Editorial v.22 n.49

Editorial

 

 

Com a publicação do vol. 22, n. 49 a Revista de Sociologia e Políticaingressa na sua terceira década de publicação seriada. A partir de 2014 entrarão em vigor profundas modificações nas rotinas editoriais do periódico e gostaríamos de dirigir à comunidade de Ciência Política algumas considerações sobre elas.

Logo de saída precisamos destacar que este texto está sendo lido em um novo projeto gráfico. Substituímos as duas colunas por uma, reposicionamos notas de rodapé para a lateral da mancha gráfica, modificamos o nosso estilo de referência bibliográfica e demos ênfase ao Digital Object Identifier (DOI). A partir de agora adotamos uma tipografia mais leve, composta por duas classes de fontes, com tipos menores. O estilo de citações e referências bibliográficas foi alterado para o padrão Harvard. Todas essas alterações visam facilitar a leitura dos artigos em dispositivos móveis como tablets e smartphones, sem prejudicar aquele que prefere imprimir o artigo, pois este também poderá fazer um uso mais eficiente das margens. A modificação do projeto gráfico foi necessária pois a preferência pela interface eletrônica se firmou como o padrão da comunidade científica. Desde 2008, quando interrompemos a impressão dos fascículos, pudemos aumentar a nossa periodicidade e ampliar a visibilidade de nosso acervo. Isso não seria possível em função de todos os custos financeiros e operacionais envolvidos na produção e distribuição de quinhentos exemplares, cada um com cerca de 200 páginas.

Essas modificações no desenho gráfico e na forma de interação com os artigos vêm acompanhadas do realinhamento de nossa política editorial. Desde o seu aparecimento, a missão do nosso periódico era simplesmente "publicar trabalhos inéditos nas áreas de Ciência Política e Sociologia Política". Entretanto, entre 1993 e 2013 a forma como se produz conhecimento acadêmico modificou-se profundamente. Nos últimos anos as fronteiras disciplinares têm ganhado contornos mais claros e a especialização dos pesquisadores em diversos nichos está ocorrendo em paralelo à expansão dos programas de pós-graduação em Ciência Política. Como o financiamento desta atividade está vinculado aos indicadores da sua produtividade, cada vez mais os pesquisadores tem procurado submeter trabalhos à avaliação dos periódicos posicionados nos extratos mais elevados do Qualis, intensificando a atividade dos comitês editoriais e dos corpos de pareceristas de cada revista.

Ponderamos sobre essa situação e decidimos nos reposicionar diante do aumento significativo de submissões espontâneas que ocorreu entre 2006 e 2013, quando passamos de cerca de 70 para quase 170 propostas de artigos analisadas anualmente. A partir de novembro do ano passado aperfeiçoamos a nossa missão de modo a informar mais claramente à comunidade o porquê de a Revista Política e Política existir. Pretendemos agora continuar a publicar trabalhos inéditos nas áreas de Ciência Política e Sociologia Política. Contudo, "Os artigos devem ter como foco a produção de inferências ou generalizações a partir de dados e evidências conseguidos em pesquisas empiricamente orientadas. Isto significa que a partir de 2014 a Revista de Sociologia e Política vai acolher na seção de artigos manuscritos com resultados substantivos de pesquisa, reservando para a seção de ensaios as discussões bibliográficas, as revisões e as demais exegeses de textos submetidas à nossa avaliação. Provemos orientações mais específicas sobre a natureza de cada seção nas "Instruções aos autores", que estão em nossa página na SciELO.

Além da mudança no projeto gráfico e do ajuste na política editorial, a terceira grande modificação se refere à forma como os artigos são submetidos. Já indicamos no editorial de março de 2013 que os autores devem elaborar os resumos dos seus artigos segundo o modelo introductionmethodsresultsand discussion (IMRAD). Desde então disponibilizamos uma ferramenta de normalização para auxiliá-los a produzir resumos estruturados. Essa modificação teve como objetivo aperfeiçoar o processo de avaliação dos manuscritos por editores e pareceristas. Agora inauguramos uma nova ferramenta para modernizar a gestão do processo de avaliação por pares, a plataforma ScholarOneTM. Esta é uma ferramenta produzida pela Thomsons Reuters e disponibilizada gratuitamente para todas as revistas da coleção SciELO Brasil. Ela automatiza o controle de tarefas básicas na rotina do periódico, como controle de prazos, designação de funções, geração de relatórios, entre outras. Estas tarefas podem parecer triviais, mas quando as submissões passam a ser contadas em dezenas o envio de e-mails e o arquivamento de documentos acaba consumindo muito tempo e os editores, trabalhando sempre sob pressão de prazos e demandas, ficam muito sujeitos ao risco de cometer equívocos. O resultado líquido é que o tempo de tramitação das propostas é muito longo, e, na maioria dos casos, os autores passam meses sem receber nenhum retorno. Com o ScholarOne isso não ocorre, pois cada autor pode acompanhar em tempo real em que se situação se encontra a sua submissão. Por exemplo, é possível acompanhar se o artigo está em análise pelos editores, se ele já foi enviado para revisores externos, ou quando os editores estão analisando os pareceres. Além disso, ele contém um sistema de lembretes automáticos, informando rapidamente pareceristas e editores sobre quando uma tarefa está pendente.

