Open Journal Systems

Inventário de fitólitos da floresta ombrófila mista: subsídios para estudos paleoambientais

Edenilson Raitz, Marcia Regina Calegari, Júlio Cesar Paisani, Sani D. L. Paisani

Resumo


Em vários estudos de microfósseis as análises polínicas e isotópicas, entre outras técnicas, são utilizadas como meios para investigar o comportamento climático e suas implicações nos paleoambientes. A essas técnicas de investigação, soma-se a análise fitolítica, utilizada para complementar os estudos do Quaternário. Fitólitos são corpos de sílica amorfa (SiO2.nH20) produzidos por plantas que, após a morte de suas produtoras, podem ser incorporados ao solo, onde permanecem por longos períodos de tempo. Para realização de uma interpretação consistente, há necessidade de coleções de referência para comparações entre os fitólitos de plantas vivas com aqueles incorporados aos solos. O objetivo deste trabalho foi elaborar uma coleção de referência de fitólitos de plantas modernas de um fragmento representativo da Floresta Ombrófila Mista (FOM), na região Sudoeste do Paraná. Foi realizada a extração de fitólitos em 42 espécies pertencentes a 28 famílias da FOM. Em apenas duas espécies não foram observados fitólitos, R.gardneriana e A. angustifolia. Os resultados indicaram que as espécies selecionadas tiveram produção elevada de fitólitos e os morfotipos identificados podem permitir interpretações paleoambientais mais precisas. Não foi observada afinidade em termos de produção (quantidade e diversidade) entre os estratos, e nenhum morfotipo novo foi identificado. Ao final deste trabalho conclui-se que é evidente a necessidade de ampliação das coleções de referência da FOM com espécies coletadas em outros locais para investigar a existência de variação na produção de fitólitos intra e entre famílias


Palavras-chave


opala biogênica; coleção de referência; reconstrução paleoambiental

Texto completo:

PDF

Referências


Albert R.M., Bamford M.K., Cabanes D. 2009. Palaeoecological significance of palms at Olduvai Gorge, Tanzania, based on phytolith remains. Quaternary Internacional, Oxford, 193: 41-48.

Alexandre A., Meunier J.-D. 1999. Late Holocene Phytolith and Carbon-Isotope Record from a Latosol at Salitre, South-Central Brazil. Quaternary Research, San Diego, 51:187–194.

Alexandre A., Meunier J.D., Lczine A.-M., Vincens A., Schwartz D. A. 1997. Phytoliths: indicators of grassland dynamics during the late Holocene in intertropical Africa. Palaeogeography, Palaeoclimatology, Palaeoecology, Amsterdan, 136:213-229.

Barboni D., Bremond L., Bonnefille D. 2007. Comparative study of modern phytolith assemblages from inter-tropical Africa. Palaeogeography, Palaeoclimatology, Palaeoecology, Amsterdam, 246:454–470.

Barboni D., Bonnefille R., Alexandre A., Meunier J.D. 1999. Phytoliths as paleoenviroµmental indicators, West Side Middle Awash Valley, Ethiopia. Palaeogeography, Palaeoclimatology, Palaeoecology,152:87–100.

Behling H. 1996. Late Quaternary vegetation, climate and fire history of the Araucaria Forest and campos region from Serra Campos Gerais Paraná Satate (South Brazil). Smithsonian Tropical Research Institute, P.O. Box 2072, Balboa, Panama.

Berone G.D., Lattanzi F.A., Schnyder H. 2008. Carbon gain of C3 and C4 grasses in a dense canopy in the field. Grassland Science in Europe, Vol. 15.

Blinnikov M. S. 2005. Phytolith in plants and soils of the interior Pacific Northwest, USA. Review of Paleobotany and Palynology, 135:71- 98.

Bozarth S. 1992. Classification of Opal Phytoliths Formed in Selected Dicotyledons to the Great Plains. In Rapp Jr. G, & Mulholland, S. C. (eds.), Phytolith Systematics. Plenium Press, New York, p.113-128.

Borba-Roschel M., Alexandre A., Varajao A.F.D.C., Meunier J.D., Varajao C.A.C., Colin F. 2006. Phytoliths as indicators of pedogenesis and paleoenviroµmental changes in Brazilian cerrado. Journal of Geochemical Exploration, Amsterdan, 88(1/3):172-176.

Bremond L., Alexandre A., Hély C., Guiot J. 2005. A phytolith index as a proxy of tree cover density in tropical areas: calibration with Leaf Area Index along a forest-savanna transect in southern Cameroon. Global and Planetary Change, 45(4): 277-293.

Bremond L., Alexandre A., Wooller M. J., Hély C., Williamson D., Schäfer P.A., Majule A., Guiot J. 2008. Phytolith indices as proxies of grass subfamilies on East African tropical mountains. Global and Planetary Change, v. 61, pp. 209–224.

