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OS METADOLOMITOS DA REGIÃO DE MORRO AZUL-PR: CARACTERÍSTICAS GEOLÓGICAS DO MINÉRIO EXPLOTADO

SANDRA BOEIRA GUIMARÃES

Resumo



A região de Morro Azul é historicamente conhecida
pela explotação de rochas metacalcárias, visando o
fabrico da cal e produção de corretivo agrícola. Está localizada
a noroeste da cidade de Almirante Tamandaré-PR,
possuindo uma grande concentração de frentes de
lavra. Mais de 30 empresas exploram hoje o metadolomito
na região, mas essas empresas que atuam na área conhecem,
no máximo, as suas frentes de lavra atuais.
Isto faz com que hoje tenhamos no Paraná, embora de
forma mecanizada, uma lavra de subsistência, pois o desconhecimento
geológico dos materiais extraídos impossibilita
a implantação de qualquer estratégia de aproveitamento,
tanto do ponto de vista mercadológico quanto
social. O presente estudo teve como objetivo caracterizar
os critérios estratigráficos e petroquímicos dessas
rochas para que, posteriormente, esses critérios fossem
aplicados em outras regiões. A validação empírica foi a
meta presente durante todo trabalho, pois o conhecimento
dos mineradores é relevante para que se faça uma geologia
aplicada. O principal litotipo carbonático aflorante na
região é o metadolomito, metamorfisado em baixo grau,
com idade deposicional Meso a Neoproterozóica. Essas
rochas são representativas de uma seqüência plataformal
carbonática, atribuídas às unidades litológicas Morro
Grande e Rio Branco, da Formação Capirú, Grupo
Açungui. O método de análise faciológica na interpretação
de ambientes de sedimentação de unidades
fanerozóicas foi aplicado em exposições dessas rochas.
Para tal foram empregados critérios de observação, descrição,
amostragem, levantamento de seções colunares,
petrografia e análises químicas de rochas. As fácies foram
individualizadas pela geometria, constituição
litológica, texturas, estruturas sedimentares
deposicionais e biogênicas e a interpretação integrada
dessas análises. Os resultados evidenciaram um guia
prospectivo de valor para a região. Níveis sotopostos às
fácies resultantes de dissolução cárstica (grutas e cavernas)
e ausência de estruturas estromatolíticas (esteiras
algais) são os mais promissores para a exploração
do bem mineral. A região estudada apresentase
polideformada, sendo que as diversas fases de deformação
podem ser relacionadas a três principais sistemas
de deformação. Há heterogeneidade nesta deformação,
pois se encontram faixas incipientemente deformadas,
onde podem ser observadas abundantes estruturas
sedimentares. Para a classificação da rocha e identificação
dos teores de CaO e MgO, foram utilizados os resultados
de análises químicas e colorimetria de carbonatos
em lâminas delgadas. Desta forma, a rocha explotada foi
classificada como metadolomito, destacando como característica
fundamental sua homogeneidade composicional
em níveis distintos. A qualidade do metadolomito
da região de Morro Azul e sua variação composicional
não decorrem somente da faixa de metadolomito lavrada,
mas também do nível estratigráfico explotado. Isto
explica a seleção, por parte dos mineradores, de níveis
preferenciais para exploração em detrimento de outros que
acabam sendo abandonados e suas frentes de lavra
desativadas. O principal resultado deste trabalho foi a identificação
de um guia prospectivo onde, por meio deste, é
possível caracterizar os níveis próprios para explotação.
Na região de Morro Azul, a exemplo de todo estado do
Paraná, a explotação do metadolomito ainda se restringe
aos usos mais tradicionais, tais como a produção de cal e
corretivo agrícola. Além destes usos, essa rocha é fonte
de matéria-prima para diversas outras aplicações. O desconhecimento
das reservas, critérios de exploração e qualidades
da matéria-prima são a causa contígua da deficiência
de investimentos estratégicos no âmbito, cujo lance
de crescimento tem sido refreado nos últimos anos.


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DOI: http://dx.doi.org/10.5380/geo.v51i0.4186