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Ética e técnica em Jonas e Levinas: diferenciações e aproximações

Ozanan Vicente Carrara

Resumo


O presente artigo aborda, a partir de alguns textos e passagens dos filósofos Jonas e Levinas, sobretudo Technologie et Responsabilité, do primeiro, e Heidegger, Gagarine et nous, do segundo, a questão da relação entre ética e técnica. Jonas funda a ética em uma ontologia, sendo a técnica, em sua concepção, parte constitutiva da natureza humana, aquilo mesmo que instala o homem na humanidade, ligando-a o autor à preservação e à continuidade da existência em todos os níveis: o da existência humana e o da existência não humana. Para Levinas, a ética dispensa uma ontologia que a prepare, sendo ela mesma a filosofia primeira. Sendo sua ética um esforço de buscar o humano em toda sua profundidade, concebe a técnica como aquilo que permite perceber o humano em toda sua intensidade, libertando-o do mundo e do contexto, abrindo a possibilidade de uma subjetividade que é habitação, acolhimento e aceitação de outrem. Após caracterizar o pensamento da ética em ambos os autores e de situar a técnica e a tecnologia dentro de seus projetos éticos, o artigo busca os elementos comuns nos dois pensadores que ajudam a pensar a ética ambiental e suas questões fundamentais, como as da humanidade e animalidade, encontrando um elemento comum na noção de responsabilidade tão fundamental às formas de os dois autores pensarem a ética. É pela responsabilidade que éticas tão diferentes conservam uma abertura à alteridade, seja na forma das futuras gerações (Jonas), seja ao outro, na figura do Rosto (Levinas), que, alargada, pode incluir também os seres não humanos.


Palavras-chave


ética; técnica; Jonas; Levinas; ética ambiental

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DOI: http://dx.doi.org/10.5380/dma.v41i0.46017