS. Anais.p. 1-25.UFSM, Santa Maria -RS, de 26 a 27 de maio de 2003.
SILVA, A. J. da; ARAÚJO, J. L. L.; BARROS, R. F. M. de. Agroextrativismo em área de babaçual piauiense: o duro caminho para o desenvolvimento local sustentável. In: ENCONTRO NACIONALDA ANPPAS, V, 2010, Não paginado,Florianópolis -SC. Anais.UFSC, Florianópolis –SC, de 4 a 7 de outubro de 2010.
SILVA, A. J. da. 2 fotografias digital color, 2010.
______. Extrativismo do coco babaçu (Orbignya phalerata, Mart.) no município de Miguel Alves-PI: caminhos para o desenvolvimento local sustentável. 2011,147 fls. Dissertação (Mestrado em Desenvolvimento e Meio Ambiente), Trópico Ecotonal do Nordeste, Universidade Federal do Piauí, Teresina, 2011.
SPOSITO, E. S. Geografia e filosofia: contribuição para o ensino do pensamento geográfico. São Paulo: UNESP, 2004.
SOUSA SANTOS, B. de; RODRIGUEZ, C. Introdução: para ampliar o cânone da produção. In: SOUSA SANTOS, B. Produzir para viver. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, p. 23-77.2002.
TABOSA, F. J. S; TEIXEIRA, K. H.; FURTADO, D. M.; MADALOZZO, C. L.; MAYORGA, M. I. de O. Desenvolvimento local e capital social: uma leitura sobre os núcleos e arranjos produtivos do Estado do Ceará. In: CONGRESSO DA SOCIEDADE BRASILEIRA DE ECONOMIA, ADMINISTRAÇÃO E SOCIOLOGIA RURAL –SOBER, XLII, 2004, Cuiabá. Não paginado. Anais.Cuiabá, 2004. Disponível em: http://www.sober.org.br/palestra/12/05P308.pdfAcesso em10 de março 2013.
THIOLLENT, M. Crítica metodológica, investigação social e enquete operária.São Paulo: Polis, 1987.
VILELA, S. L. O.; MORAES, M. D. C. Relatório final de pesquisa SAG-Babaçu. Teresina: CONSPAR, 2008.
WILHELMS, C. Babaçu riqueza inexplorada: possibilidades para a intensificação das exportações brasileiras através da diversificação das ofertas. Rio de Janeiro: Banco do Brasil/Instituto de Óleos, 1968.
ZUBRZYCKI, G. The classical opposition between civic and ethnic models os nationhood: ideology, empirical reality and social scientific analysis. Polish Sociological Review, Chicago, USA, n. 3, p. 275-295, 2003.
DOI: http://dx.doi.org/10.5380/raega.v33i0.31960
