Open Journal Systems

ARTESANIAS SOBRE AS MODALIDADES DE CRER E DE PERTENCER: ENTRE QUESTÕES ANTIGAS E RECENTES, UMA TRAJETÓRIA NA ANTROPOLOGIA E SOCIOLOGIA DA RELIGIÃO

Daniel Alves

Resumo


Por motivos relacionados à linguagem própria e às condições de felicidade no mundo acadêmico, expressam-se de uma forma impessoal os assuntos relacionados ao conhecimento de como se conhece, ou “epistemologia”. A antropologia, ou pelo menos parte dos que a realizam, ao dedicar-se ao processo do conhecimento de outros, reiteradamente levantou questionamentos epistemológicos em relação ao modo como a ciência e a filosofia ocidentais compreende-se a natureza, os eventos, o tempo ou o espaço. Não raras vezes, essas dúvidas foram expressas de modo bastante pessoal, trabalhando-se a partir do ponto de vista do outro por sobre o ponto de vista do sujeito que observa. Aqui realço alguns questionamentos por sobre a minha biografia acadêmica, mostrando como em determinados momentos foi necessário retrabalhar reflexivamente conceitos oriundos da academia ou das experiências de vida para compreender dados e situações concretas e complexas nas relações entre religião e sociedade. Mais ao final, explicito alguns limites específicos relacionados ao campo das interfaces entre religião, consumo e mídia.


Palavras-chave


Biografia acadêmica; reflexividade; pesquisa; religião; consumo.

Texto completo:

PDF

Referências


ALGRANTI, J. Política y religión en los márgenes: nuevas formas de participación social de las mega-iglesias evangélicas en la Argentina. Buenos Aires: CICCUS, 2010.

__________ (org.). La industria del creer. Sociología de las mercancías religiosas. Buenos Aires: Biblos, 2013.

__________. Produzir o Extraordinário: objetos, rituais e carisma na vida religiosa urbana. Religião e Sociedade, 38, n. 1, p. 159-180, 2018.

ALVES, D. Do surgimento e trajetória de um santuário mariano: visões, imagens e mensagens de Nossa Senhora em Taquari. 2001. Trabalho de conclusão (Graduação em Ciências Sociais - Instituto de Filosofia e Ciências Humanas, UFRGS, Porto Alegre.

__________. Notas sobre a condição do praticante budista. Debates do NER (UFRGS), v. 7, p. 57-80, 2006.

__________. Conectados pelo Espírito: Redes de contato e influência entre líderes carismáticos e pentecostais ao Sul da América Latina. 2011. Tese (Doutotado em Antropologia Social) - Programa de Pós-Graduação em Antropologia Social, Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre.

__________. Imagens, bíblias, bandas e favas: o mercado de bens de marcação religiosa em Catalão, Brasil. Mitológicas, XXXIV, p. 9-34, 2019a.

__________. Para a análise sociocultural do mercado de bens com marcação religiosa: marcos teóricos da pesquisa. Sociedad y Religión, 19, n. 51, p. 174-186, 2019b.

AMARAL, L. Carnaval da alma: comunidade, essência e sincretismo na nova era. Petrópolis: Vozes, 2000.

ASAD, T. El concepto de la traduccion cultural en la antropologia social britanica. In: CLIFFORD, J. e MARCUS, G. E. (Orgs.). Retoricas de la Antropologia. Madrid: Jucar Universidad, 1991. p. 205-234.

BARRAGAN, Y. R. A Igreja Universal do Reino de Deus no Uruguai: Um estudo antropológico sobre narrativas. 2006. Dissertação (Mestrado em Antropologia Social) - PPGAS, UFRGS, Porto Alegre.

BELTRÁN, A.; CANTO, S.; FOSTIK, A.; ROJIDO, E. El disciplinamiento en la conformación del ser religioso de la Iglesia Misión Vida para las Naciones. In: FILARDO, V. (Org.). Religiones alternativas en el Uruguay. Montevideo: Universidad de la República Oriental del Uruguay-Facultad de Ciencias Sociales, 2005. p. 27-48.

