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DINÂMICA SEDIMENTAR E EVOLUÇÃO PALEOGEOGRÁFICA DO SACO DO LIMOEIRO NA ILHA DO MEL, E SUA RELAÇÃO COM O CANAL DE ACESSO AO PORTO DE PARANAGUÁ

ALFREDO DUARTE DE ARAÚJO

Resumo



A desembocadura sul da baía de Paranaguá possui
um importante papel no desenvolvimento econômico
e social do Paraná. Nela foi dragado o Canal da Galheta,
que dá acesso ao porto de Paranaguá e que tem tido
problemas de assoreamento. Nesta desembocadura está
a Ilha do Mel e em sua margem sudoeste existe um
embaiamento com profundidades rasas denominado Saco
do Limoeiro, o qual é o objeto deste estudo, e que contribui
para o entendimento da dinâmica sedimentar no setor
interno da baía de Paranaguá. Os objetivos desse
trabalho foram: caracterizar os sedimentos e formas de
fundo; determinar o comportamento de correntes de maré,
assim como sua capacidade de transportar sedimentos
por tração durante um ciclo de maré de sizígia; interpretar
ambientes de sedimentação e a evolução
paleogeográfica da Ilha do Mel; e determinar a relação
entre os processos sedimentares do Saco do Limoeiro e
do setor interno da Baía de Paranaguá. Amostragem de
sedimentos, medições de correntes e comparação entre
fotos aéreas e um levantamento batimétrico, permitiram
concluir que: os sedimentos do fundo são compostos
em geral por 95% de grãos terrígenos, sendo areia fina a
fração granulométrica média; três classes de formas de
fundo ocorrem (ondas de areia, megaondulações e marcas
onduladas); as ondas de areia apresentaram deslocamentos
mínimos entre 1,3 e 3 m/ano num período de
18 anos; as correntes de maré mais intensas num ciclo
de maré de sizígia ocorrem em períodos de vazante
(43,8 cm/s), sendo que a média foi de 24,2 cm/s; sedimentos
não-coesivos são transportados por tração geralmente
em correntes de maré vazante, que fluem nos
sentidos S-SE, com velocidades superiores a 15,8 cm/s
medidas a 50 cm do fundo. A dinâmica sedimentar no
Saco do Limoeiro é controlada por processos que atuam
em escalas de tempo diferentes. Durante ciclos de sizígia
em condições de mar calmo o transporte de sedimentos
ocorre seguindo sentidos de vazante, mas pode ter seu
sentido invertido em eventos de maior energia como durante
marés meteorológicas que freqüentemente estão
associadas à passagem de frentes frias. Dessa forma, o
Saco do Limoeiro pode contribuir para o assoreamento
do setor interno do Canal da Galheta. Com base em trabalhos
anteriores e descrições de sondagens e
afloramentos, concluiu-se que a Ilha do Mel surgiu com a
emersão de uma praia sobre sedimentos de um delta de
maré enchente a aproximadamente 5.100 A.P. O registro
geológico do Saco do Limoeiro apresenta estruturas
sedimentares que podem ser interpretadas como sendo
formadas em ambiente de planície de maré. O Saco do
Limoeiro instalou-se a 2.850 anos, mais ou menos 30
anos A.P., sobre uma plataforma formada pela erosão da
margem sudoeste da Ilha do Mel. Essa erosão seria decorrente
da interação entre correntes de maré e os pontais
rochosos do sul da Ilha do Mel.


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DOI: http://dx.doi.org/10.5380/geo.v51i0.4187