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CARACTERIZAÇÃO HIDROQUÍMICA E HIDROGEOLÓGICA DAS FONTES CÁRSTICAS DAS BACIAS DOS RIOS TUMIRI, ÁGUA COMPRIDA, FERVIDA E DAS ONÇAS - COLOMBO-PR

EDUARDO CHEMAS HINDI

Resumo



As fontes cársticas tem importância fundamental
para o abastecimento de água para consumo doméstico
e irrigação nas áreas urbana e rural de Colombo, PR.
Apesar dessa importância, não havia sido realizado qualquer
estudo para conhecer suas propriedades
hidrogeológicas e químicas. Além disso, a explotação
do aqüífero cárstico para o abastecimento de água de
Curitiba, por poços perfurados nas vizinhanças dessas
fontes, vem causando impactos ambientais como subsidências,
colapsos de terreno e diminuição ou secamento
de fontes. Os objetivos deste estudo são cadastrar, classificar
e caracterizar as fontes cársticas das bacias dos
rios Fervida, Tumiri, Água Comprida e Onças, em função
de suas propriedades hidrogeológicas e hidroquímicas.
O aqüífero cárstico que alimenta essas fontes é constituído
pelos mármores dolomíticos da Formação Capiru
do Grupo Açungui. As rochas carbo-náticas formam os
fundos aplainados dos vales sendo limitadas por faixas
de filitos e cortadas por diques de diabásio. Os diques
representam o controle estrutural para a ocorrência das
fontes, interrompendo o fluxo subterrâneo e forçando a
emergência de água na superfície. A maior parte das fontes
cadastradas são do tipo fervente que formam, geralmente,
um pequeno lago, onde a água ao surgir agita a
areia do fundo, dando a impressão de estar fervendo. Em
menor número, ocorrem fontes de fratura, onde estas são
interceptadas por encosta de vale. A recarga do aqüífero
é, principalmente, autogênica, ocorrendo pela percolação
de águas de chuva através do solo sobrejacente às rochas
carbo-náticas. O intervalo entre precipitações e a
variação do nível da água medido em poços tubulares,
situados em compartimentos não explotados do aqüífero,
é de 60 a 90 dias na bacia do rio fervida e 90 a 120 dias
na do Tumiri. A diferença desses intervalos se deve à
maior espessura de inconsolidados que cobre o aqüífero
na bacia do Tumiri. Foram cadastradas 52 fontes, sendo
17 oriundas de filitos ou da cobertura de inconsolidados
e 35 do aqüífero cárstico. Destas últimas, foram selecionadas
16 para estudo detalhado das propriedades
hidroquímicas e das características de descarga. Foram
coletadas 122 amostras de água para análise físico-química
no período de abril a novembro/1997 e em março/
1998. Os resultados dessas análises serviram de base
para a classificação geoquímica das águas, para o cálculo
dos índices de saturação de calcita e dolomita e
para avaliar a qualidade química da água. As águas das
fontes são pouco mineralizadas e apresentam grau de
dureza variando de moderadamente dura a dura. Segundo
a classificação geoquímica por íons dominantes, são
águas do tipo bicarbonatadas-magnesianas e, com relação
às propriedades físico-químicas, atendem aos pa-drões
de potabilidade estabelecidos na Portaria N°36/
1990, do Ministério da Saúde. Embora a concentração
do íon nitrato esteja abaixo dos limites de potabilidade,
ele ocorre em todas as fontes monitoradas. As fontes da
bacia do Tumiri apresentam as concentrações mais elevadas
de nitrato, cloreto e sódio, o que pode ser indicativo
de contaminação por efluentes domésticos. As águas
das fontes estão próximas do nível de saturação em
calcita e dolomita na maior parte das amostras, passando
a saturadas em conseqüência de variações sazonais.
De acordo com as propriedades hidráulicas, as fontes
apresentam fluxo artesiano, são perenes e, quanto a variabilidade,
são variáveis (1), sub-variáveis (9), e constan-te
(1). Com respeito à magnitude de descarga são classificadas
em: 4ª (2), 5ª (8) e 6ª (1). A descarga média das
fontes varia de 1 a 25 l/s.


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DOI: http://dx.doi.org/10.5380/geo.v49i0.4148