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Um antropólogo no cartório: o circuito dos documentos

Danilo César Souza Pinto

Resumo


O artigo reflete sobre o modus operandi da burocracia estatal brasileira, por meio de pesquisa de campo em um tabelionato de notas e o acompanhamento de pessoas na busca por documentos emitidos por cartórios. Procura-se pensar sobre os aspectos formais e informais no processo de fabricação de documentos: o constante e obrigatório remeter a outros documentos, o papel dos conhecidos junto a organizações burocráticas estatais, além de outras categorias nativas como segurança, confiança e responsabilidade. Inspirado nas leituras de Latour sobre a ciência e o direito e o modo de construção desses saberes na prática, concebe-se toda a circulação de documentos, palavras e pessoas como uma forma de comunicação engendrada pela burocracia

Palavras-chave


Antropologia; Sociedade brasileira; Burocracia; Comunicação; Documentos

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DOI: http://dx.doi.org/10.5380/campos.v15i1.42961

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