GEOLOGIA DA SERRA DA BOA VISTA, DISTRITO DE SÃO LEONARDO, MUNICÍPIOS DE ALFREDO WAGNER E RANCHO QUEIMADO, SANTA CATARINA (SC)

Autores

DOI:

https://doi.org/10.5380/bpg.v83i2.99888

Resumo

  Nos municípios de Alfredo Wagner e Rancho Queimado (SC) afloram unidades importantes da Bacia do Paraná, como o Grupo Itararé (depósitos glácio-marinhos e glácio-terrestres) e o Grupo Guatá (sedimentação pós-glacial). Apesar de estudos regionais na região, a compreensão detalhada da estratigrafia é fundamental para a prospecção de hidrocarboneetos e carvão. Dessa forma, o presente trabalho teve como objetivo a caracterização geológica de uma área de 40 km² na região do Distrito de São Leonardo, nos municípios de Alfredo Wagner e Rancho Queimado (SC), em escala 1:25.000. Foram definidas 15 litofácies sedimentares, agrupadas em 5 associações de fácies (AF): AF1 representa depósitos finos em águas profundas influenciadas por degelo glacial; AF2 inclui sedimentos arenosos e argilosos associados a fluxos hiperpicnais e descarga de degelo; AF3 está ligada à sedimentação fluvial em canais distributivos e lobos deltaicos; AF4 reflete ambiente estuarino calmo com bioturbação, carvão e pirita; AF5 corresponde a ambiente marinho raso com influência fluvial e baixa energia com indicações de correntes de alta energia que formam intraclastos lamosos. Essas associações refletem uma transição paleoambiental, que evolui de depósitos glaciais em águas profundas para ambientes marinhos rasos, na mesma sequência numérica das fácies. As associações AF1 e AF2 correspondem ao Grupo Itararé (Formação Taciba); AF4 e AF5 ao Grupo Guatá na região (Formação Rio Bonito). A AF3 é transicional, marcando a transição entre os dois grupos. Assim, o empilhamento estratigráfico está relacionado ao ciclo regressivo-transgressivo da Supersequência Gondwana I da Bacia do Paraná, refletindo uma continentalização.

Biografia do Autor

Thaísa Stoco dos Santos, Universidade Federal do Paraná

Estudante de Geologia na Universidade Federal do Paraná (UFPR).

Heloísa Pilger, Universidade Federal do Paraná

Estudante de Geologia na Universidade Federal do Paraná (UFPR).

Inan Guilherme Senter, Universidade Federal do Paraná

Estudante de Geologia na Universidade Federal do Paraná (UFPR), onde atuo como bolsista do PET-GEOLOGIA e colaborador voluntário no projeto de pesquisa "Integração de dados geológicos e geotecnologias no estudo e prevenção de processos de colapso em terrenos carbonáticos na Região Metropolitana de Curitiba.

Carlos Conforti Ferreira Guedes, Universidade Federal do Paraná

Possui graduação em Geologia pela Universidade de São Paulo (2003), mestrado em Geociências (Geoquímica e Geotectônica) pela Universidade de São Paulo (2009) e doutorado em Geociências (Geoquímica e Geotectônica) pela Universidade de São Paulo (2012). Atualmente é professor adjunto da Universidade Federal do Paraná (UFPR). Tem experiência na área de Geociências, com ênfase em Sedimentologia e Estratigrafia de depósitos siliciclásticos, Geologia do Quaternário, Minerais Pesados e Datação por Luminescência Opticamente Estimulada.

Carolina Danielski Aquino, Universidade Federal do Paraná

Possui formação em Geologia pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) (2008), e doutorado pela Universidade do Vale do Rio dos Sinos (UNISINOS) (2015), com foco na linha de pesquisa de Sedimentologia, Estratigrafia e Evoluções de Bacias Sedimentares. Atualmente, ocupo o cargo de Professora Adjunta A na Universidade Federal do Paraná e sou também Faculty Advisor do Paraná - AAPG Student Chapter. Leciono as disciplinas como Petrologia Sedimentar, Sistemas Deposicionais, Mapeamento Sedimentar e o Uso de Drones na Geologia. Além disso, supervisiono estudantes de graduação e pós-graduação na linha de pesquisa de Análise de Bacias Sedimentares. Minha área de atuação está centrada em Sedimentologia e Estratigrafia de sistemas clásticos, bem como na Glaciação do Paleozoico Tardio, Estocagem geológica de CO2, Modelos Virtuais de Afloramentos e o uso de Machine Learning na Geologia Sedimentar.