Brustolin L.T. 2013. Coleção de referência de fitólitos de eudicotiledôneas da Floresta Ombrófila Densa: Subsídios para reconstrução paleoambiental. Relatório Final – Programa de Iniciação Científica – PRG-UNIOESTE. Universidade Estadual do Oeste do Paraná – UNIOESTE. 23p.

Calegari M.R. 2008. Ocorrência e Significado Paleoambiental do Horizonte A Húmico em Latossolos. Tese de Doutorado, Escola Superior de Agricultura “Luiz de Queiroz”- ESALQ/USP. 256 p.

Calegari M.R., Madella M., Vidal Torrado P., Pessenda L.C.R., Marques F.A. 2013. Combining phytoliths and d13C matter in Holocene palaeoenvironmental studies of tropical soils: An example of an Oxisol in Brazil. Quaternary International, 287:47-55.

Campos A.C., Labouriau L.G. 1969. Corpos silicosos de gramíneas do Cerrado – II Anais da Academia Brasileira de Ciências. Pesquisa agropecuária brasileira, 5:143-151.

Carnelli A.L., Madella M., Theurillat J.P., Ammann B. 2002. Aluminum in the opal silica reticule of phytoliths: A new tool in palaeoecological studies. Am. J. Bot., 89:346-351.

Cavalcante P.B. 1968. Contribuição ao estudo dos corpos silicosos das gramíneas amazônicas. I. Panicoideae (Melinideae, Andropogoneae e Tripsaceae), Bol. Mus. Paraense Emilio Goeldi, Botânica 30, 11 pg., 26 Est.

Cecchet F.A. 2012. Conjunto de Fitólitos dos Estratos Inferiores da Floresta Ombrófila Densa (Linhares – Espírito Santo): Subsídios para Reconstrução Paleoambiental. Marechal Cândido Rondon, PR, 82 p. Monografia (Graduação em Geografia). Universidade Estadual do Oeste do Paraná – UNIOESTE.

Coe H.H.G. 2009. Fitólitos como indicadores de mudanças na vegetação xeromórfica da região de Buzios/Cabo Frio, RJ, durante o Quaternário. Tese apresentada ao programa de Geologia e Geofíca Marinha, RJ, 290 p.

Coe H.H.G., Alexandre A., Carvalho C.N., Santos G.M., Silva A.S., Sousa L.O.F., Lepsch I.F. 2013. Changes in Holocene tree cover density in Cabo Frio (Rio de Janeiro, Brazil): Evidence from soil phytolith assemblages. Quaternary International, 287, pp.63-72.

Dias-Melo R., Ferreira F.M., Forzza R.C. 2009. Panicoideae (Poaceae) no Parque Estadual de Ibitipoca, Minas Gerais - Brasil. Bol. Bot. Univ. São Paulo [online], 27(2):153-187. ISSN 0302-2439.

Felipe P.L.L. 2012 Coleção de Referência de Fitólitos de Eudicotiledoneae da Floresta Ombrófila Densa: Subsídios para Estudos Paleoambientais em Regiões Tropicais. Marechal Cândido Rondon, PR, 72p. Monografia (Graduação em Geografia). Universidade Estadual do Oeste do Paraná – UNIOESTE.

Figueiredo R.C.L., Handro W. 1971. Corpos silicosos de gramíneas dos Cerrados-V, 215-230p. in Ferri M.G. (ed.), III Simpósio sobre o Cerrado, 239 pg., Editora Univ. de São Paulo, Brasil.

Fredlund G.G., Tieszen L.T. 1994. Modern phytolith assemblages from the North American great plains. Journal of Biogeography, 21(3):321-335

Hodson M.J., White P.J., Mead A., Broadley M.R. 2005. Phylogenetic variation in the silicon composition in plants. Ann. Bot., 96:1027-1046

Honaine M.F., Zucol A.F., Osterrieth M.L. 2006. Phytolith Assemblages and Systematic Associations in Grassland Species of the South-Eastern Pampean Plains, Argentina. Annals of Botany, 98:1155–1165.

IAPAR - Fundação Instituto Agronômico do Paraná. 1994. Cartas climáticas básicas do Estado do Paraná. Curitiba, 49 p.

ITCG - Instituto de Terras, Cartografia e Geociências. 2011. Disponível em: Acessado em: 14 de mar. 2011.

Kaplan L., Smith M.B., Sneddon L.A. 1992. Cereal grain phytolith of southwest Asia and Europe. In: Rapp Jr. G. Mulholland S.C. (eds.). Phytolith Systematics. Plenium Press, New York, pp. 149- 172.

