Open Journal Systems

SENSITIVIDADE FLUVIAL DA DRENAGEM PRINCIPAL DA BACIA HIDROGRÁFICA DO RIO SAGRADO - SERRA DO MAR PARANAENSE

Monica Kleina, Leonardo José Cordeiro Santos

Resumo


A sensitividade fluvial permite reconhecer pontos sujeitos às mudanças na rede de drenagem, identificadas por meio das forças de resistência (capacidade do sistema em resistir a uma alteração do estado inicial) e perturbação (aplicações de energias, como clima, interferências bióticas e antrópicas). Diante do exposto, o presente trabalho tem como objetivo determinar a sensitividade fluvial nas principais drenagens que compõem a bacia hidrográfica do rio Sagrado, localizada em Morretes, na Serra do Mar paranaense. Para obtenção dos resultados, tornou-se necessária a identificação dos estilos e ajustes fluviais, concentração de erosão, conectividade fluvial e evolução da ocupação da terra na bacia. Os dados foram sobrepostos e analisados, evidenciando que as maiores perturbações foram localizadas nos rios Sagrado e Sambaqui, principalmente próximas às planícies, classificadas como alta sensitividade. Diferentemente, rios margeados pelas altas declividades da Serra do Mar, recobertos por vegetação em estágio médio/avançado, situam-se locais com pouca probabilidade de mudanças, sendo denominadas como baixa sensitividade. Assim conclui-se que os terços de rios localizados em planícies possuem poucas resistências e muitas alterações no uso da terra, enquanto que nas altas declividades, em vales fluviais confinados e parcialmente confinados, a sensitividade apresenta-se baixa.


Palavras-chave


Resistências; Perturbações; Mudanças; Sistema fluvial.

Texto completo:

ARTIGO AUTORIZAÇÃO

Referências


AB’SABER, A. N. Os terraços fluviais da região de São Paulo. Boletim Geográfico, v. 15, p. 45-47, 1957.

BAYER, M.; CARVALHO, T. M. Processos morfológicos e sedimentos no canal do rio Araguaia. Revista de Estudos Ambientais, v.10. n. 2, p. 24-31. 2008.

BERNARD, H. A.; MAJOR, C. F. Recent meander belt deposits of the Brazos River: an alluvial sand model. Bull American Assoc. Petroleum Geologists, v. 47, 1963.

BIGARELLA, J. J.; MOUSINHO, M. R. Considerações a respeito dos terraços fluviais, rampas de colúvio e várzeas. Boletim Paranaense de Geografia, v.16/17, p. 153-197, 1965.

BRIERLEY, G.; FRYIRS, K. A. Application of the River Styles framework as a basis for river management in New South Wales, Australia. Applied Geography, v. 22, p. 91-122, 2002.

BRIERLEY, G. J.; FRYIRS, K. A. Geomorphology and River Management: Applications of the River Styles Framework. Blackwell Publishing, Oxford, UK, 2005.

BRUNSDEN, D. Barriers to geomorphological change. In Thomas, D.S.G. and Allison, R. J. Landscape Sensitivity. Wiley e Sons, p. 7-12, 1993.

BRUNSDEN, D. Geomorphological events and landform change. Zeitschrift für Geomorphologie, v. 40, p. 273-288, 1996.

BRUNSDEN, D. A critical assessment of the sensitivity concept in Geomorphology. Catena, v. 42, p. 99-123, 2001.

BRUNSDEN, D.; THORNES, J. B. Landscape sensitivity and change. Transactions of the Institute of British Geographers, n. 4, p. 463-484, 1979.

CARVALHO, T. M. Avaliação do transporte de carga sedimentar no médio rio Araguaia. Revista Geosul, v. 24. n. 47, p. 147-160, 2009.

CHORLEY, R. J.; KENNEDY, B. A. Physical Geography: A Systems Approach. London: Prentice Hall, 1971.

CHRISTOFOLETTI, A. Análise morfométrica de bacias hidrográficas. Notícia Geomorfológica, v. 18, n. 9, p. 35-64, 1969.

COLEMAM, J. M.; GAGLIANO, S. M. Sedimentary structures: Mississipi river deltaic plain. Publicação especial nº 12 da Soc. Econ. Paleontologists Mineralogists, p. 133-148, 1965.

DAVIS, W. M. The rivers and valleys of Pennsylvania. National Geographic Magazine, v. 7, p. 183-253, 1889.

FERNANDEZ, O. V. Q. Mudanças no canal fluvial do rio Paraná e processos de erosão nas margens: Região de Porto Rico-PR. 1990. Dissertação (Mestrado), IGCE/UNESP, Rio Claro.

FONTES, L. C. S. Erosão marginal associada a impactos ambientais a jusante de grandes barragens: O caso do baixo curso do rio São Francisco. 2002. Dissertação (Mestrado) Programa de Pós-graduação em Desenvolvimento e Meio Ambiente (PRODEMA), Universidade Federal de Sergipe (UFS), São Cristóvão.

