Open Journal Systems

“Como possuir uma taboquinha?”: sobre a composição corporal dos pajés djeoromitxi

Nicole Soares Pinto

Resumo


O artigo aborda um evento de cura xamânica e dele pretende extrair uma descrição sobre a composição (e decomposição) corporal dos especialistas xamânicos entre os Djeoromitxi (língua Macro-Jê), habitantes do sudoeste amazônico. Discuto etnograficamente o que permanece obscuro e o que é tornado visível neste processo, aliado à qualidade metamórfica dos sujeitos e objetos em questão. Ao final, proponho um diálogo entre a teoria melanésia da troca (de partes de pessoas por pessoas inteiras) e a teoria do perspectivismo ameríndio.

Palavras-chave


Djeoromitxi; xamanismo; corpo; guerra invisível

Texto completo:

PDF

Referências


CASTRO, Thiago. 2012. Djeoromitxí: Notes on Phonology and Simple Noun Phrase Structure. Master of Arts. The University of Texas at Austin.

CESARINO, Pedro N. 2006. “De duplos e estereoscópios: paralelismo e personificação nos cantos xamanísticos ameríndios”. Mana, 12(1): 105-134. https://doi.org/10.1590/s0104-93132006000100004

COELHO DE SOUZA, Marcela S. 2004. “Parentes de sangue: incesto, substância e relação no pensamento timbira”. Mana 10(1): 25-60. https://doi.org/10.1590/s0104-93132004000100002

COELHO DE SOUZA, Marcela S. 2014. “Conhecimento indígena e seus conhecedores: uma ciência duas vezes concreta”. In: Manuela Carneiro da Cunha; Pedro de Niemeyer Cesarino. (Org.). Políticas culturais e povos indígenas. São Paulo: Cultura Acadêmica.

DESCOLA, Philippe. 2001. “The Genres of Gender: local models and global paradigms in the comparison of Amazonia and Melanesia”.In:T. Gregor and D. Tuzin (Eds.). Gender in Melanesia and Amazonia. Berkeley: University of California Press. https://doi.org/10.1525/california/9780520228511.003.0005

FAUSTO, Carlos. 2001. Inimigos fiéis: história, guerra e xamanismo na Amazônia. São Paulo: Edusp.

GALLOIS, Dominique Tilkin. 1988. O movimento na cosmologia Waiãpi: criação, expansão e transformação do universo. Tese, PPGAS-USP.

HUGH-JONES, Stephen. 2013. “Bride-Service and the Absent Gift”. Journal of the Royal Anthropological Institute, 19: 356-377. https://doi.org/10.1111/1467-9655.12037

KELLY, José Antônio. 2001. “Fractalidade e troca de perspectivas”. Mana, 7(2): 95-132. https://doi.org/10.1590/s0104-93132001000200004

LÉVI-STRAUSS, Claude. 1948. “Tribes of the Right Bank of the Guaporé River”. In: J. H. Steward (org.). Handbook of South American Indians, V.3, Washington: Smithsonian Institution.

LOLLI, Pedro. 2013. “Sopros de vida e destruição: composição e decomposição de pessoas”. Revista de Antropologia, 56(2): 365-396.

LIMA, Tânia Stolze. 1996. “O dois e seu múltiplo: reflexões sobre o perspectivismo em uma cosmologia tupi”. Mana, 2(2): 21-47. https://doi.org/10.1590/s0104-93131996000200002

MALDI, Denise. 1991. “O complexo cultural do marico: sociedades indígenas do rio Branco, Colorado e Mequens, afluentes do médio Guaporé”. Boletim do Museu Paraense Emílio Goeldi (Antropologia), 7(2): 209-269. https://doi.org/10.5123/s1981-81142008000200001

MIMICA, Jadran. 1991. "The Incest Passions: an outline of the logic of Iqwaye social organization (part 2)". Oceania, 62(2): 81-113. https://doi.org/10.1002/j.1834-4461.1991.tb02382.x

RAMO Y AFFONSO, Ana. 2014. De pessoas e palavras entre os Guarani-Mbya. Tese, PPGAS/ UFF.

RIBEIRO, Eduardo Rivail; VAN DER VOORT, Hein. 2010. “The Inclusion of the Jabutí Language Family in the Macro-Jê Stock”. International Journal of American Linguistics, 76(4): 517-750. https://doi.org/10.1086/658056

RODGERS, David. 2002. “A Soma anômala: aquestão do suplemento no xamanismo e menstruação Ikpeng”. Mana, 8(2): 91-125. https://doi.org/10.1590/s0104-93132002000200004

SEEGER, A.; DA MATTA, R. & VIVEIROS DE CASTRO, E. B. 1979. "A construção da pessoa nas sociedades indígenas", Boletim do Museu Nacional, 32: 2-19.

SOARES-PINTO, Nicole. 2009. Do poder do sangue e da chicha. Dissertação, PPGAS-UFPR.

SOARES-PINTO, Nicole.. 2014. Entre as teias do marico: parentes e pajés Djeoromitxi. Tese, PPGAS-UnB. https://doi.org/10.26512/2014.12.t.18030

SOARES-PINTO, Nicole.. 2016. “Terminologia de parentesco e casamento djeoromitxi: um caso ngawbe na Amazônia?”. Anuário Antropológico. v. 41: 123-151. https://doi.org/10.4000/aa.1744

STRATHERN, Marilyn. 1992a. "Parts and Wholes: refiguring relationships in a post-plural world". In: A. Kuper (org.), Conceptualizing Society. Londres: Routledge.

STRATHERN, Marilyn.. 1992b. After Nature: English kinship in the late twentieth century. Cambridge: Cambrigde University Press.

STRATHERN, Marilyn.. 2001. “Same-Sex and Cross-Sex Relations: Some Internal Comparisons”. In: T. Gregor (org.). Gender in Amazonia and Melanesia: an exploration of the comparative method. Berkeley: University of California Press.

VALENTIM, Marco Antônio. 2014. “’Talvez eu não seja um homem’” – Antropomorfia e monstruosidade no pensamento ameríndio”. Campos. Revista de Antropologia Social, 15(2): 9-26. https://doi.org/10.5380/campos.v15i2.42905

VIANNA, João. 2012. De Volta aos Caos Primordial: alteridade, indiferenciação e adoecimento entre os Baniwa. Dissertação, PPGAS/UFAM.

VIVEIROS DE CASTRO, Eduardo. 2002. “Perspectivismo e multinaturalismo na América Indígena.” In: E. Viveiros de Castro. A Inconstância da alma selvagem. São Paulo: Cosac & Naify.




DOI: http://dx.doi.org/10.5380/campos.v16i1.43099

Apontamentos

  • Não há apontamentos.