Kealhofer L,; Piperno D. R. 1998. Opal phytoliths in Southeast Asian flora. Smithsonian contributions to botany, n.88, 39p.

Klein R.M. 1970/1971. Fitofisionomia e Notas Complementares Sobre o Mapa Fitogeográfico de Quero-Quero (Paraná). Boletim Paranaense de Geociências- Nos 28/29 .

Kondo R., Iwasa Y. 1981. Biogenic opals of humic yellow latosols and yellow latosols in the Amazon region. Research Bulletin Obihiro University, Obihiro, 12:231–239.

Labouriau L.G., Mosquim P.R., Morhy L. 1973. Deposição de sílica nas folhas de Casearia grandiflora St. Hil., An. Acad. Brasil. Cienc. 45:545-563.

Lespch I.F., Paula L.M.A. 2006. Fitólitos em solos dos cerradões do Triângulo Mineiro: relações com atributos e silício absorvido. Caminhos de Geografia, Uberlândia, 6(19):185-190.

Lorenzi H., Souza H.M. 1999. Plantas Ornamentais no Brasil: arbustivas, herbáceas e trepadeiras, 2, São Paulo, Nova Odessa, 552p.

Lorenzi H. 2000. Plantas Daninhas Do Brasil. Terrestres, Aquáticas, Parasitas e Tóxicas. Nova Odessa, São Paulo: Instituto Plantarum, 3ª edição.

Lorenzi H. 2009. Árvores Brasileiras. Manual de Identificação e Cultivo de Plantas Arbóreas Nativas do Brasil. Nova Odessa, São Paulo: Instituto Plantarum, Vol. 03, 1ª edição.

Madella M., Alexandre A., Ball T. 2005. International Code for Phytolith Nomenclature (ICPN 1.0). Annals of Botany, Oxford, 96(2):253–260.

Madella M., Carnelli A.L., Theurillat J-P., Lancelotti C. Investigando a história da vegetação (linhas de árvores) nos Alpes Centrais: Contribuições da análise de fitólitos. Espaço Plural, Nº 25 (2):86-93P.

Mercander J., Bennett T., Esselmont C., Simpson S., Walde D. 2009. Phytoliths in woody plants from the Miombo woodlands of Mozambique. Oxford Journals Life Sciences, Annals of Botany, 1º ed.,104:91-113

Mulholland S.C. 1989. Phytolith Shape Frequencies in North Dakota Grasses: A Comparison to General Patterns. Journal of Archaeological Science,16:489-511.

Mulholland S.C., Rapp G. Jr. 1992. Phytolith Systematics: Emerging Issues. Advances in Archaeological and Museum Science, v. 1, 350p.

Nardy A.J.R., Oliveira M.A.F., Betancurt R.H.S., Verdugo D.R.H., Machado F.B. 2002. Geologia e estratigrafia da formação Serra Geral. São Paulo, UNESP, Geociências, 21(1/2):15-32.

Osterrieth M., Martinez G., Gutierrez M., Alvarez F. 2008. Biomorfos de sílice em secuencias pedoarqueológicas del sitio Paso Otero 5. British Archaeological Research, Buenos Aires, pp. 77–90.

Osterrieth M., Madella M., Zurro D., Alvarez M.F. 2009. Taphonomical aspects of silica phytoliths in the loess sediments of the Argentinean Pampas. Quaternary International, 193:70–79.

Pelegrin C.M.G., Longhi-Wagner H.M., Oliveira P.L. 2009. Anatomia foliar como subsídio à taxonomia de espécies do Complexo Briza L (Poaceae: Pooideae:Poeae). Acta Botânica Brasileira 23 (3):666-680.

Parr J.F., Watson L. 2007. Morphological characteristics observed in the leaf phytolith of select gymnosperms of Eastern Australia. In Madella M., Zurro D. (eds). Plants, people and places: Recent Studies in phytolithic analysis, Oxbow Books, Oxford. 272p.

Pearsall D.M., Chandler-Ezell K., Chandler-Ezell A. 2003. Identifying maize in neotropical sediments and soils using cob phytoliths. Journal of Archaeological Science 30 (5), 611–627

Piperno D.R. 2006. Phytoliths: A Comprehensive Guide for Archaeologists and Paleoecologists. Lanham MD, Alta Mira Press. p. 238.

Piperno D.R., Pearsall D.M. 1998. The Silica Bodies of Tropical American Grasses: Morphology, Taxonomy and Implications for Grass Systematics and Fossil Phytolith Identification. Smithsonian Contributions to Botany, vol. 85.

Pearsall D.M., Trimble M.K. 1984. Identifying past agricultural activity through soil phytolith analysis: a case study from the Hawaiian Islands. Jornal Archaeologic Scienci. 11, 119-133.

