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A MORADIA VERTICAL – UM ESTUDO SOBRE O PROCESSO DE APROPRIAÇÃO DA CASA E SEU ENTORNO SOCIOFÍSICO

Alice Maccari, Teresinha Maria Gonçalves

Resumo


Este artigo apresenta os resultados de uma pesquisa sobre o ambiente urbano, realizada na cidade de Criciúma, Santa Catarina, Brasil – sob a perspectiva da Psicologia Ambiental, que serviu de base para a dissertação de mestrado em Ciências Ambientais da primeira autora. Trata-se de um estudo sobre a moradia vertical, em uma abordagem de pesquisa qualitativa, cujo método utilizado foi estudo de caso e a técnica de coleta de dados primários foi a entrevista semiestruturada. Os dados secundários foram buscados na prefeitura municipal de Criciúma (SC) e no Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, IBGE. O projeto de pesquisa foi aprovado na Plataforma Brasil, pelo Comitê de Ética para Pesquisa com Humanos. O coletivo amostral foi composto por 26 moradores residentes em prédios localizados em diversas ruas do bairro Comerciário, com tempo de moradia entre cinco a 16 anos. Os objetivos desta pesquisa foram verificar o processo de apropriação da casa e como se dão as relações sociais na vida coletiva dos moradores de edifícios, bem como analisar a percepção das pessoas em relação ao entorno sociofísico. O estudo demonstrou que a verticalização acaba por contribuir para a mudança de modos de vida e para o isolamento do indivíduo de seu convívio social, apesar de aparentar uma coletividade devido à proximidade das habitações. Os moradores entrevistados não têm vínculo social no bairro nem possuem envolvimento com os acontecimentos pertencentes à comunidade externa, atribuindo à sua vida social no bairro características que eles chamam de “reservada”, “individualista”, “praticamente nula” e “sem perturbações”


Palavras-chave


Habitação vertical; Percepção ambiental; Apropriação do espaço; Pseudocoletividade.

Texto completo:

ARTIGO AUTORIZAÇÃO

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DOI: http://dx.doi.org/10.5380/raega.v42i0.46931