Referências

BOULTON, G. S.; DEYNOUX, M. Sedimentation in glacial environments and the identification of tills and tillites in ancient sedimentary sequences. Precambrian Research, 15: 397-422, 1981.

CASTRO, J. C.; WEINSCHÜTZ, L. C.; CASTRO, M. R. Estratigrafia de sequências das Formações Taciba e Rio Bonito (Membro Triunfo) na região de Mafra/SC, leste da Bacia do Paraná. Boletim de Geociências da Petrobrás, Rio de Janeiro: Centro de Pesquisas da Petrobras, v.3, n.1, p. 27-42, 2005.

GORDON Jr., M. J. Classificação das formações gondwânicas do Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul. Notas Preliminares e Estudos da Divisão de Geologia e Mineralogia do DNPM, 38, 1-20, 1947.

LAVINA, E. L.; LOPES, R. C. A transgressão marinha do Permiano Inferior e a evolução paleogeográfica do Supergrupo Tubarão no Estado do Rio Grande do Sul. Paula Coutiana, Porto Alegre, n. 1, p. 51-103, 1986.

MIALL, A. D. The geology of fluvial deposits: sedimentary facies, basin analysis, and petroleum geology. ed. corr. Berlin: Springer, xvi, 582p., 1996 [obra original de 1979].

MILANI, E. J. Evolução tectono-estratigráfica da Bacia do Paraná e seu relacionamento com a geodinâmica fanerozóica do Gondwana sul-ocidental. 2 v. Tese de Doutorado, Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, 255p., 1997.

MILANI, E. J.; MELO, J. H. G.; SOUZA, P. A.; FERNANDES, L. A.; FRANÇA, A. B. Bacia do Paraná. Boletim de Geociências da Petrobras, em: Cartas Estratigráficas, Rio de Janeiro, v. 15, n. 2, p. 265-287, 2007.

PLINT, A. G. Wave- and storm-dominated shoreline and shallow-marine systems. In: James, N. P.; Dalrymple, R. W. (Eds.). Facies models 4. Newfoundland & Labrador: Geological Association of Canada Publications, 4, p. 167-199, 2010.

PUIGDOMENECH, C. G.; CARVALHO, B.; PAIM, P. S. G.; FACCINI, U. F. Lowstand turbidites and delta systems of the Itararé Group in the Vidal Ramos region (SC), southern Brazil. Brazilian Journal of Geology, 44, p. 529-544, 2014.

ROSTIROLLA, S. P.; MANCINI, F.; RIGOTI, A.; KRAFT, R. P. Structural styles of the intracratonic reactivation of the Perimbó fault zone, Paraná basin, Brazil. Journal of South American Earth Sciences, v. 16, n. 4, p. 287-300, 2003.

SCHNEIDER, R. L.; MÜHLMANN, H.; TOMMASI, E.; MEDEIROS, R. A.; DAEMON, R. F.; NOGUEIRA, A. A. Revisão estratigráfica da Bacia do Paraná. Sociedade Brasileira de Geologia, no vigésimo oitavo Congresso Brasileiro de Geologia, Porto Alegre, v. 1, p. 41-65, 1974.

TUCKER, M. E. Rochas sedimentares: Guia geológico de campo. Tradução: Rualdo Menegat. 4. ed. Porto Alegre: Bookman, 2014.

Downloads

Publicado

17-07-2025

Como Citar

Stoco dos Santos, T., Pilger, H., Senter, I. G., Conforti Ferreira Guedes, C., & Danielski Aquino, C. (2025). GEOLOGIA DA SERRA DA BOA VISTA, DISTRITO DE SÃO LEONARDO, MUNICÍPIOS DE ALFREDO WAGNER E RANCHO QUEIMADO, SANTA CATARINA (SC). Boletim Paranaense De Geociências, 83(2), 1–12. https://doi.org/10.5380/bpg.v83i2.99888

Edição

Seção

Artigos do GeoMinE