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Análise ambiental de fragmentos florestais em assentamentos rurais

Stela Maris Alves ASCENÇO

Resumo



O processo de Reforma Agrária constitui-se em um agente
transformador e ao mesmo tempo criador de espaços
diferenciados, já que está associado às formas de apropriação
e exploração da superfície terrestre. Dessa forma, os
assentamentos rurais, produtos desse processo de
transformação, tornam-se objetos de estudos da Geografia. Por
causa das rápidas e inevitáveis transformações no uso da terra
ocorridas nos assentamentos, que conduzem à fragmentação
e até à supressão da vegetação natural, o objetivo da presente
pesquisa consistiu em identificar e caracterizar ambientalmente
os fragmentos florestais de ocorrência natural em áreas de
assentamentos rurais, mais especificamente no Projeto de
Assentamento Ireno Alves dos Santos, situado nos Municípios
de Rio Bonito do Iguaçu e Nova Laranjeiras - PR, no período de
1996 a 2002; tais fragmentos são remanescentes da Floresta
Ombrófila Mista e Floresta Estacional Semidecidual, cuja
manutenção tornou-se bastante delicada, uma vez que deixaram
de fazer parte de uma área florestada maior e passaram a ficar
ilhadas, cercadas por áreas agrícolas, desencadeando diversas
alterações ambientais (efeitos de borda). O objetivo proposto foi
atendido mediante a aplicação de metodologia para a
identificação e manejo de fragmentos de áreas naturais proposta
por PIRES et al. (1998). As tarefas necessárias ao desenvolvimento
da metodologia foram operacionalizadas a partir de técnicas de
Geoprocessamento e Sensoriamento Remoto, que permitiram
a elaboração de mapas temáticos digitais representando a
evolução da fragmentação florestal; ao final, foi gerado o mapasíntese
da espacialização dos fragmentos florestais. Algumas
hipóteses procuraram explicar as causas para as alterações
verificadas ao longo dos anos na área do assentamento, tais
como: a instalação da empresa madeireira proprietária da área;
a construção da Usina Hidrelétrica de Salto Santiago; a
implantação do assentamento. A escolha do assentamento como
objeto de estudo recaiu sobre as características da sua
ocupação, já que a propriedade que lhe deu origem apresentava
uma área de 83.000ha de terras, adquiridas em 1972 por uma
empresa privada do ramo madeireiro para o desenvolvimento
de atividades diversas. A propriedade teve sua área reduzida
em 1980, por causa do alagamento de parte de suas terras que
abrigavam áreas de matas nativas, em virtude da construção
da Usina Hidrelétrica. A partir de 1996, a propriedade passou
por outra grande transformação mediante a ocupação por cerca
de 3.000 famílias de trabalhadores rurais integrantes do MST,
que se instalaram às margens da rodovia que atravessa suas
terras (BR-158), dando origem ao maior Projeto de Assentamento
do Paraná, em área e em número de famílias. Com os resultados
obtidos, espera-se ter contribuído para o entendimento das
transformações ambientais ocorridas no espaço do
assentamento, em especial em suas áreas florestadas,
demonstrando a aplicabilidade da metodologia utilizada, o uso
das geotecnologias e a sua importância como um elo entre
diferentes ramos do conhecimento, bem como o posicionamento
dos organismos responsáveis pela implantação de
assentamentos rurais quanto à aplicação da legislação ambiental
brasileira em assentamentos rurais. Além disso, ao se definirem
as alterações ambientais no assentamento, pode-se contribuir
para o planejamento e aplicação de técnicas de manejo
ambiental, quando da implantação de futuros projetos de
assentamentos rurais.


Palavras-chave


Análise ambiental; fragmentos florestais; assentamentos.

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DOI: http://dx.doi.org/10.5380/raega.v7i0.3371