Open Journal Systems

PETROGRAFIA, PETROQUÍMICA E METALOGENIA DO GRANITO SERRA DO PARATIÚ, CANANÉIA, ESTADO DE SÃO PAULO

Fernando Antonio Guimarães Martins, Antonio Carlos Gondim de Andrade e Silva, Mirian Cruxên Barros de Oliveira

Resumo



A região estudada é composta por rochas do Maciço Granítico Serra do Paratiú MGSP, rochas
metamórficas do Complexo Turvo-Cajati (ou metarritmitos Iguape), formações sedimentares Plio-Pleistocênicas
do Grupo Mar Pequeno (Formação Cananéia e, muito subordinadamente, as Formações Pariqüera-Açu e Ilha
Comprida) e coberturas holocênicas de origem continental, marinha e mista. O MGSP, Neoproterozóico
Eopaleozóico, está inserido na Plataforma Sul-Americana, no contexto geotectônico do embasamento cristalino
sul-sudeste brasileiro (Bloco Iguape), pertencendo à Suíte Intrusiva Serra do Mar. Acha-se intrudido em
rochas metamórficas do Complexo Turvo-Cajati (Paleoproterozóico), onde, localmente, junto ao contato com o
corpo granítico, verifica-se biotita-cordierita hornfels denotando metamorfismo de contato. Constitui-se em um
corpo, circunscrito, de forma levemente ovalada, com aproximadamente 70 km² de área aflorante; muito homogêneo,
onde predomina biotita monzogranito, porfirítico, de cor cinza claro e, subordinadamente, biotita
sienogranito. É fracamente peraluminoso, do tipo subsolvus, e coloca-se nos termos finais da série cálcioalcalina.
A hipótese de que o Granito Serra do Paratiú seja pós-orogênico é reforçada pelas evidências de
campo (forma do corpo, metamorfismo de contato) e petroquímicas. Os dados petroquímicos permitem posicionálo
como um granito mais pertinente à classe dos granitos pós-colisionais, variável de pós-tectônico a anorogênico,
com dados composicionais, relativos a alguns elementos (Y, Nb, Rb, Zr) e óxidos (SiO2, K2O), que permitem
visualizá-lo ora como tipo I reduzido e ora como tipo A, formado por fusão da crosta inferior, altamente fracionada,
à semelhança do que ocorre com os granitos australianos Ackley e Sandy Cape, cujas características geoquímicas são compatíveis com os granitos do tipo A, mas geológica e petrograficamente são, respectivamente, granitos
do tipo I e S. Os granitos da Suíte Serra do Mar, da qual o MGSP faz parte, apresentam idades radiométricas de
580 ± 20 Ma. Concomitantemente ao trabalho de mapeamento geológico desse Maciço Granítico efetuou-se,
em seu domínio, a coleta de amostras de sedimentos ativos de corrente, que foram analisadas para os elementos
Cu, Zn, Pb, Li, Mo, Bi, F e Sn, e de concentrados de bateia, que foram submetidos a análises mineralógicas.
A integração de todos os dados obtidos durante esta pesquisa permitiu concluir que o MGSP corresponde a um
corpo estéril, do ponto de vista de exploração mineral, e que sua esterilidade deve-se a um conjunto de situações
desfavoráveis, tais como: ausência de um protólito enriquecido em metal; não desenvolvimento de uma
fase de pré-concentração durante a evolução magmática; presença de um conjunto de minerais acessórios
cafêmicos e seqüestradores de metal na fase magmática precoce (ilmenita, magnetita, etc); e liberação precoce
da fase aquosa, prejudicando qualquer compensação e sucesso de concentração hidrotermal.

PETROGRAPHY, PETROCHEMISTRY AND METALLOGENY OF THE SERRA DO PARATIÚ GRANITE, CANANÉIA, SÃO PAULO STATE

Abstract


The studied region is made up of rocks of the Serra do Paratiú Granite Massif SPGM, metamorphic
rocks of Turvo-Cajati Complex (metarhytmites Iguape), sedimentary formation Plio-Pleistocenic of Mar Pequeno
Group (Cananéia Formation and, subordinated, Pariqüera-Açú and Ilha Comprida formations) and holocenic
sediments of continental, marine and mixed origin. The SPGM Neoproterozoic Eopaleozoic is inserted in the
South American Platform, in the geotectonic complex of the Brazilian south-southeast crystalline basement
(Iguape Block), integrating the Serra do Mar intrusive suite. It is intruded in the metamorphic rocks of the Turvo-
Cajati complex (Paleoproterozoic), where locally there are contact metamorphic rocks, mainly biotite-cordoerite
hornfels. It is a lightly oval shaped circumscribed and discordant body with approximately 70 km² of outcrop
area, relatively homogeneous constituted by biotite-monzogranite, porphyritic, grey color and subordinated botitesienogranite.
The SPGM is weakly peraluminous, of subsolvus type and belongs to the end of a chalcalkaline
series. The hypothesis that Serra do Paratiú Granites is post-orogenic is reinforced by petrochemical data and
field evidence (shape of the body, contact metamorphism). The petrochemical data allows to put the SPGM as
post-collision granite. Post-tectonic to anorogenic with data of some elements (Y, Nb, Rb, Zr) and oxides (SiO2,
K2O) that allow to consider it as I or A type, formed by fusion of high fractionated inferior Crust. This fact is similar
to those of hybrid us granites of Australia (Ackley and Sandy Cape), which geochemical characteristics are
compatible with type A granites, but geological and aerographical data suggest that they are respectively of type
I and S. The granites of Serra do Mar Suite including the SPGM present radiometric ages of 580 ± 20 Ma.
Concomitantly to the work of geological mapping of this granite massif, samples of active stream sediments
were taken, which were analyzed for Cu, Pub, Zn, Li, Mo, Bi, F and Son. Panned concentrated samples also
were taken to mineralogical analysis. The integration of all data obtained during this research suggests that the
SPGM is a sterile granite due to several unfavorable situations, such as: absence of a protoplast enriched with
metal; no development of pre-concentration phase during the magmatic evolution; presence of a group of cafemic
and metal kidnappers accessory minerals during early-magmatic phase (ilmenite, magnetite, etc,), and precocious
liberation of a volatile phase, not allowing hydrothermal concentration.


Palavras-chave


granito; petrografia; petroquímica; metalogenia; Serra do Paratiú; Cananéia-SP; granite; petrography; petrochemistry; metallogenesis; Serra do Paratiú; Cananéia; São Paulo.

Texto completo:

PDF


DOI: http://dx.doi.org/10.5380/geo.v54i0.4250