SIMULAÇÃO DOS IMPACTOS DAS MUDANÇAS CLIMÁTICAS GLOBAIS NA EVAPOTRANSPIRAÇÃO DE REFERÊNCIA DA BACIA AMAZÔNICA BRASILEIRA

Autores

DOI:

https://doi.org/10.5380/rbclima.v28i0.74046

Palavras-chave:

Evapotranspiração, Mudanças Climáticas, Floresta Amazônica, Modelagem Ambiental.

Resumo

A intensificação do processo de aquecimento do planeta causado pelo aumento na emissão de gases do efeito estufa (GEE) representa inúmeros riscos para os ecossistemas naturais. Mudanças na composição atmosférica podem alterar variáveis climáticas em diversas regiões do planeta, dentre elas a Bacia Amazônica Brasileira (BAB). Considerada a maior bacia hidrográfica do planeta, esta região influencia o clima de outras partes do Brasil e da América Latina. Portanto, alterações na BAB podem acarretar em desequilíbrios ambientais em outras regiões. Dentre os efeitos causadas pelas mudanças climáticas, estão as modificações nos padrões de evapotranspiração, importante reguladora do ciclo hidrológico. Neste artigo simulamos as alterações futuras na evapotranspiração de referência (ETo) na BAB decorrentes de um contínuo aumento nas emissões de GEE (cenário RCP 8.5). Utilizamos a plataforma Dinamica EGO para implementar um modelo espacialmente explícito baseado no método de Penman-Monteith padronizado pela FAO. A validação foi realizada comparando estatisticamente os resultados entre as simulações e as observações. Dessa forma, comprovamos que o modelo representa de forma próxima ao real o processo de evapotranspiração na BAB. A sazonalidade projetada da ETo se manteve estatisticamente similar à observada até o ano de 2050, com o aumento da ETo durante a estação seca e diminuição durante a estação chuvosa. A ETo apresentou um padrão de distribuição espacial com maiores valores na porção leste, se estendendo no sentido norte-sul. Este padrão acompanha a distribuição dos valores de temperatura e saldo de radiação, além de coincidir com o arranjo espacial do desmatamento.  Um forçamento radiativo de 8,5 w/m² em todo o planeta poderá aumentar a ETo na BAB, devido à elevação nos valores de temperatura e saldo de radiação solar. Este aumento é mais evidente na região nordeste se estendendo progressivamente para o sudoeste da bacia. Ao longo do século 21, as futuras alterações nos padrões de ETo podem trazer grandes problemas para as práticas agrícolas e para o abastecimento hídrico na BAB e em outras partes do País. Em suma, as mudanças climáticas globais, refletindo em alterações na ETo em conjunto com o aumento do desmatamento, podem acarretar em uma desregulação do balanço hídrico. Os nossos resultados reforçam a necessidade da adoção de ações governamentais efetivas com o objetivo de mitigar os efeitos das intensas emissões de GEE

Biografia do Autor

Welisson Wendel Eufrásio Gomes, Universidade Federal de Minas Gerais

Graduado em geografia pela Universidade Federal de Minas Gerais, foi pesquisador associado do Centro de Sensoriamento Remoto (CSR/UFMG) e do Laboratório de Modelagem Ambiental (LAMAM/UFMG) entre os anos de 2013 e 2015. Durante os anos de 2016 e 2017 ocupou o cargo de Especialista em Geoprocessamento Júnior na empresa Ferreira Rocha, sendo responsável pelo controle e operacionalização do Sistema de Informação Geográfica aplicado ao componente indígena da UHE Belo Monte. Atualmente é discente do Programa de Pós Graduação em Análise e Modelagem de Sistemas Ambientais da UFMG.

Argemiro Teixeira Leite-Filho, Universidade Federal de Minas Gerais

Engenheiro Florestal formado pela Universidade Federal de Viçosa e mestre em Meteorologia Aplicada pela mesma instituição, onde foi membro do Grupo de Pesquisa em Interação Atmosfera-Biosfera e bolsista CNPq. Possui experiência em Iniciações Científicas financiadas pela FAPEMIG e Banco Mundial, nas áreas de Recursos Florestais e Clima e uso do solo. Ex Diretor Presidente do CREA Minas Gerais Júnior Núcleo Viçosa, experiência no Exterior na Universidade de Bolonha, Itália e estágio no exterior na área de Engenharia agrária. Atualmente Bolsista CNPq de doutorado em Análise e Modelagem de Sistemas Ambientais na Universidade Federal de Minas Gerais e Pesquisador Colaborador no Centro de Sensoriamento Remoto. Estuda e pesquisa os problemas relacionados com causas e consequências da mudança no uso do solo e mudanças climáticas no Brasil, com foco na Amazônia e na segurança alimentar.

Britaldo Silveira Soares-Filho, Universidade Federal de Minas Gerais

Britaldo Silveira Soares-Filho é professor titular do Departamento de Cartografia, Instituto de Geociências da Universidade Federal de Minas Gerais. Atualmente é coordenador do Centro de Sensoriamento Remoto e da pós-graduação em Análise e Modelagem de Sistemas Ambientais da UFMG, cuja criação liderou, e orienta na pós em Meteorologia Agrícola na Universidade Federal de Viçosa. Sua pesquisa consiste em modelagem ambiental, em especial, o desenvolvimento de modelos de simulação de mudanças no uso e cobertura do solo, rentabilidade agrícola e florestal, dinâmica urbana, fogo florestal e balanço de carbono e suas aplicações para o desenho de políticas públicas e avaliação ex-ante dessas políticas. Um produto importante de sua pesquisa consiste no software DINAMICA EGO, uma plataforma para modelagem ambiental (www.csr.ufmg.br/dinamica).

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Publicado

2021-04-28

Como Citar

Gomes, W. W. E., Leite-Filho, A. T., & Soares-Filho, B. S. (2021). SIMULAÇÃO DOS IMPACTOS DAS MUDANÇAS CLIMÁTICAS GLOBAIS NA EVAPOTRANSPIRAÇÃO DE REFERÊNCIA DA BACIA AMAZÔNICA BRASILEIRA. Revista Brasileira De Climatologia, 28. https://doi.org/10.5380/rbclima.v28i0.74046

Edição

Seção

Artigos