FRYIRS, K. A.; SPINK, A.; BRIERLEY, G. J. Post-European settlement response gradients of river sensitivity and recovery across the upper Hunter catchment, Australia. Earth Surface Processes and Landforms, v. 34, 897-918, 2009.

HOOKE, J. Coarse sediment connectivity in river channel systems: a conceptual framework and methodology. Geomorphology, v. 56, 2003.

JENSON, S. K.; DOMINGUE, J. O. Extracting topographic structure from digital elevation data for geographic information system analysis. Photogrammetric Engineering and Remote Sensing, Bethesda, v. 54, n. 11, 1988.

KELLERHALS, R.; CHURCH, M.; BRAY, D. I. Classification and Analysis of river processes. Journal of Hydraulics Division, American Society of Civil Engineers, v.102, p. 813-829, 1976.

KLEINA, M. Sensitividade Fluvial na bacia hidrográfica do rio Sagrado (Morretes/PR). 2016. Dissertação (Mestrado em Geografia). Departamento de Geografia, Setor de Ciências da Terra, Universidade Federal do Paraná, Curitiba.

KLEINA, M.; PAULA, E. V.; SANTOS, L. J. C. Análise comparativa dos Estilos Fluviais do rio Sagrado (Morretes/PR) para os anos de 2006 e 2011. Revista Geografar (UFPR), v. 9, n.1, p. 27-44, 2014.

KLEINA, M.; SANTOS, L. J. C. Estilos Fluviais do rio Sagrado (Morretes/PR): comparação nos anos de 2006 e 2011. In: SEMANA INTEGRADA DE ENSINO, PESQUISA E EXTENSÃO (Painel - 21º EVINCI), 2013.

LIMA, R. N. S. Conectividade dos ambientes fluviais: implicações para avaliação da sensibilidade do sistema de drenagem da bacia do Rio Macaé (RJ). 2010. Dissertação (Mestrado em Geografia). Departamento de Geografia, Instituto de Geociências, Centro de Ciências Matemáticas e da Natureza, Universidade Federal do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro.

MARÇAL, M. S. Análise das mudanças morfológicas em seções transversais ao rio Macaé/RJ. Revista Brasileira de Geomorfologia, v. 14, n. 1, 2013.

MATTOS, S. H. V. L.; PEREZ FILHO, A. Complexidade e Estabilidade em Sistemas Geomorfológicos: uma introdução ao tema. Revista Brasileira de Geomorfologia, v. 5, n. 1, 2004.

MINEROPAR - Minerais do Paraná S. A - (Serviço Geológico do Paraná). Atlas geológico do Estado do Paraná. Curitiba, 2001.

NEWSON, M. D.; LARGE, A. R. G. ‘Natural’ rivers, ‘hydromorphological quality’ and river restoration: a challenging new agenda for applied fluvial geomorphology. Earth Surface Processes and Landforms. v. 31, p. 1606-1624, 2006.

O’CALLAGHAN, J. F.; MARK, D. M. The extraction of drainage networks from digital elevation data. Computer Vision, Graphics, and Image Processing, San Diego, v. 28, n. 3, 1984.

OLIVEIRA, C. K. R.; SALGADO, A. A. R. Geomorfologia Brasileira: Panorama Geral da Produção Nacional de Alto Impacto no Quinquênio entre 2006-2010. Revista Brasileira de Geomorfologia, v. 14, p. 117-123, 2013.

PAULA, E. V. Análise da Produção de Sedimentos na Área de Drenagem da Baía de Antonina/PR uma abordagem geopedológica. 2010. Tese (Doutorado em Geografia). Departamento de Geografia, Setor de Ciências da Terra, Universidade Federal do Paraná, Curitiba.

PAULA, E. V.; NOWATZKI, A. Programa de Controle Ambiental das Dragagens de Manutenção dos Portos de Paranaguá e Antonina: 2009. Relatório Parcial. Delimitação das áreas prioritárias à recuperação na bacia hidrográfica do Rio Sagrado (Morretes/PR). Antonina: ADEMADAN, 2009.

PEIXOTO, M. N. O.; CESÁRIO, F. V.; PIMENTEL, M. L.; MELLO, E. V.; OLIVEIRA, D. F. P. Identificação de Estilos de Rios em Bacias de Drenagem inseridas em Compartimentos de Colinas – Médio Vale do rio Paraíba do Sul (RJ). Revista de Geografia (UFPE) – vol. especial VIII SINAGEO, n. 3. Recife, 2010.

PHILLIPS, J. D. Changes, perturbations, and responses in geomorphic systems. Progress in Physical Geography, v. 33, n. 1, p. 17-30, 2009.

PLANCHON, O.; DARBOUX, F. A fast, simple and versatile algorithm to fill the depressions of digital elevation models. Catena, v. 46, p. 159-176, 2001.

QUINN, P. F.; BEVEN, K. J.; LAMB, R. How to calculate it and how to use it within the TOPMODEL framework. Hydrological Processes, v. 9, p. 161-182, 1995.