BERGER, P. L. O dossel sagrado. São Paulo: Paulinas, 1985. (Coleção Sociologia e Religião; 2.

__________.. A dessecularização do mundo: uma visão global. Religião e Sociedade, 21, n. 1, p. 9-24, 2001.

BOURDIEU, P.; PASSERON, J.-C.; CHAMBOREDON, J.-C. A Profissão de Sociólogo: pressupostos epistemológicos. Petrópolis: Vozes, 1999.

CAMPBELL, C. A ética romântica e o espírito do consumismo moderno. Rio de Janeiro: Rocco, 2001. 31-56 p.

DURKHEIM, É. As Formas Elementares da Vida Religiosa. São Paulo: Martins Fontes, 1996. (Coleção Tópicos).

FRESTON, P. Breve história do pentecostalismo brasileiro. In: ANTONIAZZI, A. e. a. (Org.). Nem anjos nem demônios: interpretações sociológicas do pentecostalismo. Petrópolis-RJ: Vozes, 1994. p. 67-159.

GODBOUT, J. T. O Espírito da Dádiva. Rio de Janeiro: Fundação Getúlio Vargas, 1999.

HERZFELD, M. Cultural intimacy: social poetics and the nation-state. London, New York: Routledge, 1997.

LATOUR, B. Jamais Fomos Modernos. Rio de Janeiro: Editora 34, 1994. (Coleção Trans.

LATOUR, B. Reensamblar lo social: una introducción a la teoría del actor-red. Buenos Aires: Manantial, 2008.

LÖWY, M. As Aventuras de Karl Marx contra o Barão de Münchhausen: marxismo e positivismo na sociologia do conhecimento. 5 ed. São Paulo: Cortez, 1994.

MACHADO, M.D. Política e Religião : A participação dos evangélicos nas eleições. Rio de Janeiro: Fundação Getúlio Vargas, 2006.

MARCUSE, H. A ideologia da sociedade industrial: o homem unidimensional. 4 ed. Rio de Janeiro: Zahar, 1964.

MARDERO, N. G.; BARRAGÁN, Y. R. Más allá del bien y del mal: la Iglesia Universal del Reino de Dios en Uruguay. In: GEYMONAT, R. (Org.). Las religiones en el Uruguay: algunas aproximaciones. Montevideo: La Gotera, 2004. p. 130-145.

MARIANO, R. Neopentecostais: sociologia do novo pentecostalismo no Brasil. São Paulo: Loyola, 2005.

MARIANO, R.; HOFF, M.; DANTAS, T. Y. S. Evangélicos sanguessugas, presidenciáveis e candidatos gaúchos: A disputa pelo voto dos grupos religiosos. Debates do NER, 6, n. 10, p. 65-78, 2006.

MARX, K. O Capital: Crítica da Economia Política. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1968.

__________. Contribuição à crítica da filosofia do direito de Hegel. Introdução. São Paulo: Expressão popular, 2010.

MAUSS, M. Ensaio sobre a dádiva. In: Sociologia e Antropologia. São Paulo: EPU/EDUSP, 1974a. v. 2.

__________. Uma categoria do pensamento humano: a noção de pessoa, a noção de 'eu'. In: MAUSS, M. (Org.). Sociologia e Antropologia. São Paulo: EPU/EDUSP, 1974b. v. 1, p. 207-240.

MCKEVITT, C. San Giovanni Rotondo and the Shrine of Padre Pio. In: EADE, J. e SALLNOW, M. J. (Orgs.). Contesting the Sacred: the Antropology of christian pilgrimage. Londres; Nova York: Routledge, 1991. p. 77-97.

MEIRELLES, M.; ALVES, D. Somos todos iguais? Religião e renda no Censo 2010. Horizonte: Revista de Estudos de Teologia e Ciências da Religião, 10, n. 28, p. 1184-1207, 2012.

MEYER, B. Mediation and immediacy: sensational forms, semiotic ideologies and the question of the medium. Social Anthropology/Anthropologie Sociale, 19, n. 1, p. 23–39, 2011.

