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ANOMALIAS AEROGAMAESPECTROMÉTRICAS (K, U E TH) DA QUADRÍCULA DE ARARAS-SP E SUAS RELAÇÕES COM PROCESSOS PEDOGENÉTICOS E FERTILIZANTES FOSFATADOS

JOCELYN LOPES DE SOUZA

Resumo



Fertilizantes químicos são utilizados em regiões
tropicais, especialmente em áreas de grandes culturas,
consideradas de abastecimento externo. Geralmente,
radionuclídeos estão presentes nas matérias-primas utilizadas
para a fabricação de alguns fertilizantes e,
consequentemente, a redistribuição de urânio, tório e
potássio, pela atividade agrícola, pode levar a contaminação
dos solos intensivamente fertilizados. Dados
aerogamaespectrométricos de K, U e Th, provenientes
do Projeto São Paulo/Rio de Janeiro, executado pela
ENCAL S.A. para a CPRM, entre os anos de 1978-1979,
mostraram na Quadrícula de Araras (SP), a coincidência
entre anomalias aerogamaespectrométricas de K, U, Th
e sills de diabásio. Esta área está localizada no estado
de São Paulo, situada entre as coordenadas 22° 00'/ 22°
30’de latitude sul e 47° 00’e 47° 30' de longitude oeste.
Como os teores de radionuclídeos em rochas básicas
são baixos e, levantamentos aerogamaespectrométricos
revelam a radiação gama, proveniente dos 30 cm da superfície
do solo (coincidindo com a camada agricultável),
despertou-se o interesse de investigar quais os solos inseridos
nas referidas anomalias, bem como a atividade
agrícola desenvolvida, para se averiguar se a fonte era
oriunda dos fertilizantes químicos utilizados, conferindo
assim o principal objetivo da presente pesquisa. O
geoprocessamento mostrou-se eficaz na integração dos
dados multifonte como: geologia, solos, formações superficiais,
drenagem, topográficos, de sensoriamento remoto,
aerogamaespectrométrico. Revelou que: as anomalias
de U e Th ocorrem sobre Latossolos Roxos
massivamente fertilizados com fosfatos, nas porções planas
e elevadas do terreno; níveis elevados de urânio estão
associados a granulometria argilosa em regolitos
desenvolvidos sobre soleiras diabásicas; anomalias de
potássio e tório acompanham os aluviões do Quaternário
que percorrem as margens do Rio Moji, atribuindose às
ocorrências de K anômalo, a presença de feldspatos nos
solos inseridos e a ocorrência de Th associada à fertilização local e ao transporte de argilas e óxidos de ferro
provenientes das porções mais elevada do terreno, onde
situam-se os Latossolos Roxos sob a cultura de
cana-de-açúcar. Análises radioquímicas dos solos e fertilizantes
revelaram a ocorrência destes radionuclídeos. Teores
de urânio nos solos analisados mostraram-se superiores
aos teores médios indicados pela literatura para solos
ditos normais e superiores aos obtidos em pesquisa sobre
acumulação de urânio, em solos há mais de oitenta
anos fertilizados. As análises radioquímicas de U e Th
em fertilizantes foram condizentes com a literatura, observando-se a influência da origem geológica da fonte da
matéria-prima utilizada para a fabricação do fertilizante,
bem como o aumento nas concentrações de urânio com
o teor de P2O5 do fertilizante. Entretanto, estatisticamente,
os resultados radioquímicos, não podem ser considerados
representativos devido ao número reduzido de
amostras não condizentes com o tamanho da área
(~278.865 ha) e acurácea do levantamento aerogamaespectrométrico
onde está inserida a Quadrícula de Araras.
Medidas gamaespectrométricas terrestres mostraram
boas relações com as detecções aerogamaespectrométricas.
As informações gamaespectrométricas
aliadas as detecções de susceptibilidade magnética (K)
mostraram que o urânio e o tório tendem a se concentrar
em solos oriundos do intemperismo de rochas básicas,
mais desenvolvidos, argilosos e com K elevado. A retenção
de urânio e tório em solos mais desenvolvidos e com
predominância de argilas e óxidos de ferro, aliadas à informações
de topografia, denotaram contagens
gamaespectrométricas destes radionuclídeos maiores do
que as encontradas em pedreira de diabásio. Maiores valores
de K foram encontrados nos solos aluviais, devido a
presença de feldspatos potássicos e micas nos minerais
formadores destes solos, bem como pela lixiviação do
potássio dos tratos mais elevados, e aqueles do
embasamento cristalino, somadas a utilização de fertilizantes
potássicos no cultivo de cana-de-açúcar.


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DOI: http://dx.doi.org/10.5380/geo.v49i0.4143