Apresentação

Muito se tem dito a respeito das dificuldades na área de editoração universitária em um país cujas políticas governamentais não priorizam efetivamente a cultura e a educação. Os obstáculos são maiores ainda quando se trata da divulgação da produção acadêmica das instituições públicas de ensino superior.

Com base nesta constatação, é que, ao introduzirmos o presente número da revista do Setor de Educação da Universidade Federal do Paraná, o fazemos com grande júbilo porquanto esse periódico é resultante do empenho da comunidade setorial na manutenção de um espaço aberto à circulação de idéias, concepções, teorias e práticas pedagógicas, bem como propiciador do debate sobre as questões fundamentais da educação.

Reconhecemos que tem sido árdua a luta de seus sucessivos Conselhos Editoriais e Comissões Executivas para garantir a continuidade da publicação.Tal tarefa nem sempre foi bem sucedida, dada a persistente carência de recursos orçamentários e financeiros.

Em mais de quinze anos de existência a revista do Setor de Educação atravessou momentos difíceis, os quais, se por um lado cercearam seu potencial, por outro lhe conferiram o desejável amadurecimento. Editada pela primeira vez em 1977, com o nome de Revista de Educação, visava a divulgação quadrimestral do trabalho produzido no Curso de Mestrado em Educação. No dizer de seu coordenador, o saudoso Prof.Lauro Esmanhoto, ela estava "destinada a ser um repositório intelectual trabalhado por professores e alunos do Mestrado em Educação". Esta fase teve uma duração breve, pois no ano seguinte circulou o último número.

Em 1981, foi lançada, como sucessora, a revista Educar "menos como veículo de críticas à exaustão, mais como veículo de matérias que estimulem à reflexão centrada nas tarefas da educação nacional, no intuito de clareá-las e tornar a intervenção eficaz e transformadora", segundo o editorial sob a responsabilidade do então Diretor do Setor de Educação, Prof. José Alberto Pedra.

"As Metodologias de Ensino e o Processo de Conhecimento"; à sua seleção informativa: "Ação Didática das Editoras Universitárias"; ou 'a sua perspectiva histórica nacional: "60 (sessenta) anos do Manifesto dos Pioneiros da Educação Nova". Uma boa parte, porém, diz respeito aos conteúdos de ensino ou ao próprio ensino, sejam eles em Ciências: "Avaliação Diagnóstica do Curso de Licenciatura em Ciências Biológicas"e a Importância Educacional da Geografia"; nas Artes: "Metodologia do Ensino das Artes na Escola"; suas dimensões psicológicas "Orientação Vocacional" e "o Sim contra o Sim"; seu desempenho no meio rural: "Anotações para um Resgate Pedagógico das escolas rurais" .Quando não, a própria formação do Docente é questionada no secundário: "Crítica aos fundamentos filosóficos, sociológicos e históricos do Currículo do Magistério do 2 Grau"; na história da sua formação: " A formação do Professor do 2 Grau na Legislação de 1931 a 1975" em uma de suas funções: " O Papel do Professor de Educação Artística"; e na dialética do dia a dia: "Cotidiano e Formação do Professor: ruptura e articulação".Nem por isso, se dão por esgotados os problemas de educação e do ensino e as soluções aos problemas já arrolados.

Que Educar em Revista aparecerá agora anualmente publicada pela Editora da Universidade Federal do Paraná é de bom augúrio. De se esperar, portanto, que um tal esforço suscite por parte dos educadores, ao menos, a consciência de que uns poucos anos antes do terceiro milênio representam pouca coisa em si, mas uma amarga desesperança caso os empresários, trabalhadores e todos quantos se beneficiam com a educação e o ensino viessem a descobrir que este avanço no tempo redundou em pouco ou em quase nada na marcha da civilização. Para impedir essa espécie de regressão, todos nós, e não somente os educadores temos de arregaçar as mangas e terçar as armas e logo!

José Vicente A. N. Miranda

Datas de Publicação