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CARACTERIZAÇÃO DA VARIAÇÃO DO LENÇOL FREÁTICO NAS ÁREAS DE MINERAÇÃO DE "XISTO" (FOLHELHO PIROBETUMINOSO) EM SÃO MATEUS DO SUL-PR

ALDO MAFFEI PIETRO FERNANDES

Resumo



O estudo objetivou, principalmente, definir a
abrangência do impacto exercido pela mineração do
folhelho pirobetuminoso ou "xisto", no rebaixamento do
lençol freático em terrenos naturais, na área da
PETROBRÁS-SIX, em São Mateus do Sul, Estado do
Paraná. Foram também analisadas as alterações que
ocorrem no quimismo da água e a nova posição do nível
do lençol freático nos terrenos reabilitados, após a mineração.
A lavra é efetuada a céu aberto, ocorrendo portanto
uma drástica alteração na paisagem local, onde a cava
atinge cerca de 30 metros de profundidade. A jazida do
minério apresenta duas camadas distintas de folhelho,
separadas por uma camada intermediária considerada
estéril. Denominadas de camada superior e camada inferior,
as duas apresentam, respectivamente, espessuras
médias de 6 e 3 metros e teores de óleo de 6 a 8% e
10 a 12%. Para possibilitar o estudo do lençol freático
nos terrenos naturais, ainda não minerados, diversos
piezômetros foram implantados. O monitoramento do nível
de água nos piezômetros foi realizado diariamente
pela PETROBRÁS-SIX, no período de 1995 a 1996, simultaneamente
ao avanço e aproximação da mina. Os
dados assim obtidos foram fornecidos mensalmente,
acompanhados das informações de pluviometria e temperatura.
Com estes dados foram elaborados mapas de
potenciometria máxima, média e mínima para a área de
estudo, assim como gráficos relacionando o nível de água
nos piezômetros com a precipitação, com a distância à
frente de lavra e com as detonações. A análise dos resultados
mostra que a principal causa das oscilações do
lençol freático são as variações sazonais. A mina também
exerce influência no abaixamento do nível de água,
porém isto somente ocorre quando a frente de lavra aproxima-se dos piezômetros a uma distância inferior a 70
metros. Aos 65 metros de distância, observa-se uma inversão
de fluxo na direção da mina. Por ocasião de uma
detonação, foi constatada a secagem dos piezômetros
mais próximos. Ao ser estudado o freático nas áreas
reabilitadas, foram utilizados dados obtidos de
piezômetros instalados na antiga Mina UPI e em terrenos
mais recentes. Nestes locais, o abaixamento do nível
de água é irreversível e o lençol assume uma nova
posição, próxima ao piso da antiga mina. Para a verificação
das características físico-químicas das águas do sistema
SIX, amostras foram coletadas e analisadas nos
laboratórios da PETROBRÁS-SIX e UFPR. Dado o conteúdo
piritoso do folhelho, as águas que ocorrem na área
já apresentam naturalmente um certo grau de acidez.
Porém, nas áreas reabilitadas esta característica é ampliada,
somando-se ao excessivo teor de sais dissolvidos,
porque o fracionamento do material retortado que
preenche a cava da mina favorece os processos de dissolução
e lixiviação. Assim, dois grupos distintos podem
ser caracterizados: um representado pelas águas que
percolam as áreas reabilitadas e o outro representado
pelas águas das áreas ainda não atingidas pela mineração.
O primeiro grupo, com alta salinidade, apresenta
natureza cálcica. O segundo grupo, com baixa salinidade,
apresenta características sódio-magnesianas.


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DOI: http://dx.doi.org/10.5380/geo.v49i0.4149