RIBEIRO, A. S.; PEIXOTO, M. N. O.; SIQUEIRA, C. Y. S.; TEIXEIRA, C. C.; MOURA, J. R. S.; SÃO THIAGO, A. P. W. Dinâmica Fluvial e Qualidade das Águas em Microbacia Hidrográfica do Município de Volta Redonda (RJ). In: XIX SIMPÓSIO BRASILEIRO DE RECURSOS HÍDRICOS. Alagoas, 2011.

RICE, S. P.; LANCASTER, J.; KEMP, P. Experimentation at the interface of fluvial geomorphology, stream ecology and hydraulic engineering and the development of an effective, interdisciplinary river science. Earth Surface Processes and Landforms. v. 35, p. 64-77, 2009.

ROCHA, P. C. Geomorfologia e Conectividade em ambientes fluviais do Alto rio Paraná, Centro-Sul do Brasil. Boletim de Geografia (Maringá), v. 28, n. 2, p. 157-176, 2010.

SALGADO, A. A. R; BIAZINI, J.; HENNING, S. Geomorfologia brasileira: panorama geral da produção nacional no início do século XXI (2001-2005). Revista Brasileira de Geomorfologia, v. 9, n. 1, p. 84-91, 2008.

SALGADO, A. A. R.; LIMOEIRO, B. F. Geomorfologia brasileira: panorama geral da produção nacional de alto impacto no quinquênio entre 2011-2015. Nota técnica. Revista Brasileira de Geomorfologia, v. 18, n 1, 2017.

SCHUMM, S. A. River adjustment to altered hydrologic regimen – Murrumbidgee river and paleochannels, Australia. Geological Survey Prof. Paper, p. 1-62, 1968.

SILVEIRA, C. T.; PIO FIORI, A.; FERREIRA, A. M.; GÓIS, J. R.; DE MIO, J.; SILVEIRA, R. M. P.; MASSULINI, N. E. B.; LEONARDI, T. M. H. Emprego de atributos topográficos no mapeamento da susceptibilidade a processos geoambientais na bacia do rio Jacareí, Paraná. Sociedade & Natureza, v. 25 (3), p. 623-639, 2013.

SOUZA, J. O. P. Geomorphology and River Management: Applications of the river styles Framework. Victoria: Blackwell publishing (commerce Place, 350 main Street, Malden, MA02148, USA). Resenha. Revista de Geografia (UFPE), 2012.

SOUZA, J. O. P. Modelos de evolução da dinâmica fluvial em ambiente semiárido – bacia do Riacho do Saco, Serra Talhada, Pernambuco. 2014. Tese (Doutorado em Geografia) – Departamento de Ciências Geográficas – DCG, Universidade Federal de Pernambuco, Pernambuco.

SOUZA, J. O. P.; BARROS, A.; CORRÊA, A. C. B. Classificação de canais semiáridos pelo semiárido, bacia do riacho do Saco, Pernambuco. Geonorte, Edição Especial 4, v. 10, n. 1, p. 222-227, 2014.

SOUZA, J. O. P.; CORRÊA, A. C. B. Conectividade e área de captação efetiva de um sistema fluvial semiárido: bacia do riacho Mulungu, Belém de São Francisco – PE. Sociedade & Natureza, v. 24, n. 2, p. 379-332, 2012.

SOUZA, J. O. P.; CORRÊA, A. C. B. Análise da sensitividade da paisagem na bacia do riacho do Saco – PE. Revista Brasileira de Geomorfologia, v. 16, n. 4, p. 615-630, 2015.

SOUZA MAIA, R., SOUZA, J. O. P. Análise e caracterização em ambiente semiárido dos Estilos Fluviais na bacia Riacho Jucurutu – PB. In: XI SIMPÓSIO NACIONAL DE GEOMORFOLOGIA. Maringá, 2016.

STEVAUX, J. C. O Rio Paraná: geomorfogênese, sedimentação e evolução quaternária do seu curso superior (região de Porto Rico, PR). 1993. Tese (Doutorado em Geologia) – Departamento de Pós-Graduação em Geologia Sedimentar, Universidade de São Paulo, São Paulo.

TARBOTON, D. G.; BRAS, R. L.; RODRIGUEZ-ITURBE, I. On the extraction of channel networks from digital elevation data. Hydrological Processes, Chichester, v. 5, n. 1, 1991.

ZANCOPÉ, M. H. C.; CARPI JUNIOR, S.; PEREZ FILHO, A. Mudanças no Canal do Rio Mogi Guaçu - Brasil. In: VI SIMPÓSIO NACIONAL DE GEOMORFOLOGIA. Regional Conference on Geomorphology, v. 2, p. 63-63, 2006.

ZANCOPÉ, M. H. C.; CARPI JUNIOR, S.; PEREZ FILHO, A. Migração Fluvial, Pedogênese e Sedimentação na Planície do Rio Mogi Guaçu. In: XII SIMPÓSIO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA FÍSICA APLICADA. Natureza, Geotecnologias, Ética e Gestão do Território, v. 1, p. 82-83, 2007.




DOI: http://dx.doi.org/10.5380/raega.v41i0.51903