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DINÂMICA SEDIMENTAR DO LITORAL NORTE PARANAENSE E EXTREMO SUL PAULISTA

PAOLA MIHÁLY

Resumo



O estudo da dinâmica sedimentar do litoral norte
paranaense e extremo sul paulista foi elaborado através
dos seguintes métodos análise granulométrica e
mineralógica das areias das praias do Ararapira (SP),
Deserta (PR) e da Ilha das Peças (PR), com o objetivo
principal de identificar tendência na distribuição das características
sedimentológicas e o monitoramento da dinâmica
da desembocadura lagunar do Ararapira (SP/PR),
através do levantamento topográfico periódico das margens
da desembocadura e acompanhamento da erosão
nas margens do corpo lagunar do Ararapira. Esta desembocadura
lagunar apresenta uma migração anômala,
no sentido contrário ao da corrente de deriva litorânea
longitudinal. O sentido predominante da corrente de deriva
é para NE e está relacionado à passagem de frentes
frias. A ausência prolongada deste efeito meteorológico
causa variações temporárias no padrão de ondas, que
induzem à inversão no sentido da corrente de deriva.
Considerando-se esta inversão, são sugeridos dois modelos
de circulação das correntes de maré e dos sedimentos,
na desembocadura lagunar do Ararapira, que
atuando alternadamente provocariam a migração desta
no sentido inverso ao da corrente de deriva, ou seja para
SW. Quando o sentido da deriva é para NE, os processos
que atuam na margem erosiva da desembocadura,
durante a maré vazante, são semelhantes aos que ocorrem
na margem côncava de um meandro, sendo as areias
depositadas no delta de deriva litorânea. No entanto,
quando ocorre a inversão no sentido da deriva, as areias
que formam o delta de deriva litorânea são erodidas pela
ação das ondas e depositadas, durante a maré enchente,
na margem que está em processo de acresção. Essas
areias seriam depositadas nessa margem em decorrência
do bloqueio da deriva, pelo fluxo da corrente de
maré vazante (efeito molhe hidráulico). As margens do
corpo lagunar do Ararapira apresentam pontos de erosão,
principalmente na margem localizada no esporão
que separa o corpo lagunar do oceano, podendo com o
avanço deste processo, ocorrer uma ruptura que originaria
uma nova desembocadura. Este fato, juntamente com
a progressiva elongação do corpo lagunar devido ao crescimento
lateral do esporão do Ararapira, levaria à abertura
de uma nova desembocadura mais a NE da atual e ao
assoreamento de parte do corpo lagunar localizado entre
as duas desembocaduras, a antiga e a recente. A inversão
periódica do sentido da corrente de deriva litorânea
longitudinal faz-se sentir, também, na distribuição dos
parâmetros granulométricos das areias das praias. Este
fato, aliado a um aporte constante de sedimentos às praias
não permitem a identificação de um modelo conhecido
de distribuição das características granulométricas.
As três praias apresentaram, no entanto, uma melhora
na seleção de grãos e um incremento nos valores do
índice ZTR no sentido NE, coincidente com o sentido da
corrente de deriva predominante.


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DOI: http://dx.doi.org/10.5380/geo.v49i0.4136