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GEOLOGIA, LITOGEOQUÍMICA E POTENCIAL METALOGENÉTICO DE ROCHAS BÁSICAS E ULTRABÁSICAS NO GRUPO BRUSQUE-SC

ALEXANDRE BARTOSIEVICZ

Resumo



De ocorrência muito ampla, o magmatismo básico
e ultrabásico desperta muito interesse, quer seja do
ponto de vista tectônico, pois são excelentes "markers",
ou pelas mineralizações a ele associadas (quer seja na
forma de grandes complexos ou na forma de pequenos e
descontínuos depósitos). O presente estudo pretende
contribuir para o avanço do conhecimento geológico e
metagenético do magmatismo básico e ultrabásico, inserido
no contexto do Grupo Brusque. Procurou-se aplicar
e inter-relacionar dados geológicos e litogeoquímicos,
na caracterização deste tipo de magmatismo, o qual está
situado num ambiente modificado por processos tectono-metamórficos,
de idade Meso/Neoproterozóica inserido
no escudo do leste catarinense. Vários trabalhos foram
feitos na região, desde os de cunho petrológico, estrutural,
geoquímico até os voltados à descoberta de depósitos
minerais, principalmente ouro, sendo que a integração
destes dados serviu de apoio ao desenvolvimento do trabalho.
Os estudos foram concentrados nas duas maiores
ocorrências deste tipo de magmatismo. A primeira
área de ocorrência, a qual já foi objeto de estudo
petrológico, situada a SW da cidade de Botuverá, é denominada
de Ribeirão do Ouro, sendo composta principalmente
por metagabros e metabasaltos finos, com
ocorrências de metaperidotitos e metabasaltos
variolíticos, está inserida em meio a metassedimentos
pelíticos, psamíticos e metacalcários, e entre duas grandes
intrusões batolíticas (Complexo Guabiruba e
Valsungana). A segunda ocorrência, situa-se a norte das
cidades, levando o nome da primeira localidade, composta
por actinolititos, tremolititos, metabasaltos, por
vezes com fragmentos de aglomerados de olivina, que
estão associados a rochas vulcanogênicas exalativas
(formações ferríferas bandadas, quartzo turmalinitos),
calciossilicáticas, quartzitos, xistos magnesianos e
grafitosos sendo recobertos por espesso pacote de
xistos e metapelitos finos laminados. Ambas as seqüências
foram intensamente deformadas por dobramentos
complexos (ao menos três fases), com vergência
tectônica para NW e afetadas por um grande sistema
de transcorrência durante o Neoproterozóico. Quimicamente,
as rochas apresentam diferenças significativas.
Processos de contaminação por elementos alcalinos
afetaram sobremaneira as rochas, promovendo grandes
dispersões dos resultados quanto à saturação classificadas
como toleíticas, subalcalinas, geradas em ambientes
transicionais. Ao contrário, as rochas de Canelinha
não mostraram evidências de contaminação significativa,
sendo as mesmas classificadas como toleítos, de
alto magnésio, associados a ambientes extensionais,
se não completamente formados, próximos à
oceanização. As seqüências têm como característica
os processos de cristalização fracionada como formadores.
Possibilidades de ocorrência de depósitos minerais
associados a elas podem ser ligadas a complexos
formados por diferenciação, ou instalados em margem
passiva de continentes (Ribeirão do Ouro), ou à
mineralizações associadas à geração de ambientes
ocêanicos. Indiretamente, estas intrusões podem ser
encaixadas em modelos do tipo ouro em zonas de
cisalhamento em rochas metabásicas, além de, na região
de Canelinha, poderem indicar pelo ambiente
tectônico em que se instalaram, depósitos
vulcanogênicos exalativos.


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DOI: http://dx.doi.org/10.5380/geo.v51i0.4175