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O parlamento das gralhas

Rook parliament

Resumos

Este artigo sai no encalço das causas do pouco resultado que a escola apresenta quanto à formação de leitores, atribuindo o problema às formas de encaminhamento das atividades com texto realizadas em sala de aula. Sob o ponto de vista aqui adotado, a escola estaria descuidando das condições fundamentais que devem presidir a produção e leitura de textos, de modo que a automatização de procedimentos e respostas acaba resultando no não-envolvimento dos alunos com as atividades e na conseqüente precária assimilação de estratégias de estruturação textual. Em síntese, a escola não estaria trabalhando com enunciados reais, mas com categorias textuais destituídas de sentido para o aluno, que se veria assim impedido de conduzir um processo interlocutivo diretamente com textos, principalmente escritos.

Língua Portuguesa; Metodologia de Ensino; texto; interpretação; leitura


This article follows causes to the underachieved results of school in relation to readers building. This problem is attributed here to the ways of conduction for text activities that are developed in classroom. According to this pointof-view, school would be not taking care of fundamental conditions that should govern text production and reading in a way which procedures and answers automation result in a non-involvement of students with activities and in the precarious assimilation of text structuring strategies. In a word, school would be not working with real utterance but with textual categories that are totally destitute of sense to learner, who can see himself inhibit to conduce a interlocutory process directly to texts, mainly the written ones.

Portuguese Language; Teaching Methodology; text; interpretation; reading


DOSSIÊ - LINGUAGEM E ENSINO: TEMAS E PERSPECTIVAS

O parlamento das gralhas* * Tanto esse título como o fragmento da história em quadrinhos que abre este artigo foram retirados da revista Sandman, n. 40 (Convergência), escrita por Neil Gaiman e desenhada por Jill Thompson. Cf. SANDMAN. Convergência. São Paulo: Globo, n. 40, p. 10-12, dez. 1993. 1 VIEIRA, A. Sermões. São Paulo: Cultrix. p. 34. 2 CHOMSKY, N. Regras e representações: a inteligência humana e seu produto. Rio de Janeiro: Zahar. p. 15. 3 BARBOSA, R. Métodos e programa escolar. In: REFORMA do ensino primário e várias instituições complementares da instrução pública. Rio de Janeiro: Ministério da Ed. e Saúde, 1946. (Obras Completas de Rui Barbosa, v. 10), tomo 2. 4 PETROSINO, J. Cuánto duran los aprendijazes adquiridos?: el dudoso ideal del conocimiento impecable. Buenos Aires: Novedades Educativas, 2000. p. 95. Tradução própria. 5 CASTRO, C. M. e. Da arte brasileira de ler o que não está escrito. Veja, p. 142, 8 out. 1997. 6 CASTRO, C. M. e. O Brasil lê mal. Veja, p. 20, 6 mar. 2002. 7 CONY, C. H. Ler e não entender. Folha de São Paulo, 31 mar. 2002. 8 Sistema de testes e rendimento escolar organizado pelos países membros da Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE). 9 CASTRO, 2002, op. cit. 10 PIVOVAR, A. Leitura e escrita: a captura de um objeto de ensino. Curitiba, 1999. 144 f. Dissertação (Mestrado em Letras) - Setor de Ciências Humanas, Letras e Artes, Universidade Federal do Paraná. Grifos no original. 11 VIEIRA, op. cit., p. 40. 12 MATURANA, H. A ontologia da realidade. Belo Horizonte: Ed. UFMG, 1997. p. 54. 13 BAKHTIN, M. Estética da criação verbal. São Paulo: Martins Fontes, 1992. p. 330. 14 BAKHTIN, M. Marxismo e filosofia da linguagem. São Paulo: Hucitec, 1981. p. 33. 15 MEIRIEU, P. Aprender... Sim, mas como? 7. ed. Porto Alegre: Artes Médicas, 1998. p. 170. Grifo meu. 16 MATURANA, op. cit., p. 34. 17 PETROSINO, op. cit., p. 82. Tradução própria. 18 CASTRO, 2002, op. cit. 19 PETROSINO, op. cit., p. 12. Tradução própria. 20 PETROSINO, op. cit., p. 99. Tradução própria. 21 BAKHTIN, 1992, op. cit., p. 334. Grifo meu. 22 MEIRIEU, op. cit., p. 174-176.

Rook parliament

Altair Pivovar

Mestre em Lingüística pela UFPR. Professor de Metodologia e Prática de Ensino em Língua Portuguesa do DTPEN/UFPR. pivovarit@ufpr.br

RESUMO

Este artigo sai no encalço das causas do pouco resultado que a escola apresenta quanto à formação de leitores, atribuindo o problema às formas de encaminhamento das atividades com texto realizadas em sala de aula. Sob o ponto de vista aqui adotado, a escola estaria descuidando das condições fundamentais que devem presidir a produção e leitura de textos, de modo que a automatização de procedimentos e respostas acaba resultando no não-envolvimento dos alunos com as atividades e na conseqüente precária assimilação de estratégias de estruturação textual. Em síntese, a escola não estaria trabalhando com enunciados reais, mas com categorias textuais destituídas de sentido para o aluno, que se veria assim impedido de conduzir um processo interlocutivo diretamente com textos, principalmente escritos.

Palavras-chave: Língua Portuguesa, Metodologia de Ensino, texto, interpretação, leitura.

