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O “Ser” do Homem como Possibilidade Angustiada Frente à Ação Subjetiva

Marcos da Silva e Silva

Resumo


 

A realidade do fenômeno se dá quando vai de encontro com outra realidade, podendo ser entendida como realidade fenomenologicamente compreensiva, dependendo do modo, e de como se interroga a própria realidade. Só vemos o que acreditamos que é possível compreender, assim, o fenômeno só é real na medida em que o compreendemos. Se não tivermos conhecimento de um objeto, como poderia - mos compreendê-lo? O problema é que colocamos muita consciência nos objetos, perdendo assim, a noção de sermos realidades objetivas, quando o que pode ser proposto é compreender a realidade através dos olhos da própria realidade, pois a realidade muda, mais o conceito de realidade não. Isso nos faz compreender que a existência real é muito mais que ela mesma, e o que a cerca, não esta separado, conjugada como o infinito do real e comungada por um gênio, figura exaltada pelo romantismo. Para os românticos, a realidade é um todo do qual é necessário aproximar-se, não analiticamente, mas de maneira a compreender-lhe a unidade. Assim, nós criamos possibilidades de realidades, na qual o fenômeno é dado por si mesmo, e pode ser concebível que toda realidade, e a realidade dos seres são uma grande confusão, da qual não compreendemos que é ao mesmo tempo uma possibilidade, como fala Kierkegaard:

Digo portanto que existe tudo o que possui por natureza a possibilidade de fazer uma coisa qualquer ou de sofrer uma ação [...]. E é por isso que coloco essa definição: os seres não são nada além de possibilidades. (LE BLANC, 1998, apud KIERKEGAARD, 1813: sofista, 247e.).

Assim, frente ao mundo de possibilidades há sempre um confronto coma multiplicidade. De fato a multiplicidade distancia o homem daquilo que lhe é mais inerente, a condição do ser do homem não é simplesmente epistemico, mais sim a de entender o que esta a sua frente como escolha. A partir de 1800, o "ser" não é simplesmente um problema do pensamento, passando a ser um problema para uma filosofia da existenz2 como nos indica Hannah Arendt (1906: 15) "O termo "existenz" indica, em primeiro lugar, nada mais do que o ser do homem, independentemente de todas as qualidades e capacidades que possam ser investigadas". (ARENDT , 1906: 15). O mundo do "ser" é agora o mundo das "possibilidades infinitas". O possível é a condição metafísica do existir, do que é; como nos afirma Hannah Arendt (1906: 19): "o Homem chega à consciência de que ele é dependente – não de algo em particular, nem de alguma Limitação em geral, mas de fato do que é". ( ARENDT ,1906: 19). Pressuposto que um puro ser é impossível de conhecer. O "ser", é sempre um espaço vazio, que é constituído por possibilidade de poder ser, quando completado por outro. O que faz o "ser" ser, entendido em seu sentido ontológico não é o próprio "ser": o que o faz é o ecoar sobre a possibilidade, a consciência do ser-ai, é a de que estamos avançando no tempo, de fato as possibilidades do "ser" são muitas em uma só, pois é atemporal, uma conjunção de tempo e ação para "incorporação".


Palavras-chave


Angústia, Ser, Existenz, Realidade

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DOI: http://dx.doi.org/10.5380/contra.v2i2.18162