Essas modificações trazem um passivo elevado para os autores, pois o processo de submissão agora é mais trabalhoso. É necessário preparar de forma adequada o resumo, o manuscrito deve ser produzido em anonimato e a submissão do artigo ocorre em sete etapas. Procuramos traduzir a maior parte das instruções disponíveis na página, tornando a interface bilíngue, mas, de fato, ainda é necessário empenhar um tempo razoável para realizar corretamente a submissão de um artigo na Revista de Sociologia e Política.

Ainda não estamos seguros para afirmar se o que está em curso é a profissionalização do autor ou a burocratização da submissão. Na verdade, talvez haja um pouco de ambas, mas é inegável que tudo o que se perde com o tempo de normalização é ganho em termos de impessoalidade e agilidade do processo de avaliação. Já verificamos que a tramitação de uma submissão ocorre sem que os autores precisem recorrer aos editores, pois toda a orientação sobre como proceder é pública. Os dados confidenciais de cada submissão são protegidos por uma senha pessoal à qual somente o(s) autor(es) têm acesso e até o momento as metas que designamos para a extensão do processo de avaliação estão sendo atingidas. Portanto, parece que estamos caminhando para a efetiva racionalização das rotinas editoriais.

A última novidade que gostaríamos de anunciar neste editorial é o fim à publicação de dossiês temáticos. Diante de todas as modificações anunciadas acima não faria sentido manter a publicação deles, e cremos ser importante comunicar claramente as razões dessa decisão.

Os dossiês temáticos são uma ferramenta importante para novos periódicos, ou para aqueles que estão em fase de consolidação, pois através do dossiê os editores podem convidar nomes importantes em uma área do conhecimento com vistas a conferir prestígio à publicação, especializar as contribuições, aprofundar o debate sobre um tema e, graças à eleição de assuntos específicos, manter a publicação sempre atualizada. Por isso os dossiês foram um meio muito eficaz para reunir uma comunidade de colaboradores, seja na produção de textos, seja na emissão de pareceres. Entretanto, nos encontramos em outra posição. Como foi observado, recebemos uma quantidade muito grande de submissões. Nesta situação, a publicação dos dossiês restringe ainda mais o espaço (que não é grande) para a publicação de artigos submetidos espontaneamente pela comunidade. Por este motivo avaliamos que deveríamos priorizar a comunidade difusa de autores/pesquisadores, preterindo com isso os compromissos firmados com os organizadores de dossiê. Publicaremos apenas os dossiês que já se encontram em fase de produção, isto é, aqueles cujos autores já foram contatados ou cujos artigos estão sendo redigidos - por isso, esta decisão será efetivada a partir do segundo semestre de 2015.

Finalmente, gostaríamos de informar que doravante pretendemos publicar em todo o número de junho um balanço com a estatística de submissão do ano anterior. Estamos levantando dados de quantas submissões recebemos em 2013, qual é o perfil dos autores, quais são as taxas de aprovação e reprovação, e quanto tempo foi dispensado em média na avaliação.

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Gostaríamos de agradecer aos nossos patrocinadores pelos recursos aprovados para este ano. Nosso reconhecimento ao Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) pelo "Programa de Apoio a Publicações Científicas", à Pró-Reitoria de Pesquisa e Pós-Graduação da Universidade Federal do Paraná (PRPPG/UFPR) pelo edital de ajuda à editoração e publicação de periódicos científicos. Gostaríamos de agradecer também ao patrocínio do curso de especialização pago em Sociologia Política da UFPR pelo aporte constante de recursos ao longo de todos esses anos, recursos sem os quais a Revista de Sociologia e Políticanão mais existiria.

 

Os Editores