Prychid C.J., Rudall P.J., Gregorys M. 2004. Systematics and Biology of Silica Bodies in Monocotyledons. The New York Botanical Garden. The Botanical Review, 69(4): 377–440.

Raitz E. 2012. Coleção de referência de fitólitos da flora do Sudoeste do Paraná: Subsidio para estudos paleoambientais. Dissertação apresentada para a obtenção do titulo de Mestre em Geografia. Unioeste–FB, PR, 204p.

Rasbold G.G., Monteiro M.R., Parolin M., Caxambu M.G., Pessenda L.C.R. 2011. Caracterização dos tipos morfológicos de fitólitos presentes em Butia paraguayensis(Barb. Rodr.) L. H. Bailey (Arecaceae). In: Iheringia. Série Botânica v. 66, p. 265-270.

Rovner I. 1971. Potential of opal phytolith for use in paleoecological reconstruction. Quaternary Research, 1:343-359.

Runge F. 1999. The opal phytolith inventory of soil in central Africa – quantities, shapes, classification and spectra. Review of Palaeobotany and Palynology, Amsterdam, 107:23–53.

Sendulsky I.S., Labouriau L.G. 1966. Corpos silicosos de gramíneas dos Cerrados-I, pg. 159-170, 60 Est., In: Labouriau L.G. (edit.) II Simpósio sobre o Cerrado (An. Acad. Brasil. Cienc. 38, Supl., 346 pg.).

Sendulsky T., Labouriau L.G. 1966. Corpos silicosos de gramíneas do Cerrado – I. Anais da Academia Brasileira de Ciências. Instituto de Botânica, São Paulo – SP, 5:27

Silva S.T., Laboriau L.G. 1970. Corpos silicosos em gramíneas do cerrado III. Pesq. Agropec. Bras., v.5, p. 167-182.

Sommer M., Kaczorek D., Kuzyakov Y., Breuer J. 2006. Silicon pools and fluxes in soils and landscapes – a review. J. Plant. Nutr. Soil Science, 169, 310-239.

Söndahl M.R.I., Laboriau L.G. 1970. Corpos silicosos de gramíneas dos cerrados IV. Pesq. Agropec. Bras., 5:183-207.

Strömberg C.A.E. 2007. Can slide preparation methods cause size biases in phytolith assemblages?: Results from a preliminary study. Pp. 1-12. In Madella M., Zurro D., Jones M.K. (eds). Places, People and Plants: Using Phytoliths in Archaeology and Palaeoecology. Oxbow Books.

Strömberg C.A.E. 2004. Using phytolith assemblages to reconstruct the origin and spread of grass-dominated habitats in the great plains of North America during the late Eocene to early Miocene. Palaeogeography, Palaeoclimatology, Palaeoecology, Amsterdam, 207: 239–275.

Teixeira da Silva S.; Labouriau L.G. 1970. Corpos silicosos de gramíneas dos Cerrados. III, Pesq. agropec. Brasil. 5:167-182.

Twiss C., Suess E., Smith R.M. 1969. Morphological classification of grass phytoliths. Soil Science Society of America Proceedings, Madison, 33:109–115.

Twiss P.C. 1987. Grass opal phytoliths as climatic indicators of the Great Plains Pleistocene. In: Johnson W.C. (Ed.), Quaternary Environments of Kansas. Kansas Geological Survey Guidebook, 5:179-188.

Twiss P.C. 1992. Predicted world distribution of C3 and C4 grass phytoliths. In: Rapp Jr. G.; Mulholland S.C., eds. Phytolith systematics. Emerging issues. Adv. Archaeol. Museum Sci., 1:113-128.

Veldman J.W., Mostacedo B., Peña-Claros M., Putz F.E. 2009. Selective logging and fire as drivers of alien grass invasion in a Bolivian tropical dry Forest. Forest Ecology and Management 258: 1643–1649.

Wallis L. 2003. An overview of leaf phytolith production patterns in selected Northwest Australian flora. Review of Paleobotany and Palynology, 125:201-248.

Welker C.A.D., Longhi-Wagner H.M. 2007. A família Poaceae no Morro Santana, Rio Grande do Sul, Brasil. Revista Brasileira de Biociências, Porto Alegre, 5(4):53-92.

Wilton O.B., Miaxaki É.S., Andrade D.F. 1990. Introdução à análise de agrupamentos. 9º Simpósio Brasileiro de Probabilidade e Estatística. IME – USP, 93p.

Zucol A.F., Brea M., Passeggi E. 2004. Estudios paleoagrostológicos comparativos em sedimentos cenozoicos argentinos. In.: F. G. Aceñolaza (Coordinador). Temas de la Biodiversidad del Litoral fluvial argentino. INSUGEO, Miscelánea, 12: 103 – 11




DOI: http://dx.doi.org/10.5380/abequa.v6i2.36421