Open Journal Systems

Identidade e Alteridade em Wayana. Uma contribuição linguística

Eliane Camargo

Resumo


A Amazônia é um palco plurisociocultural e linguístico e muitos grupos expressam fortes representações sobre características sociais e linguísticas próprias. Longe de se restringir aos Wayana (caribe), a identidade do indivíduo – ao menos guianês oriental – passa por uma identificação ao território de origem ou ao de seus ancestrais e uma forte ligação com a língua transmitida por estes. Contatos e fronteiras formam uma rede de sociabilidade, implicando troca de bens e relações sócio-culturais e linguísticas. Esse comportamento linguístico ainda continua a fazer parte de uma rede de representações políticas e culturais. Enquanto falar uma outra língua ameríndia é algo associado antes às redes de sociabilidade tradicionais, ancoradas em redes políticas que eram, num passado recente. Este estudo adota uma perspectiva etnolinguística para mostrar a representação do Eu e do Outro, da estreita ligação entre a identidade, o local geográfico e as atribuições das categorias (Eu/Outro).


Palavras-chave


Guianas; caribe; Wayana; etnolingüística; rede de sociabilidade

Texto completo:

PDF

Referências


Barbosa, G. C. 2002. Formas de intercâmbio, circulação de bens e (re)produção das redes de relação Aparai e Wayana. Dissertação de Mestrado: Universidade de São Paulo.

Barbosa, G. C. 2005. “Das trocas de bens”. In. D. Gallois (org). Redes de relações nas Guianas. São Paulo: Humanitas. pp. 59-111.

Barth, F. 1988. “Os grupos étnicos e suas fronteiras”. In. Tomke Lask (org.). O guru, o iniciador e outras variações antropológicas. Rio de Janeiro: Contracapa Livraria, pp. 25-67.

Breton , R. 1999 [1665]. Dictionnaire caraïbe-français (avec cédérom). Paisa, M (resp), édition présentée et annotée par l’équipe du CELIA-IRD (de Pury, Thouvenot, Troiani, Lescure), GEREC (Bernabé, Relouzat), Paris: Editions Karthala/Editions de l’IRD.

Camargo, E. 1997. “Identidade étnica, identidade lingüística: o bilingüismo entre os Wayana e os Aparai”. Multilingüismo em foco, “Estudos da linguagem: limites e espaços”, Mesas-Redondas do VI Congresso da ASSELRio, Rio de Janeiro, UFRJ. pp. 89-99.

Camargo, E. 2000. Une interaction entre localisation et aspect. Un exemple de -pëk{ë} et -ja/e en wayana. Amerindia 25, Paris: AEA. pp. 1-24.

Camargo, E. 2002, Léxico bilingüe aparai-português/português-aparai. Languages of the World/Dictionaires (28). Münch: Lincom Europe.

Camargo, E. 2003. “Relações sintáticas e relações semânticas da predicação nominal: a oração com cópula em wayana (caribe)”. Amerindia 28, Paris: AEA, pp.127-154.

Camargo, E. 2006. “Lexical categories and word formation processes in Wayana (Cariban language)”. In. V. Vapnarsky & X. Lois (eds.). Lexical categories and root classes in Amerindian Languages, Frankfurt: Peter Lang. pp. 147-188.

Camargo, E. 2006. “Languages Situation: French Guiana”, Encyclopedia of Language and Linguistics, 2e. édition, K. Brown (ed), Oxford, Elsevier. ISBN 0-08-044299-4.

Camargo, E. 2007. Lieu et langue: paramètres d"identification et d'attribution du Soi et de l'Autre en wayana (caribe). Léglise, I. & B. Migge (eds). Attitudes et représentations linguistiques en Guyane. Regards croisés. Paris: Éditons de l'IRD. pp. 225-250.

Camargo, E. 2008. «Wayana et Apalaï: Cohabitation culturelle et linguistique en Guyane». Langues et cité. Bulletin de l'Observatoire des Pratiques linguistiques, juillet-12, pp. 6-7.

Camargo, E. 2008. Operadores aspectuais de estado marcadondo o nome em wayana (caribe), LIAMES, 8: 85-104. https://doi.org/10.20396/liames.v0i8.1473

Camargo, E. & M. Kulijaman. 2006. Histoire et Langue: un défi à relever pour les Apalaïs. Relatório de atividades BECC-UNESCO.

Camargo, E. & H. Rivière. 2001-2002. “Trois chants de guerre wayana”. Amerindia, 26/27, Paris: AEA. pp. 87-122.

Chapuis, J. 2003. “Le sens de l’histoire chez les indiens Wayana de Guyane. Une géographie historique du processus de ‘civilisation’”. Journal de la Société des Américanistes 89-1. pp. 187-209. https://doi.org/10.4000/jsa.4003

Chapuis, J. & H. Rivière. 2003. Wayana eitoponpë. (Une) histoire (orale) des Indiens Wayana. Guyane. Ibis Rouge.

Cunha, A. G. 1978. Dicionário Histórico das palavras portuguesas de origem Tupi. São Paulo: Melhoramentos.