ABSTRACT

This article follows causes to the underachieved results of school in relation to readers building. This problem is attributed here to the ways of conduction for text activities that are developed in classroom. According to this pointof-view, school would be not taking care of fundamental conditions that should govern text production and reading in a way which procedures and answers automation result in a non-involvement of students with activities and in the precarious assimilation of text structuring strategies. In a word, school would be not working with real utterance but with textual categories that are totally destitute of sense to learner, who can see himself inhibit to conduce a interlocutory process directly to texts, mainly the written ones.

Key-words: Portuguese Language, Teaching Methodology, text, interpretation, reading.

Texto completo disponível apenas em PDF.

Full text available only in PDF format.

Texto recebido em 22 jul. 2002

Texto aprovado em 26 ago. 2002

  • BAKHTIN, M. Estética da criação verbal São Paulo: Martins Fontes, 1992.
  • BAKHTIN, M. Marxismo e filosofia da linguagem São Paulo: Hucitec, 1981.
  • BARBOSA, R. Métodos e programa escolar. In: REFORMA do ensino primário e várias instituições complementares da instrução pública Rio de Janeiro: Ministério da Ed. e Saúde, 1946. (Obras Completas de Rui Barbosa, v. 10), tomo 2.
  • CASTRO, C. M. e. Da arte brasileira de ler o que não está escrito. Veja, 8 out. 1997.
  • CASTRO, C. M. e. O Brasil lê mal. Veja, 6 mar. 2002.
  • CHOMSKY, N. Regras e representações: a inteligência humana e seu produto. Rio de Janeiro: Zahar.
  • CONY, C. H. Ler e não entender. Folha de São Paulo, 31 mar. 2002.
  • MATURANA, H. A ontologia da realidade Belo Horizonte: Ed. UFMG, 1997.
  • MEIRIEU, P. Aprender... Sim, mas como? 7. ed. Porto Alegre: Artes Médicas, 1998.
  • PETROSINO, J. Cuánto duran los aprendijazes adquiridos?: el dudoso ideal del conocimiento impecable. Buenos Aires: Novedades Educativas, 2000.
  • PIVOVAR, A. Leitura e escrita: a captura de um objeto de ensino. Curitiba, 1999. 144 f. Dissertação (Mestrado em Letras) - Setor de Ciências Humanas, Letras e Artes, Universidade Federal do Paraná
  • SANDMAN. Convergência. São Paulo: Globo, n. 40, p. 10-12, dez. 1993.
  • Sistema de testes e rendimento escolar organizado pelos países membros da Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE).
  • VIEIRA, A. Sermões São Paulo: Cultrix.
  • *
    Tanto esse título como o fragmento da história em quadrinhos que abre este artigo foram retirados da revista
    Sandman, n. 40 (Convergência), escrita por Neil Gaiman e desenhada por Jill Thompson. Cf. SANDMAN. Convergência. São Paulo: Globo, n. 40, p. 10-12, dez. 1993.
    1 VIEIRA, A.
    Sermões. São Paulo: Cultrix. p. 34.
    2 CHOMSKY, N.
    Regras e representações: a inteligência humana e seu produto. Rio de Janeiro: Zahar. p. 15.
    3 BARBOSA, R. Métodos e programa escolar. In:
    REFORMA do ensino primário e várias instituições complementares da instrução pública. Rio de Janeiro: Ministério da Ed. e Saúde, 1946. (Obras Completas de Rui Barbosa, v. 10), tomo 2.
    4 PETROSINO, J.
    Cuánto duran los aprendijazes adquiridos?: el dudoso ideal del conocimiento impecable. Buenos Aires: Novedades Educativas, 2000. p. 95. Tradução própria.
    5 CASTRO, C. M. e. Da arte brasileira de ler o que não está escrito.
    Veja, p. 142, 8 out. 1997.
    6 CASTRO, C. M. e. O Brasil lê mal.
    Veja, p. 20, 6 mar. 2002.
    7 CONY, C. H. Ler e não entender.
    Folha de São Paulo, 31 mar. 2002.
    8 Sistema de testes e rendimento escolar organizado pelos países membros da Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE).
    9 CASTRO, 2002, op. cit.
    10 PIVOVAR, A.
    Leitura e escrita: a captura de um objeto de ensino. Curitiba, 1999. 144 f. Dissertação (Mestrado em Letras) - Setor de Ciências Humanas, Letras e Artes, Universidade Federal do Paraná. Grifos no original.
    11 VIEIRA, op. cit., p. 40.
    12 MATURANA, H.
    A ontologia da realidade. Belo Horizonte: Ed. UFMG, 1997. p. 54.
    13 BAKHTIN, M.
    Estética da criação verbal. São Paulo: Martins Fontes, 1992. p. 330.
    14 BAKHTIN, M.
    Marxismo e filosofia da linguagem. São Paulo: Hucitec, 1981. p. 33.
    15 MEIRIEU, P.
    Aprender... Sim, mas como? 7. ed. Porto Alegre: Artes Médicas, 1998. p. 170. Grifo meu.
    16 MATURANA, op. cit., p. 34.
    17 PETROSINO, op. cit., p. 82. Tradução própria.
    18 CASTRO, 2002, op. cit.
    19 PETROSINO, op. cit., p. 12. Tradução própria.
    20 PETROSINO, op. cit., p. 99. Tradução própria.
    21 BAKHTIN, 1992, op. cit., p. 334. Grifo meu.
    22 MEIRIEU, op. cit., p. 174-176.
  • Datas de Publicação

    • Publicação nesta coleção
      04 Mar 2015
    • Data do Fascículo
      Dez 2002

    Histórico

    • Aceito
      26 Ago 2002
    • Recebido
      22 Jul 2002
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