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“Onde está o conhecimento que perdemos na informação1 ?” Explorando a mineração de dados (e de textos) e metodologias de design como apoio à gestão da informação

“Where is the knowledge we have lost in information?” 1 Exploring data mining (and texts) and design methodologies to support information management

Dra. Patricia Zeni Marchiori

A tarefa de coleta, análise e busca de significados derivados de dados e de ações de usuários frente a distintas tecnologias são a tônica deste v3n2 da “AtoZ: novas práticas em informação e conhecimento”. A produção e disponibilidade de volumes crescentes de dados provenientes de distintas fontes estimulam um novo arcabouço de soluções, enfoques revisitados de metodologias de investigação já consolidadas, e possibilidades concretas de intervenção em realidades educativas e sociais; as quais temos o prazer de publicar.

No contexto da mineração de dados, esta edição apresenta entrevista com especialistas ligados e formados pela Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUC-PR), que explicam conceitos centrais e periféricos relacionados à mineração de textos, sua aplicação em business intelligence, as condições para o aproveitamento das técnicas e algoritmos, entre outros destaques.

Corroborando um dos aspectos levantados pelos entrevistados, Costa, Bernardino e Viterbo - ao analisarem os boletins de ocorrências da Polícia Rodoviária Federal - destacam a necessidade de se melhorar a qualidade dos dados já na etapa de coleta/alimentação da base,  como o desafio para os gestores de repositórios estruturados e não estruturados de dados. Este requisito é essencial para o pré-processamento e o emprego de distintos algoritmos em busca de associações confiáveis.

Quanto à mineração de textos,Trucolo e Digiampietri exploram a extração automática de termos presentes na produção científica de pesquisadores, aliadas a técnicas de análise de tendências, como potenciais recursos na averiguação/crescimento de assuntos ou áreas de pesquisa (ainda) não influentes/prevalentes. Novos estudos que utilizem a metodologia proposta pelos autores podem, futuramente, validar e ajustar tais estratégias de análise, ampliando os recursos de investigação disponíveis para estudos quantitativos em informação e conhecimento.

O foco nos usuários de tecnologia e informação - mais especialmente em jogos/games - igualmente têm se fortalecido como um direcionamento de pesquisa na área de informação, conhecimento e tecnologia. Japppur, Forcellini e Spanhol exploram um modelo conceitual para jogos educativos digitais derivado do Design Science Research Methodology, o qual foi testado - com resultados positivos - em duas turmas do Programa Jovem Aprendiz do SENAC/SC. Ainda na linha de jogos educativos digitais, o Object-Oriented Hypermedia Design Method (OOHDM) e técnicas de inteligência artificial foram utilizados por Villacis e colegas tanto na concepção conceitual como na aplicação em interfaces interativas do “jogo da velha”, o qual foi disponibilizado para crianças entre 7 e 11 anos. O estudo comprovou a eficácia do uso das interfaces como estímulo cognitivo nesta faixa etária.

A participação ativa de usuários de sistemas de informação, especialmente aqueles com acesso a plataformas móveis (e estimulados a participar de soluções), demonstra uma tendência de pesquisa cujo foco extrapola a participação pontual do usuário e investe no seu efetivo engajamento. Neste particular, o estudo apresentado por Lima, Alves, Costa e Sales utiliza a metodologia Design Thinking aplicada a uma proposta de solução de software voltada à mobilidade urbana; enquanto Lopez-Faicán e Chambas-Eras - com o objetivo oferecer alternativas à intervenção de professores em atividades de ensino - implementam e testam um modelo de incerteza (usando Redes Bayesianas e o modelo Felder-Silverman) voltado à previsão de estilos de aprendizagem em AVAs/Moodle.

Contudo, os autores são cautelosos e não se furtam – como reza a boa prática científica - a indicar limites às suas investigações, considerando-os como necessários para a crítica e revisão de práticas em suas áreas de interesse. Para eles, questionar “o que existe por detrás dos dados” e os contextos sociais, econômicos, e de macro (ou micro) políticas que afetam  a criação de conhecimento são decorrência natural dos estudos quantitativos que envolvem - ou buscam explicitar - aspectos das relações sociais, nem sempre revelados pela informação registrada.

Obs: Apresentamos neste número a nova proposta de diagramação pdf, em atendimento às opiniões de nossos leitores e colaboradores quando da pesquisa de avaliação. Outras novidades estão a caminho para os números de 2015! Agradecemos o constante apoio e desejamos uma profícua leitura!

Profa. Dra. Patricia Zeni Marchiori

Editora-Chefe

Nota

1  T.S. Eliot - Chorus I - "The Rock" (1934). Disponível em: http://www3.dbu.edu/mitchell/eliotroc.htm

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