Dreyfus, S. 1992. “Les réseaux politiques indigènes en Guyane occidentale et leurs transformations aux XVIIe et XVIIIe siècles”. L’Homme 122-124 XXXII (2-3-4) : 75-88. https://doi.org/10.3406/hom.1992.369525

Formoso, B. 2001. “L’ethnie en question: débats sur l’identité”. In. M. Segalen (ed.), Concepts et aires culturelles. Paris: Armand Colin. pp.15-30.

Frikel, Pr. 1958. “Classificação lingüístico-etnológica das tribos indígenas do Pará setentrional e zonas adjacentes”. Revista de Antropologia 6 (2): 113-189. https://doi.org/10.11606/2179-0892.ra.1958.110384

Frikel, Pr. 1961. “Fases culturais e aculturação intertribal no Tumucumaque”. Boletim do Museu Paraense Emílio Goeldi (Antropologia), n. 16.

Gallois , D. T. 1986. Migração guerra e comércio, os Waiãpi. São Paulo: FFLCH/USP.

Gallois , D. T. 1988. O movimento na Cosmologia Waiãpi: Criação, Expansão e Transformação do Mundo. Tese de doutorado: Universidade de São Paulo.

Gallois , D. T. 2007. “Gêneses waiãpi, entre diversos e diferentes”. Revista de Antropologia (USP), v. 50: 45-83. https://doi.org/10.1590/S0034-77012007000100002

Gallois , D. T. 2005. Redes de relações nas Guianas. (org.) São Paulo. Humanitas/NHII-USP/FAPESP.

Gomez-Imbert, E. 1991. «Force des langues vernaculaires en situation d’exogamie linguistique: le cas du Vaupés colombien (Nord-ouest amazonien)». Cahiers des Sciences Humaines 27 (3-4): 535-559.

Gomez-Imbert, E. 1993. “Problemas en torno a la comparación de las lenguas Tukano orientales”. In. Rodriguez de Montes M.L. (ed). Estado actual de la clasificación de las lenguas Indígenas de Colombia. Bogotá: Instituto Caro y Cuervo, 235-267.

Gomez-Imbert, E. 1996. “When animals become ‘rounded’ and ‘feminine’: conceptual categories and linguistic classification in a multilingual setting”. In. Gumperz J. J. & S. C. Levinson (eds). Rethinking Linguistic Relativity. Cambridge: Cambridge University Press. pp. 438-469.

Gomez-Imbert, E. 1999. “Variations tonales sur fond d’exogamie linguistique”. Cahiers de Grammaire 24 : 67-94.

GRENAND, P. & Grenand, F. 1985. “Les Wayana. La question amérindienne en Guyane Française”. Ethnies, v. 1(1-2). pp. 23-24.

Grupioni, M. D. F. 2002. Sistema e mundo da vida tarëno: Um “jardim de veredas que se bifurcam” na paisagem guianesa. Tese de doutorado, Universidade de São Paulo.

Grupioni, M. D. F. 2005. “Tempo e Espaço na Guiana Indígena”. In. Gallois, Dominique (org.). Redes de Relações nas Guianas. São Paulo: Humanitas/Fapesp/NHII-USP. pp. 23-57.

GRUPIONI, M. D. F. 2009. Essas tantas diferentes ‘gentes’: comparando taxonomias sociais ameríndias. Comunicação apresentada na VIII Reunión de Antropología del Mercosur, Buenos Aires.

Hurault , J-H. 1968. Les Indiens Wayana de la Guyane française. Structure sociale et coutume familiale. Paris:Orstom.

Hurault , J.M., Fr. Grenand & P. Grenand, 2002. Indiens de Guyane. Wayana et Wayampi de la forêt. Autrement, IRD éditions.

Jackson , J. 1974. “Language identity of the Colombian Vaupés Indians”. In. R. Bauman & J. Sherzer (eds), Explorations in the ethnography of speaking. Cambridge: Cambridge University Press. pp. 50-65.

Jara, F. 1988. “Monos y roedores. Rito, cosmologia y nociones zoológicas de los Turaekare de Surinam”. América Indígena, vol. XLVIII, n. 1.

Kloos , P. 1977. “The Akuriyo way of death”. In. Basso, E. (ed.). Carib-speaking Indians: culture, society and language. Anthropological Papers of the University of Arizona Press, Tucson, Arizona. pp. 114-122.

Kulijaman, M. & E. Camargo, 2007. Kaptëlo: l’origine du ciel de case et du roseau à flèches chez les Wayana (Guyanes). Paris: Gadepam-CTHS.

Tassinari, A. M. I. 2003. No Bom da Festa: o processo de construção cultural das famílias Karipuna do Amapá. São Paulo: EDUSP.

Viveiros de Castro, E. 1996. “Pronomes cosmológicos e o perspectivismo ameríndio”. Mana, 2 (2): 115-144. https://doi.org/10.1590/S0104-93131996000200005

Viveiros de Castro, E. 2001. “GUT Feelings about Amazonia: Potential Affinity and the Construction of Sociality”. In. L. Rival & N. Whitehead (orgs.) Beyond the visible and the material: the amerindianization of society in the work of Peter Rivière. Oxford University Press. pp.19-43.




DOI: http://dx.doi.org/10.5380/cam.v9i2.15865

Apontamentos

  • Não há apontamentos.