Open Journal Systems

Atividade larvicida do extrato etanólico bruto da casca do caule de Magonia pubescens St. Hil. sobre Culex quinquefasciatus Say (Diptera, Culicidae)

Valéria de Oliveira Mendes Zanon, Heloísa Helena Garcia da Silva, Regina Maria Geris dos Santos, Ionizete Garcia da Silva

Resumo


Culex quinquefasciatus Say é a espécie mais importante na
transmissão da Wuchereria bancrofti nas áreas em que esse nematóide apresenta periodicidade noturna. Apresenta distribuição trópicocosmopolita, sendo acentuadamente antropofílico, com comportamento altamente sinantrópico e endofílico, com hábitos hematofágicos noturnos, principalmente nas horas mais avançadas, coincidindo com o período de maior microfilaremia do helminto. Esse mosquito tornou-se o mais conhecido do ser humano, fundamentalmente por atacar e perturbar o seu repouso noturno (CONSOLIN & OLIVEIRA , 1994; FORATINI et al., 2000).
No Brasil, o Cx. quinquefasciatus está muito bem adaptado ao
meio urbano, desenvolvendo-se em criadouros naturais e  artificiais, desde a água límpida até extremamente poluída, tornando-se uma praga urbana, apresentando maior densidade onde não há infraestrutura de saneamento básico. Nas áreas com focos de transmissão, vários métodos têm sido integrados para o controle do mosquito e da filariose bancroftiana, como métodos químicos, físicos e microbiológicos (SCAFF & GUEIROS, 1968; FRAIHA-NETO, 1993; CALHEIROS et al., 1998; FONTES et al., 1994). A filariose bancroftiana é também conhecida por elefantíase e constitui-se num sério problema de saúde na Ásia, África e nas Américas. Nessas áreas, estima-se que cerca de 120 milhões de pessoas estejam infectadas pela W. bancrofti. Esse Nematoda vive nos linfonodos e vasos linfáticos, causando obstrução e extravasamento de linfa, sendo responsável pelas manifestações clínicas mais graves de membros inferiores e da bolsa escrotal com edema linfático e queratinização cutânea (WHO, 1992 e 1994). A bancroftose no Brasil apresenta uma distribuição urbana, localizada, principalmente nas cidades litorâneas. Na década de 50, essa parasitose distribuía-se em oito estados (Alagoas, Amazonas, Bahia, Maranhão, Pará,  Pernambuco, Rio Grande do Sul, Santa Catarina). Após essa década, em função das medidas de controle utilizadas contra o vetor e tratamento dos microfilarêmicos, inquéritos mostram que a prevalência persiste nas regiões Norte e Nordeste, nas cidades de Belém, Maceió e Recife (FONTES et al.,2005; DREYER & COELHO, 1997; ROCHA et al., 2000). Os inquéritos sobre a bancroftose são localizados, por isso coloca em dúvidas as áreas consideradas atualmente indenes, nos estados do Amazonas, Bahia, Maranhão, Santa Catarina e Rio Grande do Sul (VIEIRA & COELHO, 1998). Contudo estudos recentes, através do índice de infestação larvária do C. quinquefasciatus e pela microfilaremia sangüínea, evidenciaram situação mais problemática na cidade de Recife, com aumento da endemia (DREYER & MEDEIROS, 1990; MACIEL et al., 1996 e 1999; ROCHA et al., 2000, 1998; VIEIRA & COELHO, 1998). As ações de controle do C. quinquefasciatus são realizadas com inseticidas químicos, microbiológicos e manejo ambiental, apenas nos focos de transmissão. Com o aparecimento da resistência do mosquito a esses produtos (FAILLOUX et al., 1994; WIRTH et al., 1998), o controle da bancroftose tem sido centrado no diagnóstico, tratamento de microfilarêmicos e na conscientização sanitária da população (SCAFF & GUEIROS, 1968; DREYER & DREYER, 2000; VIEIRA & COELHO, 1998).
Inseticidas de origem botânica têm sido investigados como
alternativa para controle do C. quinquefasciatus. Assim, CHAHAD &
BOOF (1994) mostraram atividade larvicida de extratos de pimenta preta sobre o quarto estádio desse mosquito. A Azadirachta indica tem sido estudada por diversos autores, que demonstraram potencialidade dessa planta como larvicida para o C. quinquefasciatus (RAO et al., 1992; SAGAR & SEHGAL,1996; SCOTT & KAUSHIK, 1998; SU & MULLA, 1998; EL-HAG et al., 1999).
Com relação a plantas do Cerrado, o primeiro trabalho mostrando
potencialidade larvicida do extrato bruto etanólico da Magonia
pubescens foi o de SILVA et al. (1996) trabalhando com o Aedes
aegypti e, GUIMARÃES et al. (2001) realizaram bioensaios no campo com essa planta, correlacionando a atividade com o tipo de
criadouro. Estudos mais detalhados da toxicidade foram feitos por
SILVA et al. (2003) e ARRUDA et al. (2003a,b). Isso abriu perspectivas de estudos para o C. quinquefasciatus, na busca de novas alternativas para as ações de controle desse culicíneo.

Palavras-chave


Larvicidal-activity;extract-Magonia-pubescens; Culex quinquefasciatus; Diptera; Culicidae

Texto completo:

PDF


DOI: http://dx.doi.org/10.5380/abpr.v35i0.7510