ORO, A. P. Igreja Universal: um poder político. In: ORO, A. P. et al (Orgs.). Igreja Universal do Reino de Deus. Os novos conquistadores da fé. São Paulo: Paulinas, 2003. p. 281-302.

ORTNER, S. Power and projects: reflections on agency. In: Anthropology and Social Theory: culture, power and the acting subject. Durham/London: Duke University Press, 2006. p. 129-153.

PI HUGARTE, R. La Iglesia Pentecostal "Dios es Amor" en el Uruguay. Cadernos de Antropologia, n. 9, p. 62-96, 1992.

__________. Transnacionalização da religião no Cone Sul: o caso do Uruguai. In: STEIL, C. A. e ORO, A. P. (orgs.). Globalização e Religião. Petrópolis: Vozes, 1997. p. 201-218.

ROSENDAHL, Z. Espaço e religião: uma abordagem geográfica. 2 ed. Rio de Janeiro: UERJ, 2002.

SANCHIS, P. Para não dizer que não falei de sincretismo. Comunicações do ISER, 45, p. 4-11, 1994.

__________. Religiões, religião... Alguns problemas do sincretismo no campo religioso brasileiro. In: Fiéis e cidadãos: percursos do sincretismo no Brasil. Rio de Janeiro: EdUERJ, 2001. p. 9-57.

SANTOS, M. M. Tribunos do povo, servos de Deus : um estudo antropológico sobre políticos e religião na cidade de Porto Alegre. 2005. Disssertação (Mestrado em Antropologia Social) - Programa de Pós-Graduação em Antropologia Social, Instituto de Filosofia e Ciências Humanas, Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre.

SEMÁN, P. A Igreja Universal na Argentina. In: ORO, A. P.;CORTEN, A., et al (Orgs.). Os novos conquistadores da fé. São Paulo: Paulinas, 2003. p. 69-78.

__________. Bajo continuo: exploraciones descentradas sobre cultura popular y massiva. Buenos Aiires: Gorla, 2006. p. 35-60.

__________. Introducción. In: ALGRANTI, J. (Org.). La industria del creer. Sociología de las mercancías religiosas. Buenos Aires: Biblos, 2013.

SILVEIRA, E. J. S. Catolicismo, Mídia e Consumo. São Paulo: Fonte Editorial, 2014.

STEIL, C. A. O Sertão das Romarias. Petrópolis: Vozes & CID, 1996.

STEIL, C. A.; ALVES, D. 'Eu sou a Nossa Senhora da Assunção'. A aparição de Maria em Taquari, Rio Grande do Sul. In: STEIL, C. A. et al (Orgs.). Maria entre os vivos: reflexões teóricas e etnográficas sobre aparições marianas no Brasil. Porto Alegre: Editora da UFRGS, 2003. p. 175-203.

WEBER, M. A Ética Protestante e o "Espítrito" do Capitalismo. São Paulo: Companhia das Letras, 2004.

WRIGHT MILLS, C. A imaginação sociológica. Rio de Janeiro: Zahar, 1975.

WYNARCZYK, H. Carlos Annacondia: un estudio de caso en neopentecostalismo. In: FRIGERIO, A. (Org.). Nuevos Movimientos Religiosos y Ciencias Sociales. Buenos Aires: Centro Editor de América Latina, 1993. v. 2, p. 80-97. (Los fundamentos de las Ciencias del Hombre).

__________. Ciudadanos de dos mundos: el movimiento evangélico en la vida pública argentina 1980-2001. Buenos Aires: UNSAM Edita, 2009. (Ciencias Sociales).

WYNARCZYK, H.; SEMÁN, P. Campo evangélico y pentecostalismo en la Argentina. In: FRIGERIO, A. (Org.). El pentecostalismo en la Argentina. Buenos Aires: Centro Editor de América Latina, 1994. p. 29-43.




DOI: http://dx.doi.org/10.5380/rt.v9i1.73662